O QUE NAO TE CONTARAM SOBRE ELIZABETH TEIXEIRA, A LIDERANÇA CAMPONESA QUE ACABA DE COMPLETAR 100 ANOS

Elizabeth Teixeira (1925-2025): 100 anos de luta camponesa

Elizabeth Teixeira é um dos maiores nomes da luta camponesa no Brasil. Nascida em 13 de fevereiro de 1925, na Paraíba, sua trajetória se confunde com a história da reforma agrária no país, marcada por perseguições, resistência e um compromisso inabalável com a causa dos trabalhadores rurais.

"Enquanto houver a fome e a miséria atingindo a classe trabalhadora, tem que haver luta dos camponeses"

Elizabeth Teixeira 

1. Origem e primeiros anos

Elizabeth nasceu em Sapé, município paraibano, em uma família humilde de agricultores. Desde cedo, teve contato com a dura realidade do campo e as desigualdades impostas aos trabalhadores rurais.

Casou-se com João Pedro Teixeira, um dos fundadores da Liga Camponesa de Sapé, e, juntos, militaram pela reforma agrária, organizando trabalhadores para lutar contra os latifundiários.

Elizabeth Teixeira é uma liderança camponesa ©reprodução internet-Segundo o site Memórias da Ditadura, as Ligas Camponesas eram uma forma de organização dos trabalhadores do campo, estimuladas pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) para levar adiante a luta por seus direitos. Elas começaram a existir em 1945, estabeleceram-se em vários municípios e foram importantes no movimento pela reforma agrária no Brasil.

2. O assassinato de João Pedro e a perseguição política

Em 2 de abril de 1962, João Pedro Teixeira foi assassinado a mando de latifundiários, que viam nele uma ameaça aos seus interesses. Viúva e mãe de 11 filhos, Elizabeth assumiu a liderança da Liga Camponesa, enfrentando uma repressão brutal.

Com o golpe militar de 1964, sua situação piorou. Foi perseguida, presa e separada de seus filhos, que foram enviados para diferentes locais como forma de enfraquecer sua resistência. Passou anos vivendo na clandestinidade, trabalhando sob identidades falsas para não ser morta.

3. A redescoberta e o documentário ‘Cabra Marcado para Morrer’

Nos anos 1980, Elizabeth foi redescoberta pelo cineasta Eduardo Coutinho, que havia começado a filmar um documentário sobre a morte de João Pedro antes do golpe militar. O projeto foi retomado anos depois, resultando no aclamado ‘Cabra Marcado para Morrer’ (1984), que revelou ao Brasil a história de Elizabeth e a brutalidade da ditadura contra os trabalhadores rurais.

A repercussão do documentário fez com que ela recuperasse contato com seus filhos e trouxesse à tona as injustiças que sofreu.

4. Convite de Fidel Castro e a recusa

Pouco conhecido do grande público, um dos episódios mais marcantes de sua trajetória foi seu encontro com Fidel Castro e Che Guevara. Em visita a Cuba, Elizabeth recebeu um convite de Fidel para se exilar na ilha com sua família e continuar sua militância lá. No entanto, ela recusou, afirmando que sua luta era no Brasil e que não poderia abandonar os trabalhadores camponeses que ainda precisavam dela.

De acordo com registros históricos, Elizabeth Teixeira, líder camponesa brasileira, encontrou-se com os líderes da Revolução Cubana, Fidel Castro e Che Guevara. 

Durante esse encontro, Fidel Castro a convidou para se mudar com sua família para Cuba. No entanto, Elizabeth recusou o convite, afirmando que sua luta pela reforma agrária no Brasil era mais importante naquele momento. 

Além disso, Fidel Castro ofereceu uma bolsa de estudos para seu filho Isaac estudar medicina em Cuba, mas Elizabeth preferiu que ele permanecesse no Brasil para continuar a luta ao seu lado. 

A trajetória de Elizabeth Teixeira é marcada por sua resistência e dedicação à causa camponesa no Brasil, enfrentando perseguições e desafios ao longo de sua vida.

Fidel também ofereceu uma bolsa para seu filho Isaac estudar medicina em Cuba, mas Elizabeth novamente recusou, pois queria que sua família permanecesse unida no Brasil.

5. Reconhecimento tardio e os últimos anos

Após a redemocratização do Brasil, Elizabeth passou a ser reconhecida como uma referência na luta camponesa. Recebeu homenagens e participou de diversas iniciativas ligadas à reforma agrária. Mesmo idosa, continuou ativa, dando palestras e inspirando novas gerações de militantes.

Nos seus últimos anos, viveu na Paraíba, sempre firme em suas convicções e na defesa da justiça para os trabalhadores rurais.

Legado

Aos 100 anos, Elizabeth Teixeira deixa um legado de coragem e resistência. Sua história é um símbolo da luta pela terra no Brasil, mostrando que, mesmo diante da violência e do exílio forçado, a luta camponesa nunca se calou.

Seu nome permanece como um farol para aqueles que seguem defendendo a reforma agrária e a justiça social no país.

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