Uma família de Mulatos da Bahia, nobres do Reino de Portugal

O Barão de Água Izé foi o responsável por introduzir várias culturas alimentícias em São Tomé e Príncipe, do Cacau à Fruta Pão.

João Maria Sousa e Almeida, barão de Água Izé, nasceu na ilha do Príncipe em 1816.
Seu pai era brasileiro, coronel Manuel de Vera Cruz e Almeida, mestiço, natural da Bahia, de uma família de senhores de Engenho, os Almeida. 
Sua mãe, Pascoela de Sousa Leitao era negra. 
O jovem João foi para Benguela onde participava no tráfico de Escravos para o Brasil, sendo nomeado governador de Benguela com 25 anos de idade. 

Anos após a independência do Brasil, saiu de Angola, viajou até à Bahia para ver suas propriedades e voltou à ilha de São Tomé em 1858 comprando terras onde iniciou a cultura do cacau , em grande escala (Theobroma cacao).


S. Tomé e Príncipe têm inúmeras roças lindíssimas num cenário  equatorial deslumbrante de tirar o folego.
Chegaram a ser a maior produtora mundial de cacau lá pelos idos finais do século XIX
S. Tomé e Príncipe fiz parte do Império português até 1975. 
Em 1862 já era conhecido como o benfeitor das ilhas, contribuindo na construção de estradas e na iluminação pública.

Neste processo, introduziu a fruta-pão (Artocarpus communis) em São Tomé 
e Príncipe a qual é, ainda no século XXI, uma das bases alimentares da população. 

O maior reconhecimento do seu contributo na dinamização da agricultura nas ilhas foi quando, em 16 de Abril de 1868, o Rei D. Luís o distinguiu com o título de Barão de Agua Izé e ocupou posteriormente o cargo de Presidente da Câmara Municipal da cidade de São Tomé.
Foi também o primeiro a levar a árvore fruta-pão para as ilhas da segunda nação mais pequena de África (depois das Seychelles).



Seu filho, Jacinto Carneiro de Sousa, 1º Visconde de Malanza, (1845/1905) também foi um Influente Fazendeiro e produtor de Cacau em São Tomé e Príncipe.

Na Exposição de 1894, seus produtos foram ofertados à Rainha D. Amélia. 

Com a abolição da Escravidão na África Portuguesa em 1874, o poder de Trabalho do Visconde diminiu dramaticamente, falido, suas grandes roças acabariam todas nas mãos das grandes companhias ultramarinas e da banca com destaque para o BNU que detinha a maioria das penhoras aos bens dos roceiros de S. Tomé e do Príncipe. 
O Visconde de Malanza viria a morrer na miséria em Lisboa no ano de 1905, encerrando o período de prestígio economico da família santomense de Origem Brasileira. 

O Solar da Roça Água Izé em São Tomé, agora em ruínas, foi Construído pelo Fazendeiro Baiano Manuel de Vera Cruz e Almeida. 
O Famoso Atleta e treinador são-tomense, Demósthenes de Almeida Clington, era filho do Visconde de Malanza. 

Frutos na gastronomia de São Tomé e Príncipe
Como é natural, a maior parte deles consome-se crua e poderão ser apreciados de imediato. No entanto, bastantes frutos são utilizados na cozinha santomense, seja como sobremesa, seja como acompanhamento de pratos principais. 
A banana e a fruta-pão são disso exemplo.

A fruta-pão é originária da região indomalásia, principalmente das ilhas de Java e Sumatra, estando hoje espalhada por todas as regiões tropicais e subtropicais do mundo. 
A denominação binomial da árvore – ou seja, o seu nome científico – é Artocarpus altilis. “Artos” é a palavra grega para “pão”e “karpos” é “fruta”. O nome foi dado por dois botânicos alemães – pai e filho – Johann Forster e J. Adam Forster⁴, que viajaram com o Capitão James Cook em 1772, numa viagem de circum-navegação do mundo. Já a palavra “altilis” vem do latim, e significa “engordar, criar para comer”.

Existem duas variantes da fruta-pão: O Artocarpus altilis (variante Apyrena) é mais conhecido por fruta-pão de massa, cujo fruto tem 15 a 20 cm de diâmetro, atingindo de 1 a 3 kg de peso. A fruta não tem sementes. A sua casca inicialmente é áspera, coberta por placas poligonais, tornando-se lisa e amarelecida ao amadurecer. Esta é a variante existente em São Tomé e Príncipe.

O Artocarpus altilis (variante Seminífera) é a fruta-pão que contém sementes e cujo fruto apresenta na parte externa da casca inúmeros “picos” e coloração verde-amarelada quando maduro, sendo o seu aspeto muito semelhante ao da jaca. Se esta variante existe em São Tomé e Príncipe, eu não a vi.

A árvore-do-pão é de crescimento rápido, atingindo em média 25 a 30 metros de altura, com copa mais ou menos frondosa. O melhor clima para a fruta-pão é o quente e húmido. Nestas regiões apresenta um bom desenvolvimento vegetativo e boa produtividade, no entanto se há uma estiagem prolongada ou se o tipo de solo não retém humidade em quantidade satisfatória, ocasiona a queda dos frutos muito antes de completarem o seu desenvolvimento. 

Roça de grande referência histórica, por ser nela onde o percursor da cultura do cacau em S. Tomé e Príncipe, “Barão de Água Izé” em 1822 estabeleceu o sistema produtivo de “dependências” que imperou durante todo o período colonial. Próximo da roça Água Izé encontra-se o sítio de Boca de Inferno, extensão de terra e rochas encravadas no mar, que segundo as lendas o “Barão de Agua Izé” entrava-se pelo mar dentro de cavalo com destino a Portugal.

Fonte: A ilha de São Tomé. Por Francisco Tenreiro/Nobreza de Portugal: bibliografia, biografia, cronologia. Por Afonso Eduardo Martins Zúquete.


Comentários

  1. Infelizmente há incorrecções no texto. João Maria de Sousa e Almeida, meu trisavô, era descendente de antigas famílias ligadas ao governo das Ilhas de São Tomé e Principe. O seu avô António de Almeida Viana natural de São Tomé foi para o Brasil para curar uma doença tropical, e na Baía de Todos os Santos casou com Ana da Assunção, mulher negra, tendo nascido naquela cidade brasileira a 22.9.1770 Manuel Joaquim da Vera Cruz e Almeida que veio para São Tomé e Principe e aqui casou com Pascoela de Sousa Leitão, natural do Principe, filha do Capitão João Mathias de Sousa Leitão. Manuel e Pascoela foram os pais de João Maria de Sousa e Almeida.
    Os Almeida e os Sousa de São Tomé e Principe não têm nada que ver com outras famílias do Brasil com apelidos semelhantes.
    Também não é verdadeiro que em Benguela João Maria de Sousa e Almeida tivesse estado ligado ao tráfico de escravizados. Foi proprietário de terras na Catumbela e Se dedicou à agricultura, onde utilizou mão de obra escravizada.

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