PAMONHA DE CARIMÃ DA BAHIA
O nome “pamonha” tem origem na palavra tupi pa'muñã, que significa “pegajoso” ou “grudento”, fazendo referência à sua textura. É um quitute tradicional brasileiro, presente em diversas regiões, geralmente feito com milho verde e servido tanto na versão doce quanto salgada.
E é exatamente essa história que o vídeo do perfil @acontece.em.sfc nos apresenta: a história de Jussara, uma mulher que, com coragem e determinação, transforma seu trabalho em alimento, cuidado e inspiração.
Empurrando seu carrinho pelas ruas, Jussara leva mais do que pamonhas e maniçoba aos clientes. Ela entrega memórias, ancestralidade e um exemplo poderoso de que é possível se reinventar todos os dias. Seja na cozinha, seja cuidando da beleza de outras mulheres como esteticista, ela mostra que seus talentos são muitos — e que a força da mulher baiana é imensa.
Cada pamonha que sai de suas mãos carrega mais que sabor: carrega a luta, os sonhos e a dignidade de quem faz acontecer.
Além do seu valor culinário, a Pamonha de Carimã carrega um profundo significado simbólico e espiritual dentro das tradições afro-brasileiras. No Candomblé, ela é chamada de Abalá de Carimã, alimento votivo ofertado ao orixá Nanã, divindade associada à ancestralidade, ao barro primordial e aos ciclos da vida e da morte.
✨ Curiosidades e Tradições
O preparo do carimã envolve uma técnica ancestral de fermentação: a mandioca, previamente descascada, é submersa em água por cerca de quatro dias, até adquirir uma textura macia e um sabor levemente ácido. Esse processo também elimina os compostos tóxicos da mandioca brava.
A utilização da folha de bananeira não é apenas estética. Ela perfuma a pamonha durante o cozimento, conferindo um aroma herbal característico e ainda atua como embalagem natural, biodegradável e resistente ao calor.
No contexto dos terreiros, o Abalá de Carimã não é apenas alimento, mas uma oferenda carregada de axé (energia vital), reafirmando os laços entre os homens, os orixás e os ciclos da natureza.
Este prato é também uma expressão da resistência e da preservação dos saberes afro-indígenas presentes na culinária baiana.
🌿 Receita Tradicional da Pamonha de Carimã
Ingredientes
Folhas de bananeira (para envolver)
1 kg de carimã (massa de mandioca fermentada)
2/3 de xícara (chá) de coco ralado (preferencialmente fresco)
500 ml de leite de coco (feito na hora, de preferência)
1 xícara (chá) de água
1 e ½ xícara (chá) de açúcar
2 colheres (chá) de sal
Modo de Preparo
1. Preparar as folhas: Passe as folhas de bananeira rapidamente na chama do fogão para que fiquem maleáveis e não rasguem ao serem dobradas.
2. Lavar o carimã: Coloque a massa de carimã dentro de um pano limpo. Lave em água corrente para retirar o excesso de acidez. Esprema bem até que fique seca.
3. Fazer a massa: Em uma bacia, misture o carimã, o coco ralado, o leite de coco, a água, o açúcar e o sal. Mexa até obter uma massa homogênea, com textura de creme espesso.
4. Montar as pamonhas: Pegue um pedaço de folha e modele um cilindro ou uma espécie de envelope. Coloque uma porção da massa dentro e feche bem, dobrando as extremidades e amarrando com tiras da própria folha ou com barbante.
5. Cozinhar: Leve os pacotinhos para cozinhar em uma panela com água fervente. Deixe submersos por aproximadamente 25 minutos, até que estejam firmes.
6. Finalizar: Retire as pamonhas da água com uma escumadeira e deixe escorrer. Sirva morna ou em temperatura ambiente.
Jussara é força, tradição e resistência. Sua história nos lembra que quem carrega amor no que faz, transforma vidas e constrói futuros. Que ela siga sendo inspiração por onde passar.
Relatos da culinária tradicional da Bahia


Comentários
Postar um comentário