Projeto da Ufba debate cultura circular dos tabuleiros
Segunda, dia 10, aconteceu o debate "Baianas de acarajé: patrimônio, resiliência e economia circular" será promovido pelo projeto Polêmicas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia (Ufba).
Os convidados Rita Santos, da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, o vereador André Fraga, o produtor cultural Vagner Rocha e os professores da Ufba Angela Rocha e José Roque.
As baianas de acarajé são um símbolo da resistência da cultura africana e da resiliência dos povos negros que foram perseguidos por vários séculos. Tamanha relevância motivou o seu registro como um patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Sua presença nas ruas de Salvador não alimenta apenas o nosso estômago, não perfumam só as ruas, mas reforçam o sentimento de pertença”, exalta Vagner Rocha.
Para o produtor cultural, que pesquisa a preservação das baianas de acarajé, a existência delas representa também uma valorização da cultura afro-diaspórica que é sintetizada nos trajes, nos quitutes e em todo o universo simbólico que compõe o ofício das senhoras do azeite. “É por isso que eu sempre digo: vida longa às baianas de acarajé”, enaltece.
Ele acrescenta que as baianas de acarajé herdam um legado ancestral africano, pois dão continuidade ao trabalho exercido pelas ganhadeiras e escravas de ganho desde o século XVIII, quando essas mulheres comandavam o comércio de perecíveis em Salvador e em outras cidades do Brasil Colônia.
Economia circular
Uma das dificuldades cotidianas das comerciantes é o descarte adequado do azeite utilizado para fritura do acarajé, de forma que não atinja negativamente o meio ambiente. Diante do impasse, o Instituto de Ciências da Saúde da Ufba desenvolve o projeto Baianambiental, desde 2019, e que preparou algumas baianas para produzir sabão artesanal reaproveitando os resíduos.
José Roque, professor do Instituto de Química, participou da iniciativa cedendo o laboratório e orientando as baianas na preparação do sabão. “Aquele azeite pós-preparação do acarajé, que vai sempre ao lixo, porque a prefeitura ainda não tem uma destinação adequada, aproveitamos”, aponta.
Segundo o professor, o processo consistiu em misturar os reagentes (óleo de azeite de dendê, hidróxido de sódio e água) e mostrar para as senhoras do azeite como reaproveitar e não descartar o dendê. “Todas realizaram as tarefas como se fossem alunas de química. Realizaram suas tarefas com sucesso. Quando finalizavam o serviço, levavam tudo para casa, o sabão e os materiais que usaram”, esclarece.
*Estudante de Comunicação da Facom/Ufba. Publicação feita em parceria entre o projeto Polêmicas Contemporâneas (Faced/Ufba) e Grupo A TARDE
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