Cozido, feijoada e comida baiana: entenda essa tradição gastronômica de Salvador
A Bahia possui inúmeras tradições e na área gastronômica isso não é diferente. Por aqui, temos dias específicos para comer determinados pratos típicos. É só observar: desfrutar de um belo prato de comida baiana às sextas-feiras é uma honra para qualquer soteropolitano. E não tem uma pessoa que não fique maravilhado com a prática.
A capital baiana tem uma herança histórica inegável e, quando se fala em gastronomia, isso não é diferente. Dentro deste contexto, algumas tradições cotidianas foram criadas por influência dos povos que viveram aqui e continuam até hoje, sendo executadas pelos soteropolitanos. De acordo com o historiador Ricardo Carvalho, o vínculo com nossa ancestralidade tem ligação direta com as tradições da matriz africana e portuguesa.
"Os alimentos a base do óleo de palma às sextas-feiras (que aqui chamamos de azeite de dendê) são fruto das tradições ligadas a nossa matriz africana, bem como a feijoada aos domingos vinculasse com único dia de folga dos africanos escravizados nos engenhos coloniais. Adaptar uma comida com os grãos de feijão e o que ficava disponível de proteína animal vindo da casa grande transformava-se na refeição alternativa e nutritiva para os nossos antepassados africanos.", disse o historiador
"Os hábitos alimentares são resultado da vida de uma comunidade, das misturas e influências externas e das escolhas que o paladar decide por si só. As comidas de dendê na sexta-feira - da matriz africana, o cozido português - hábito ibérico aos sábados - e a feijoada aos domingos - como única opção de lazer dos negros escravizados. Assim, a tradição surge como consequência dos processos naturais sociais e com alguma influência dos interesses econômicos também", detalhou Ricardo.
Ainda de acordo com os relatos históricos e religiosos, a sexta-feira é dia de reverência ao orixá Oxalá e os sábados são, até hoje, um dia de comemoração familiar em Portugal. O domingo já possui um histórico diferente. Como disse Ricardo Carvalho, é parte do cotidiano vivenciado aqui pelos escravos.
"O que não era consumido na casa branca era incluído na feijoada. Em relação a adaptação dos ingredientes ao longo dos anos, o historiador falou ainda que tudo foi resultado da oferta e do que realmente era possível na época.
"Essa adaptação é fruto do processo natural de evolução na produção e disponibilidade dos alimentos e pode ser facilmente comprovado pelos registros de época que mostram a diferença entre os pratos originais e aqueles que foram criados ao longo da história do Brasil. O cozido português ganha novos ingredientes e sabores assim como a feijoada recebe complexidade e novos aparatos culinários ao longo do tempo", relatou.
Portal IBahia.
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