AÇAÍ VIROU COMMODITIES, ENTENDA!


Com o fim da entressafra se aproximando, cresce a expectativa de que os preços do açaí voltem a cair. No entanto, o DIEESE alerta para a influência da especulação comercial na composição dos preços, além de fatores sazonais.

Porque nossos alimentos estão virando Commodities e mercadorias?

Essa é uma pergunta central para entender os impactos do sistema econômico atual sobre a alimentação. Nossos alimentos estão se tornando commodities e mercadorias por uma série de razões interligadas, principalmente associadas ao avanço do modelo neoliberal, à industrialização da agricultura e à globalização dos mercados. Aqui estão os principais fatores:

1. Lógica do lucro sobre a nutrição e a cultura

O sistema alimentar global está cada vez mais voltado para o lucro. Empresas transnacionais priorizam cultivos e alimentos que podem ser produzidos em grande escala, estocados por longos períodos e vendidos em mercados internacionais — como soja, milho, trigo, carne bovina — em detrimento da diversidade alimentar local.

2. Padronização e escalabilidade

Alimentos precisam ser padronizados para entrar nas cadeias globais. Isso exclui os modos de produção tradicionais e a biodiversidade agrícola, porque eles não se encaixam facilmente em modelos industriais. Por exemplo, a jaca, quando vira “carne vegetal”, só entra no mercado se puder ser empacotada, vendida e escalada — perde-se o contexto cultural e o uso comunitário original.

3. Financeirização da comida

Hoje, alimentos são negociados nas bolsas de valores como ativos financeiros. Isso os transforma em commodities especulativas, sujeitas a flutuações de preços que não têm relação direta com o custo de produção ou a fome no mundo. A comida vira “ativo de investimento”.

4. Perda da soberania alimentar

Com o avanço das monoculturas e a dependência de sementes modificadas e insumos químicos, comunidades e países perdem o controle sobre o que produzem e consomem. A soberania dá lugar à dependência de cadeias de suprimento controladas por poucas corporações.

5. Cultura de consumo e elitização

A alimentação deixa de ser prática cultural coletiva para se tornar objeto de desejo, status e consumo individualizado. A comida tradicional é retirada dos seus territórios e transformada em “produto gourmet”, vendido em outros contextos a preços altos — esvaziada de seu valor simbólico e comunitário.

6. Precarização dos saberes alimentares

Ao virar mercadoria, o alimento deixa de carregar os saberes locais de preparo, plantio, colheita, cura, festa e ritual. A relação com a terra, o tempo e os ancestrais vai sendo apagada. O conhecimento vira “serviço”, vendido como consultoria, curso ou produto.


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📸Créditos: David Alves / Ag Pará

✍🏼Autor: Clayton Matos


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