Movimento busca incentivar agricultura familiar e produção artesanal no interior do AM

A floresta amazônica é uma das maiores produtoras de insumos para a vida humana. A floresta produz oxigênio, alimentos, bebidas, remédios, madeira e renda com o extrativismo. E com o objetivo de promover estas atividades, o movimento Arte & EscolaNaFloresta fomenta técnicas de como trabalhar com uma terra de forma sustentável.

Segundo uma das idealizadoras do projeto, Nora Hauswirth, um dos nortes para a concepção do Arte & EscolaNaFloresta é a promoção à saúde.

“O Brasil vem enfrentando um aumento expressivo de sobrepeso e obesidade em toda sociedade, incluindo doenças crônicas que - de acordo com o Guia Alimentar publicado no Ministério da Saúde em 2014 - são a principal causa de morte entre adultos”, alertou uma pesquisadora.

Nora ressalta ainda que uma alimentação saudável compreende a utilização de alimentos variados e seguros, além de valorizar a produção regional e tradições que resgatam hábitos e culturas alimentares.

“Pretendemos auxiliar quem tem terra e pode produzir, mudar a visão pouco favorável de ser agricultor, especialmente para os jovens filhos de agricultores. Com o mesmo grupo de pessoas que atendemos com as oficinas agora, já divulgações com entrega de sementes e queremos continuar com outros projetos para incluir hortaliças ”, acrescentou Hauswirth.

Saber tradicional

A artesã indígena, Ivanilda Batista, da etnia Mura, residente do município Careiro Castanho é uma das leituras guardiãs do conhecimento de artesanato com fibras naturais. Durante as oficinas do projeto, Batista orientou os participantes a criar a própria peneira de arumã - uma planta que é bastante utilizada em vassouras de cipó titica, muito comum no artesanato.

“O trabalho do artesanato é muito importante para as pessoas do interior porque faz parte da cultura. Esta cultura está se perdendo ao longo dos anos ”, explica a artesã.

Desempenho

Além do fomento ao artesanato, o projeto também incentiva a cultura dos povos com performances artísticas na comunidade. O ator e artesão Chico Caboco realizou uma apresentação teatral que teve como intuito valorizar os profissionais da agricultura e artesanato.

“Da terra ao corpo, do corpo à terra. A terra só dá se a gente plantar. Se a gente não plantar, a terra não vai dar. Bora comer o que a terra tem a nos oferecer ”, recitou o ator em sua performance.

Estas hortaliças que a terra amazônica oferece ainda são desconhecidas por muitos, segundo o técnico em agroecologia florestal e também participa do projeto, Emerson Vagalume.

“Ainda pessoas conhecem as batatas originárias, como Ariá e Taioba, que foram incluídos no cardápio das oficinas culinárias, junto com outras hortaliças não-convencionais, como coração e casca da banana, espinafre-da-Amazônia, erva-de-jabuti, urtiga, bertalha, jaca verde e mamão verde. Essas hortaliças se buscam nos quintais, porém as pessoas não usam por falta de conhecimento ”relata o técnico em agroecologia florestal.

O projeto intitulado “Troca de conhecimento entre camponeses e camponesas” foi realizado com várias oficinas entre 15 de abril e 11 de maio deste ano. Na realização participaram as artesãs Rosa, Neide, Ivanilde e Nilcilede, da etnia Mura e os originários do Ramal 14, do Ramal 32 da Estrada de Autazes e os membros da Associação Renascer em Purupuru do município Careiro Castanho. O projeto foi contemplado pelo Programa Cultura Criativa - 2020, na Lei Aldir Blanc - “Prêmio Encontro das Artes”.

Para conhecer mais sobre a culinária amazônica e sobre o desenvolvimento do projeto, o movimento público um vídeo no YouTube explicando todos os detalhes da concepção. 

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