O que significa 'Garrigue' no mundo do vinho?

Certa vez, o poeta Mário Quintana escreveu: “por mais raro que seja, ou mais antigo, só um vinho é deveras excelente: aquele que tu bebes, docemente, com teu mais velho e silencioso amigo”

O que seria dos bons vinhos sem um garrigue?
Saber apreciar um bom vinho, se necessita antes de tudo, ter tranquilidade, atenção e concentração, para saber desfrutar de todo sabor que ele possa lhe possibilitar.
O termo sugere tons distintamente herbáceos, apimentados ou esfumaçados que lembram a vegetação baixa que cresce selvagem em solos calcários queimados pelo sol ao longo do Mediterrâneo, particularmente no sul da França, ou na Chapada Diamantina com sua grande diversidade de vegetação de plantas herbáceas e arbustivas, como bromélias e orquídeas, ou do seu clima semiárido com baixa pressão pluvial?

Quer seja uma mistura Grenache de Châteauneuf - du-Pape, um Bandol Mourvédre ou um rosé de Pic Saint-Loup, os vinhos clássicos do Sul do Ródano , Provença ou Languedoc são frequentemente descritos como tendo notas de garrigue.


Aromas e fragrâncias na natureza
Gravura medieval de 1490 retratando a recuperação de almíscar em uma chumbo de almíscar.

No mundo animal
No mundo animal, o sistema olfativo desempenha um papel importante em muitos animais, interagindo fortemente com a comunicação hormonal; O reconhecimento entre espécies e indivíduos ("macho - fêmea", "mãe - prole"), mecanismos de reprodução e certas interações sociais ( relações hierárquicas e de dominação ) freqüentemente dependem disso.

No mundo das plantas
No mundo das plantas, as moléculas odoríferas (atraentes ou repelentes , fitohormônios ) também desempenham um papel importante.

Em particular, fortes interações ecológicas com polinizadores ( abelhas , borboletas , hoverflies , etc.) são parcialmente dependentes de fragrâncias florais; o aroma floral, o amargor e a doçura do néctar - através de uma dosagem balanceada de substâncias atrativas e repelentes - garantem uma ótima reprodução das plantas . A fragrância de uma flor , especialmente para aquelas que são polinizadas à noite ( madressilva, por exemplo) tem um duplo papel: atrair e guiar os polinizadores que são recompensados ​​com néctar epólen . A planta também emite componentes que tornam o néctar amargo o suficiente para que o inseto não tome muito dele ou afaste os consumidores de néctar que não seriam capazes de fertilizar a espécie.

A planta também emite substâncias protetoras para sua flor e para os órgãos dessa flor, compostos tóxicos inseticidas e fungicidas, como a nicotina do tabaco. Ficou assim demonstrado que as plantas de tabaco silvestre ( Nicotiana attenuata (en) ) geneticamente modificadas para não produzir nicotina ou benzalacetona (en) (fragrância que contribui para o odor de cacau , de jasmim e de morango ) são muito menos bem fertilizadas e produzem até 5 vezes menos sementes.

"Garrigue se refere à vegetação rasteira nas colinas de calcário da costa mediterrânea, não ao calcário em si. Há um monte de plantas  cheirosas que crescem selvagens ali, como o zimbro, o tomilho, o alecrim e a alfazema, e garrigue se refere à soma delas. Pense em ervas da Provença ou em uma mistura de notas de hortelã e ervas frescas com fragrâncias florais mais pungentes."

Em vez de uma única planta ou perfume, garrigue se refere a uma variedade de ervas aromáticas e resinosas como alecrim, sálvia, folhas de louro e tomilho. Também inclui arbustos como zimbro e artemísia, bem como lavanda e hortelã.

Em todo o sul da França e especialmente em seus vinhedos, o perfume inebriante do garrigue permeia o ar. É um perfume familiar para qualquer pessoa que abriu um pote fresco de ervas da Provença.

Garrigue é um exemplo clássico de terroir , a noção de que os aromas e sabores no vinho são influenciados pelo ambiente em que o vinho é produzido. Mais do que apenas uma ideia romântica, é cada vez mais considerada uma questão de química orgânica. Os aromas que identificamos para garrigue podem ser atribuídos a compostos aromáticos encontrados em plantas e vinho chamados terpenos. O alfa-pineno, o terpeno mais associado ao garrigue, está ligado a plantas coníferas como os pinheiros, mas também a zimbro, alecrim, salva, lavanda e outras plantas comuns aos climas mediterrâneos.
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Alfa-pinenos são compostos aromáticos altamente voláteis que podem ser transportados pelo ar, transferindo-se da vegetação para a superfície cerosa das uvas que crescem nas proximidades. A fermentação e maceração das uvas durante a vinificação do vinho tinto e algumas vezes rosé permite que o álcool extraia compostos aromáticos da casca da uva e para o vinho.

