Livro mineiro ganha prêmio internacional considerado o Oscar da gastronomia
'Fazenda de Minas, Raízes de Portugal', de Clesio Barbosa e Patrícia Soutto Mayor Assumpção, venceu uma das categorias do Gourmand Awards.
“Minhas pernas bambearam de novo, porque é um reconhecimento muito grande. Amo Minas Gerais”, comemora Patrícia. “Neste ano não foi possível ir e lamentamos isso”, conta Clesio, referindo-se à cerimônia da 27ª edição do Gourmand Awards, realizada neste ano na Suécia. “Mas tivemos a grata surpresa de ganhar, foi uma grande emoção”, vibra o autor.
De acordo com Clesio, “Fazenda de Minas, Raízes de Portugal” é o sexto livro com temática de fazenda que ele e Patrícia desenvolveram juntos. Neste ano, a obra venceu na categoria “Portugueses”, porém, em 2015, a dupla ficou em primeiro lugar na categoria “Cheese-Milk" com o livro “Minas Gerais: Fazendas e Sabores do Leite”.
“Nosso objetivo principal é levar um pouco de Minas Gerais para fora, e esse prêmio é o reconhecimento do nosso objetivo de levar essa riqueza da cultura mineira além das montanhas do Estado”, afirma o autor.
“O livro é uma forma de deixar registrado uma cultura tão forte como a nossa”, complementa. Patrícia concorda com o parceiro de trabalho e acrescenta: “Amo Minas Gerais, é um Estado diferenciado e lindo de se ver. Nossa ideia é que mais pessoas conheçam, cada vez mais, a nossa Minas Gerais”.
“Fazenda de Minas, Raízes de Portugal” foi lançado em dezembro de 2021. Clesio Barbosa conta que foram dois anos e sete meses trabalhando na obra. “Isso porque tivemos uma pandemia, e isso foi um grande desafio. Afinal, viajar para as fazendas era algo muito arriscado. Nos outros livros foram cerca de um ano e meio, dois anos de trabalho”, pontua o autor.
Clesio se define uma pessoa muito curiosa e que sempre busca “a origem das coisas”. Quando surgiu a ideia de retratar a influência portuguesa em Minas Gerais, a ideia foi visitar esses lugares.
Ao todo, foram 12 fazendas no Estado que são retratadas em “Fazenda de Minas, Raízes de Portugal”. “Os proprietários dessas fazendas são descendentes de portugueses.
O intuito era mostrar como surgiu a influência do país europeu aqui, e o livro conta isso, desde a chegada desses imigrantes, o surgimento dessas fazendas”, explica.
Ele ressalta um critério importante na seleção dessas fazendas. “A gente procurou lugares que produzam coisas que também são feitas em Portugal. Tem uma fazenda em Minas que tem uma vinícola; Portugal tem uma tradição muito grande de vinhos.
Tem também azeites, batata, milho…”, exemplifica Clesio. “Das 12 fazendas, o único produto que Portugal não produz é o café, mas eu encerro o livro com esse ingrediente porque não dá pra ficar de fora. A gente encerra o livro como se encerra uma refeição, com um bom cafezinho mineiro”, ressalta o autor.
Foi Simeão Ribeiro o único historiador de Montes Claros que esteve visitando a Torre do Tombo, em Lisboa (Portugal), para trazer preciosas informações sobre as nossas origens.
Exemplo incontestável de sua viagem à Europa figura na localização da Fazenda Brejo Grande, a primeira das fazendas de propriedade do bandeirante Antônio Gonçalves Figueira, onde existiu o primeiro engenho de cana-de-açúcar que produzia o mascavo e a aguardente de cana (cachaça da boa). Simeão Ribeiro lançou, com grande sucesso, o seu livro Raízes de Minas, que foi premiado no primeiro concurso anual “Diogo de Vasconcelos”, sobre as obras que discorressem a história de Minas Gerais no ano de 1977.
Sobre Raízes de Minas disseram os representantes da comissão do concurso em seu relatório: “o que, desde logo, ressalta é a novidade do assunto, nunca antes assim extensamente tratado: o latifúndio de Guedes de Brito, Nunes Viana, a Guerra dos Emboabas e a penetração baiana. Depois, cumpre louvar a intensa consulta às fontes primárias, compulsadas até em arquivos portugueses e ultramarinos, além do proveito que soube tirar”.
Raízes de Minas, que mereceu vários comentários de pessoas ilustres, figura entre os de melhor que existem na historia bibliográfica de Montes Claros.
O eminente historiador baiano doutor Pedro Calmon manifestou-se da seguinte maneira: “Raízes de Minas, que hoje li, de um trago, tão importantes são as suas novidades, louvavelmente pesquisadas e cheias de interesse para os que estudam as origens, na história e na geografia, de sua grande província, um pouco também minha”. Nessa mesma linha de raciocínio, numa extensa carta-prefácio endereçada ao autor de Raízes de Minas, o mestre João Camilo de Oliveira Torres concluiu as suas palavras dizendo que é “um trabalho no qual se aprende em todas as páginas”. Mas, recentemente, o nosso confrade do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, doutor Wanderlino Arruda, numa belíssima colocação sobre a obra de Simeão Ribeiro expende da seguinte maneira: “a cada letra lida ou vivida, a cada palmo de terra que Simeão trilhou tudo foi pesquisa com o destino só: mostrar que por aqui está o verdadeiro coração da história brasileira, Minas como centro da coragem e da elaboração da raça. A cada trama, cada delinear de caracteres, cada justiça feita ou a cada injustiça sofrida, eis o caldeirão que cozinhou o tempero do Brasil”.
O prêmio Gourmand Awards
Gourmand Awards chegou à 27ª edição em 2022 e contou com 1.558 títulos inscritos de 227 países. Assim como o Oscar de Hollywood, existem várias categorias, e uma equipe seleciona as obras. A cada ano a cerimônia acontece em uma cidade diferente.
Fonte: O TEMPO
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