SAPO NO LEITE: ENTENDA O CURIOSO MÉTODO ANTIGO DE CONCERVAÇAO
SAPO NO LEITE: ENTENDA O CURIOSO MÉTODO ANTIGO DE CONCERVAÇAO
Por mais estranha que possa parecer, a prática, recorrente na Segunda Guerra Mundial, tem uma explicação científica
Por Leonardo Sandre
Conservar o leite nos dias atuais é uma tarefa bem simples: basta colocar o produto na geladeira. Mas, e como essa tarefa era feita antes da invenção do refrigerador, na década de 1940?
Durante a Segunda Guerra Mundial, povos da Rússia e da Finlândia recorriam a um método curioso para fazer a conservação do leite: utilizavam sapos dentro do produto.
Por mais estranha que possa parecer, a prática tem uma explicação científica.
Sapo ajuda a conservar leite?
Alguns pesquisadores dos Emirados Árabes Unidos descobriram, em 2010, mais de cem substâncias antibióticas nas peles de sapos e rãs, que protegem os animais contra bactérias de habitats úmidos.
Uma delas foi encontrada em um sapo nativo da América do Norte e servia para o combate da superbactéria iraqibacter.
Segundo um relato científico, os peptídeos antibióticos presentes produzidos pelas peles de algumas espécies são capazes de impedir que o leite azede. Além disso, também protegem o organismo de seres humanos de infecção por bactérias após a ingestão do líquido.
Por que isso ocorre?
Michael Conlon, autor da pesquisa, explicou em um comunicado a razão da pele da rã ser uma excelente fonte potencial de agentes antibióticos.
"Eles têm uma evolução de 300 milhões anos, então tiveram muito tempo para aprenderem a se defender contra os micróbios causadores de doenças no ambiente. Seu próprio ambiente inclui águas poluídas, local no qual fortes defesas contra patógenos são uma obrigação".
A espécie "Rana temporaria", da região da Eurásia, é a mais comum de ser utilizada para a conservação do leite. A Universidade de Moscou, na Rússia, já identificou 97 antibióticos a partir dela, inclusive contra a Salmonela e o Staphylococcus.
Medida tem riscos
Todavia, mesmo que os sapos e rãs sirvam para conservar o leite, o uso da espécie para a função não é recomendável devido a doenças zoonóticas, uma vez que eles contêm substâncias tóxicas para os humanos.
Além disso, conseguir isolar a fórmula molecular correta dos peptídeos para a produção de remédios ainda é uma tarefa desafiadora para os cientistas.
A preservação ambiental é outro ponto crucial a ser considerado. Em 2023, cerca 40,7% das espécies de anfíbios já estava sob ameaça de extinção.
Segundo Conlon, atualmente, os sapos são usados somente “para obter a estrutura química do antibiótico e então fazê-la no laboratório”.
"Tomamos muito cuidado para não prejudicar essas criaturas delicadas e devolvê-las à vida selvagem após esfregar a pele para as secreções preciosas", finalizou.
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