Croque-monsieur, sanduíche de gente!

Por Isabel Oliveira 

Histórias&Sabores Jornal A TARDE.






O filme contou a história de um complicado romance vivido pelo trio Meryl Streep, Alec Baldwin e o engraçadíssimo Steve Martin.

Em uma das cenas, a chefe de cozinha Jane Adler convida o arquiteto, vivido por Martin, para um encontro regado ao delicioso petisco. No filme, Jane disse a Adam que foi a primeira coisa que havia aprendido quando chegou a Paris “porque os ingredientes são muito baratos”, explicou a chefe.

Sem nem mesmo ter assistido ao filme americano o chefe francês Bertrand Feunteun, do restaurante Taboada Bistrot, há 13 na Bahia, confirma a popularidade da iguaria francesa e conta que em Paris há muitos estudantes que não têm tempo nem muito recurso e apostam no sanduíche rápido e barato. “É um prato que não é muito caro. Você vai num bistrôt, pede um croque-monsieur e sai em cinco minutos” conta, num sotaque bem peculiar.

 

Quem não conhecia a iguaria e teve curiosidade em pesquisar ao ver o filme pode perceber que o prato francês é bem parecido com o nosso misto quente, o “sanduíche de gente”, como diz a música Caso Sério, de Rita Lee. Quem sabe esse trecho da canção tenha sido inspirado nas narrativas lendárias do croque-monsieur?

Para compreender melhor a citação, aqui vai uma rápida história, verificada aqui e acolá, que cita algumas versões sobre a origem desse delicioso pão com queijo francês ao molho bechamel, ingrediente que o torna diferente do sanduíche brasileiro.

A gastrônoma Karen Goldman cita versões interessantes para o nascimento desse petisco. A mais antiga conta a possibilidade de a história ter origem na Austrália, quando os aborígenes nômades, ao consumirem a caça, pressionavam a carne entre duas fatias de massa de trigo tostadas.

Outra versão, mais aceita segundo a especialista, está na enciclopédia Larousse Gastronomique. De acordo com Goldman, o croque-monsieur apareceu pela primeira vez na França em 1910, num bar inglês chamado Le Trou Dans le Mur, localizado no Boulevard des Capucines, em Paris. No início, os ingredientes usados eram apenas presunto, queijo Gruyère e pão frito na manteiga.

A terceira versão, ainda segundo a gastrônoma, é bem engraçada e refere-se à história contada pelo historiador René Girard no livro Histoire des mots de la cuisine française. Segundo o pesquisador, no começo do século XX o dono do bistrô Le Bel Age havia colocado em seu cardápio um novo sanduíche feito no pão de forma. Por curiosidade, um cliente perguntou qual era a carne usada dentro do sanduíche. O proprietário respondeu em tom de brincadeira: “de la viande de monsieur”! Ainda segundo Goldman, a tradução livre quer dizer: “é carne de um senhor, carne de gente”.

Seja lá como for, o “sanduíche de gente”, o nosso misto quente, ou o croque-monsieur da França, é um clássico prático, simples, muito popular entre os franceses e no mundo inteiro. Ainda que entre o nosso e o deles haja algumas diferenças.

Bertrand explica que o nosso misto brasileiro, feito geralmente de pão de forma, é só um “pouquinho” parecido com a iguaria francesa. Ele começa explicando que o tipo de pão usado para o sanduíche popular da França é feito no próprio local onde o croque-monsieur é vendido. Segundo Bertrand, quando o sanduíche é feito no bistrôt “o pão é mais elaborado, pois o pão de forma comum não aguenta o cozimento”, revela.

Feunteun continua esclarecendo que o recheio francês para o croque-monsieur é mais cremoso e mais gratinado. “Você tem mais crocância, é mais macio com o recheio do creme, do queijo e do presunto. O pão fica crocante, bem temperado com mostarda francesa”, diz, mostrando a diferença do nosso sanduíche.

Mas vamos lá com a receita do croque-monsieur pelo chefe francês, que nos ensinou a iguaria de um jeito um pouco mais elaborado, “mais gourmet” como ele diz, e muito fácil de executar. Veja o passo a passo e confira como é simples de fazer. Além disso, os ingredientes são fáceis de encontrar. Bon appétit!


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