CONSUMO DE "MIÚDOS" CRESCE NA ESPANHA
DE CAUSAR REJEIÇÃO À PRODUTO TEM ASCENÇÃO NA ESPANHA
Subestimados durante anos, em 2023 os espanhóis consumirão cerca de 29.500 toneladas de miudezas, no valor de 184 milhões de euros. As vísceras e miúdos está a ter dificuldades em atrair novos clientes
Incluir na cesta de compras línguas, fígados, corações, rins, cabeças ou testículos — de porco, vitela, cordeiro ou aves — pode gerar desgosto e desestimular o apetite. Mas o mesmo não acontece com foie gras, bochechas, rabo de touro, orelha ou alguns embutidos, que também fazem parte da casqueria, mas são consumidos sem hesitação. Nos últimos anos, o consumo dessas partes do animal, consideradas de segunda categoria, caiu drasticamente. A crise da vaca louca, no ano 2000, marcou um ponto de virada. Muitos estabelecimentos fecharam, e as vendas de vísceras e miúdos despencaram.
Mas algo mudou recentemente. Os últimos dados do Painel Anual de Consumo nos Lares do Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação (2023) indicam que 46,6% das famílias espanholas compraram produtos de casqueria, em comparação com 42,9% no ano anterior. Isso representa um aumento de 8%, seguindo uma tendência de crescimento nos últimos anos.
Essa notícia nos ensina algumas lições interessantes:
1. A alimentação é cíclica – O que um dia foi essencial na culinária popular, depois rejeitado, pode voltar a ser valorizado. A casqueria já foi um alimento básico por necessidade, caiu em desuso por mudanças culturais e crises sanitárias, mas agora está ressurgindo.
2. A percepção sobre os alimentos muda com o tempo – O preconceito contra miúdos e vísceras ainda existe, mas ingredientes antes considerados "de segunda categoria" estão sendo redescobertos, muitas vezes impulsionados pela gastronomia moderna e pelo interesse na sustentabilidade alimentar.
3. Sustentabilidade e aproveitamento total do animal – O retorno da casqueria pode estar ligado a um maior interesse por práticas de consumo consciente, onde se evita o desperdício e se valoriza todo o animal, não apenas os cortes nobres.
4. Crises econômicas e mudanças de comportamento – O aumento no consumo pode estar relacionado ao custo mais acessível desses produtos em comparação a outros tipos de carne. Isso mostra como a economia impacta diretamente nossos hábitos alimentares.
No fim, a notícia nos faz refletir sobre como tradições culinárias se transformam, como o que comemos está ligado a fatores sociais e econômicos e como a valorização de ingredientes esquecidos pode ser um caminho para uma alimentação mais sustentável.
📌 Leia a matéria completa no link https://elpais.com/gastronomia/2025-03-03/crece-el-consumo-de-casqueria-de-provocar-rechazo-a-ser-un-producto-en-alza-en-espana.html?utm_source=chatgpt.com
✒️ Ramiro Varea
📷 Mikel Ponce
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