ALCAHUETE: UTENSÍLIO ANCESTRAL QUE PRESERVA VIVO O RITUAL DO CACAU MEXICANO

A maioria dos utensílios usados ​​na culinária mexicana hoje foi criada em tempos pré-hispânicos.

Esses utensílios pré-hispânicos ainda são usados ​​hoje, pois são importantes no preparo de certos alimentos.Com a chegada dos espanhóis à Mesoamérica, apenas alguns dos materiais utilizados em sua produção foram alterados.

Os alcahuetes são utensílios tradicionais — uma espécie de pazinha de madeira, utilizados em Oaxaca para recolher a espuma, misturá-la com o líquido e remover o sedimento que se deposita no fundo dos recipientes de bebidas tradicionais à base de cacau e milho.

Seu uso fazia parte do ato de compartilhar o cacau em oferendas, celebrações ou espaços comunitários, onde cada gesto carregava um significado. Também conhecidos em zapoteco como yag gai (“palo de gallo”, ou “pau de galo”), são produzidos por artesãos de comunidades como Santa Cecilia Jalieza e se caracterizam por suas esculturas decorativas que representam animais ou outros símbolos.

Cada peça carrega a assinatura de quem a produz, com desenhos que podem remeter a folhas, animais, flores ou símbolos ancestrais. Mais do que simples utensílios, eles materializam o encontro entre a funcionalidade e a beleza, refletindo o cuidado com a prática alimentar e a relação íntima com a natureza. 

Manipular um alcahuete é, portanto, um gesto que atravessa gerações, conectando quem prepara e quem consome às memórias vivas dos territórios, dos saberes e dos sabores."

MOLINILLO-Um dos muitos prazeres é saborear um delicioso chocolate quente, uma das bebidas mais significativas para os povos indígenas, pois eles o utilizavam em diversos rituais. O molinillo (palavra derivada do verbo "agitar") é o utensílio que torna esta bebida tão deliciosa. É um bastão cilíndrico de madeira com aproximadamente 35 centímetros de comprimento, com fundo largo e uma esfera e anéis sobre ele.

É um utensílio como tantos outros que está em risco de cair no esquecimento. Em mercados e oficinas, muitos artesãos hoje o chamam de “separador” para conseguir vendê-lo, porque quem não conhece seu uso nem seu nome original não entende para que serve. Essa mudança de nome é um sinal do desenraizamento cultural: quando se perde o contexto de uso, desaparece também o vínculo com os saberes que o sustentam.

Preservar o uso e o conhecimento do alcahuete não é uma questão de nostalgia, e sim de resistência cultural. Em um mundo onde o cacau se globalizou, se padronizou e virou mercadoria, recuperar as formas locais de consumi-lo — com seus ritmos, ferramentas e saberes — é um ato importante de memória e identidade.

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