Cooperativa baiana exporta cacau para produção de chocolate suíço

Com 34 produtores, Coopercabruca embarcou 500 kg de liquor de cacau fino para associação de chocolatiers lançar marca de origem no país europeu.

Duas pequenas cooperativas baianas e uma empresa recém-nascida também da Bahia deram um salto para o comércio exterior fazendo suas primeiras exportações diretas, com o apoio do projeto Agro.BR da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).

Uma delas é a Cooperativa de Produtores de Cacau Cabruca da Bahia (Coopercabruca), que reúne 34 produtores do sul do Estado, e mandou em março para a Suíça, país europeu que tem fama de produzir o melhor chocolate do mundo, 500 kg de liquor de cacau fino.

“Foi ousadia pura”, diz Orlantildes Santos Pereira, presidente da cooperativa fundada há três anos com o objetivo de proteger a mata e produzir cacau de qualidade.

Economista e neto de agricultores que tiveram suas lavouras de cacau dizimadas pela praga vassoura-de-bruxa, Pereira diz que a praga foi, de certa forma, benéfica para a cultura porque obrigou os produtores a adotarem novas tecnologias com materiais mais produtivos e tolerantes.

Segundo o presidente, algumas plantas chegam a render até 200 arrobas por hectare no sequeiro, ante a média de 30 arrobas. Em sua pequena propriedade, herdada dos pais, ele colhe 800 arrobas por ano no sistema cabruca, ou seja, os pés de cacau são plantados sob as árvores da Mata Atlântica. São cerca de 600 árvores por hectare, enquanto a produção tradicional tem até 1.111 plantas por hectare.

presidente da Coopercabruca diz que as orientações e o suporte do Agro.BR foram fundamentais para viabilizar a primeira de muitas exportações diretas que a cooperativa pretende fazer.

“Já estamos conversando com um grupo na Europa que quer trabalhar exclusivamente com as amêndoas da nossa cooperativa”, diz, acrescentando que o maior desafio nessa primeira exportação foi convencer o produtor a apostar no modelo de exportação e esperar o pagamento. 

Ele diz que a Coopafbasul foi fundada em 2009 na Bahia com o objetivo de atender o cooperado em sua diversidade de produção. São 1.200 associados, que produzem cacau, borracha, 22 tipos de frutas, guaraná e palmito. Com sede em Ituberá, a entidade tem parceria com várias agroindústrias do Estado para beneficiar os produtos e agregar valor.

Da exportação para os EUA participaram 200 agricultores. 

O produto saiu despolpado e limpo das propriedades e teve sua umidade padronizada na cooperativa para compor o tipo 1 e levar o selo de rastreamento da agricultura familiar.

Há dois anos, a cooperativa tinha feito uma exportação indireta de 14 toneladas para a França. Desta vez, cuidou de toda a operação, desde o planejamento, negociação, formação de preço, embarque e pós-venda e lucrou 40% a mais com a venda do que se tivesse comercializado o produto em pó. 

“A exportação abre caminho para o produtor valorizar a cooperativa e se fortalecer buscando tecnologias para atender às exigências dos compradores”, diz Santos, revelando que a Coopafbasul já tem contrato com o mesmo cliente da Suíça para três anos de exportações e está prospectando compradores para o guaraná brasileiro também na China.

“Os compradores precisavam de um custo mais baixo porque vão iniciar um negócio. Esse valor não é sustentável a longo prazo, mas a exportação serve para abrir portas", afirma. 

A Verde Coffees, que já tem outro pedido de 50 sacas e representantes na Itália e Espanha, está cadastrando os produtores parceiros para oferecer aos compradores o rastreamento do café.

Segundo Silva, a empresa nasceu graças ao incentivo do projeto da CNA. “O Agro.BR nos deu todo o arcabouço teórico, suporte contábil, dicas de comercialização e dos processos logísticos. Participamos de lives e seminários que detalharam tudo sobre exportação do nosso segmento e abriram nossa mente para a simplicidade da operação de exportação.”

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