Rodrigo França lança espaço gastronômico-cultural no Pelourinho

Ator, filósofo e ex-BBB carioca conta como será a nova casa em Salvador

Por Laura Fernandes
O carioca Rodrigo França é ator, filósofo e escritor, com passagem pelo BBB 2019 (Foto: Robson Maia)

O Brasil conheceu de perto quem era o carioca Rodrigo França, 43 anos, a partir de sua participação no Big Brother Brasil em 2019. Mas o cientista social e ator, com quase 30 anos de carreira, vai além do senso comum. Multifacetado, Rodrigo é roteirista, diretor de cinema e escritor, com uma série de projetos a caminho. Além disso, é empreendedor: em agosto vai lançar um espaço gastronômico-cultural no Pelourinho.

O Consulado Rosa Malê, como será chamado, vai reunir gastronomia, arte, tecnologia e empreendedorismo, além de cursos e oficinas em uma estrutura de dois andares. “Vamos potencializar quem já está desenvolvendo seus projetos”, explica Rodrigo, com exclusividade ao CORREIO. Assinado em conjunto com Herlon Miguel, o Consulado Rosa Malê traz no nome a “força dos malês e da energia feminina matriarcal”.

Cada vez mais na ponte aérea Rio-Salvador, o cientista social conta que a escolha pela capital baiana passa por uma conexão com sua própria ancestralidade. Em fase de montagem do documentário De Volta Pra Casa, roteirizado e dirigido por ele, Rodrigo conta que percorreu países africanos como o Benin e a Etiópia com o filme e esse processo potencializou o mergulho na sua própria história. Isso inclui Salvador.

“Voltar para casa, pra mim, é voltar também para o Nordeste. Meu avô era de Salvador. A forma de ter contato com meu ancestral passa por aí”, conta. Com o investimento que fará por aqui, o artista pretende “aumentar a empregabilidade e potencializar forças já existentes”. “Todos os negócios que faço nunca são na lógica de ‘trazer’ conhecimento: é troca. Quero humildemente somar com uma cultura que é forte”, diz.

Multiartista
Enquanto o Consulado Rosa Malê não fica pronto, o investimento de Rodrigo em arte e cultura segue em outras frentes. Autor do livro O Pequeno Príncipe Preto e da versão do mesmo livro “Para Pequenos”, o artista está escrevendo outro livro infantil chamado Tempo, que vai abordar a dislexia e outros distúrbios de aprendizagem. Ao mesmo tempo, o diretor está gravando uma animação no Nordeste com o ambientalista Victor Flores.

Aziza é o nome do curta-metragem que vai abordar questões raciais e ambientais a partir da protagonista: uma abelha negra. Aziza é o nome da personagem da espécie mandaçaia, cuja ocorrência tem registro em estados do Nordeste como Bahia, Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. O curta narra o aprisionamento de um enxame de mandaçaias para fins comerciais e mostra como a abelha lidera um movimento para libertá-las.

Autor do livro Confinamentos & Afins: o olhar de um homem negro sobre resistência e representatividade (Editora Agir), Rodrigo também assina o roteiro e a direção do longa-metragem Para Esquecer um Grande Amor, que está em fase de finalização. Baseado no Manual Teórico & Prático: Para esquecer um grande amor, de Amarildo Felix, o filme conta a história de dois homens negros que se amam.

“A gente precisa falar sobre a delicadeza e o amor desses corpos objetificados”, defende Rodrigo.

Seus projetos não param por aí: no elenco da segunda temporada da série Arcanjo Renegado, uma coprodução do Globoplay e do Multishow com a AfroReggae Audiovisual, o artista vai assinar o roteiro e a direção de um longa ficcional para streaming, ainda em segredo por causa de contrato.

Compromisso
Versátil, Rodrigo começou a carreira como artista plástico e descobriu o teatro com 14 anos. Habilitado para educação infantil e ensino fundamental, com especialização em psicopedagogia clínica institucional, o artista tem uma trajetória múltipla marcada, ainda, pela experiência de 12 anos como professor e pesquisador da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Além da já conhecida passagem pelo Big Brother Brasil.

“Eu entendi porque aceitei participar de um reality show: o senso comum tem um olhar estranho para cultura de massa, mas é a televisão e o cinema que formam politicamente o povo”, reflete. Por mais que tenha uma carreira de sucesso no teatro, com prêmios e boas críticas, Rodrigo defende que não vai atingir todo mundo com a velocidade da tevê e do cinema. “Meu desejo é a cultura de massa”, afirma.

Então, bem-humorado, diz que deve ser o único diretor de teatro e cinema que quer dirigir novela. “Quero escrever pensando na minha tia, na minha avó, que não vão pegar um livro para ler. Meu compromisso não é estético, é político”, justifica. A arte, em sua opinião, não dá conta de transformar a sociedade, mas “serve para provocar, como reflexão, mesmo que tenha apenas o compromisso do entretenimento”, conclui.

Fonte: Correio de Bahia


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