Os compostos aromáticos também podem ser transferidos diretamente para o vinho a partir de pedaços de vegetação que são colhidos ao lado das uvas e acidentalmente incorporados à vinificação.

Embora o termo garrigue seja usado mais especificamente para vinhos originários de solos calcários do sul da França, é um erro, então, identificar notas de garrigue em um Nero d'Avola da Sicília ou um Carmenère do Chile? Absolutamente não! Esses aromas picantes e apimentados de ervas selvagens e vegetação rasteira podem ser encontrados em vinhos de todo o mundo.

Em outras partes do Mediterrâneo, a vegetação semelhante é conhecida como garig na Croácia, maquis na Córsega ou macchia na Itália. Em regiões do Novo Mundo com climas mediterrâneos igualmente áridos, notas semelhantes a garrigue são associadas a vinhos da Califórnia (onde é conhecido como chapparal), Chile (matorral), África do Sul (fynbos) ou Austrália (mallee).

Garrigue da Chapada Diamantina

A Chapada Diamantina tem esse nome não por acaso. Até por volta dos anos 1960, a economia das cidades da região era voltada para o garimpo do diamante, abundante no local.
O comércio desse produto declinou, a exploração do diamante foi proibida e ficaram para trás as ruínas e as histórias dessa época que durou mais de 100 anos.
Na cidade de Mucugê, uma das principais da Chapada Diamantina, existe uma atração chamada Museu Vivo do Garimpo, onde você encontra diversas informações sobre esse período de exploração mineral, com painéis informativos e exposição de antigas peças e ferramentas utilizadas para realizar a extração e a lapidação do diamante.


O Ciclo do Diamante na Bahia teve início em 1844, quando José Pereira do Prado, o Cazuza do Prado, ao dar rumo à exploração, nas margens do Riacho Mucugê, fez sua primeira descoberta de diamante na região. Isto provocou um fluxo migratório sem precedentes, oriundo de antigos centros de mineração diamantífera de Minas Gerais e de muitas atividades auríferas na Bahia, tendo como conseqüência o despovoamento de importantes centros urbanos como Diamantina e Serro, em Minas Gerais e Rio de Contas; provocando assim, a expansão demográfica da região.
A primeira exposição de longa duração do MVG contará a história deste ciclo na Bahia, através de painéis ilustrativos, de vitrines com objetos utilizados pelo garimpeiro, de uma demonstração de garimpo ao vivo e uma réplica de um rancho de garimpeiro. Ainda, terá, em outro ambiente, uma Casa do Diamante, onde serão expostos objetos relacionados às propriedades do diamante, como máquinas de lapidação, balanças manuais, objetos de medição do diamante, etc.
A implantação do MVG visa resgatar parte da história do garimpo na Bahia.
Deste modo, reconhece o papel desempenhado pela força de trabalho do garimpeiro, que na labuta do dia a dia, para a busca do dinheiro visando o sustento da família ou na ilusão de ficar rico, desempenhou um papel de grande importância social e econômica. Com isto, foi responsável pela exploração e desenvolvimento de riquezas para a região, além da expansão demográfica com a fixação e o desenvolvimento de diversos núcleos urbanos.
Diante disto, a proposta deste museu no lugar onde teve início a exploração do diamante na Chapada, reveste-se de uma precisão histórica no local onde teve início as explorações e daí se expandiu na região, tornando-se conhecida como Lavras Diamantinas. Trabalhar para e com a sociedade está sendo de suma importância para a manutenção desta instituição.
Parte do acervo foi doado pelos antigos garimpeiros ou seus familiares, parte foi adquirida com recursos do Parque Municipal de Mucugê.
O Museu Geológico da Bahia doou algumas peças e a Prefeitura Municipal também contribuiu doando um conjunto de máquinas de torneamento, corte e facetamento de diamantes. Outra parte do acervo foi adquirida com recursos do Governo do Estado da Bahia, via convênio com a Prefeitura de Mucugê.

Contato:
telefones: (75) 3338-2156 / 3338-2143
fax: (75) 3338-2156

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