Na série Serra Pelada (1986), Sebastião Salgado direciona seu olhar para os trabalhadores, colocando-os como protagonistas absolutos da narrativa visual. Suas fotografias capturam a dimensão humana de um cenário extremo, onde milhares de homens se dedicam à busca do ouro, subindo e descendo barrancos íngremes, carregando sacos pesados, em meio à lama e ao suor.
Ao retratar esses corpos em movimento, marcados pela exaustão e pela persistência, Salgado revela a força coletiva e a resistência desses trabalhadores. Sua lente não romantiza a cena, mas também não a reduz à exploração pura e simples; ela evidencia tanto a precariedade das condições quanto a dignidade do esforço humano.
O enquadramento, muitas vezes com planos abertos, mostra a massa de trabalhadores como uma espécie de formigueiro humano, sugerindo tanto a insignificância do indivíduo diante do sistema quanto a potência do coletivo. Ao mesmo tempo, closes e recortes de rostos e mãos destacam histórias individuais, emoções e subjetividades que, de outra forma, seriam apagadas.
Salgado dá visibilidade a uma classe trabalhadora frequentemente invisível, utilizando sua fotografia como denúncia, mas também como reconhecimento da potência, da resistência e da humanidade desses sujeitos. A série Serra Pelada é, portanto, um testemunho visual que honra a força do trabalho humano diante de um mundo que, muitas vezes, desumaniza quem vive do próprio esforço.
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