“… MUITOS CHAMAM DE POBRE, MAS CONVIVER COM A NATUREZA, NÃO EXISTE NADA MAIS NOBRE ”

- Guibson Medeiros


A Caatinga é realmente um bioma surpreendente, com uma biodiversidade e riqueza de plantas e frutos muito além da imagem estereotipada de seca e aridez. Sua flora adaptada ao clima semiárido, com espécies como o umbuzeiro, mandacaru, e a catingueira, demonstra como a natureza se ajusta às adversidades, criando um equilíbrio entre resistência e renovação. Além disso, o uso das plantas para a alimentação, medicina e outros fins culturais revela a importância do bioma para a sustentabilidade e a vida cotidiana das comunidades locais. É fascinante perceber como a Caatinga oferece mais do que apenas um cenário árido – ela é um espaço vibrante de resistência e resiliência.

Vamos acompanhar com @marialuciap29 as plantas típicas da região do Rio Grande do Norte 

Andar pela Caatinga pode ser uma experiência bem diferente daquela que vemos nos filmes sobre o Sertão. 

Muito embora haja o imaginário de um agreste único, com aquele aspecto seco, árido e espinhoso, o bioma é mais rico do que se costuma imaginar. Mesmo com o clima semiárido, podem ser encontradas paisagens distintas e uma riqueza de espécies da fauna e flora que conferem ao bioma uma beleza única. Por vezes, é possível encontrar em meio à aridez, regiões chamadas de brejos – verdadeiras ilhas de umidade, solos férteis e com mais biodiversidade. Geralmente perto de regiões mais altas e de serras, onde chove mais e de onde originam nascentes de rios que correm no bioma.

Em geral, a flora da Caatinga tem características peculiares, apresentando uma estrutura adaptada às condições áridas, por isso são chamadas xerófitas, o que as permite resistir ao clima quente e à pouca quantidade de água. São características como: folhas miúdas, cascas grossas, espinhos, raízes e troncos que acumulam água, que são estratégias tanto para evitar a evapotranspiração intensa quanto para possibilitar o armazenamento de água. As espécies conseguem, assim, lidar com os meses de seca, rebrotando completamente após as primeiras chuvas. Por isso, a vegetação da Caatinga tem aspectos bem diferentes durante o período seco e o chuvoso.

Há cerca de 1.000 espécies vegetais no bioma, dentre as quais 318 são endêmicas, e onde se destacam plantas como cactos (mandacaru, xique-xique e facheiro), bromélias e leguminosas (catingueiras, juremas e anjicos)³. Árvores que armazenam água, como a barriguda e o umbuzeiro, também fazem parte dessa rica flora.


Embora pouco conhecidos, os frutos da Caatinga possuem uma abundância de sabores e cores, e são fonte importante de nutrição. Servem de alimento tanto para os seres humanos como para os animais, dentre eles destacam-se: umbuzeiro, juazeiro, umarizeiro, quixabeira, mandacaru, maracujá-da -Caatinga, o cajueiro, jenipapo, e a palmeira licuri. É uma delícia tomar uma cajuína bem geladinha e comer um doce de umbu. Veja no site Cerratinga algumas possibilidades deliciosas com frutos do bioma.

Na Caatinga os cactos têm muitos usos. A coroa de frade, por exemplo, é usada para fins medicinais, na alimentação, como ingrediente para fazer bolos, doces e biscoitos, e mesmo como planta decorativa, por sua beleza peculiar. Já o mandacaru, presente na música de Luiz Gonzaga “mandacaru quando flora na seca, é o sinal que a chuva chega no sertão…”, além de fonte de poesia e música, é utilizado como nome de sítios, povoados, bairros e mesmo cidades. Essa planta ornamental, após ser processada, é também, no período de longas estiagens, um dos poucos recursos disponíveis que servem para a alimentação dos animais.

Denominada por Euclides da Cunha como a “árvore sagrada do sertão”¹¹, o umbuzeiro é outra planta de destaque no bioma. Ela é versátil, pois dela pode-se aproveitar os frutos, tanto in natura quanto beneficiados (dos quais se faz suco, sorvete, geleias e doces); suas flores são apreciadas pelas abelhas; e suas raízes acumuladoras de água são usadas na culinária e na medicina popular. Enfim, há uma extensa lista de plantas da Caatinga, cujas folhas, cascas, raízes, flores, frutos e sementes são utilizados no preparo de alimentos, ração (para criação de gado, bodes, ovelhas etc.) e remédios, como a catingueira, o jerico, o angico, a aroeira, a baraúna, a catingueira e a imburana de cheiro. A Caatinga ainda abriga espécies raras e de grande valor como o ipê roxo, o cumaru, a carnaúba e a aroeira.


A rica flora é também fonte de alimento e abrigo para as abelhas nativas de grande relevância para a conservação do bioma. As abelhas possuem relação direta com a conservação, pois são um dos agentes mais importantes para a polinização, manutenção da qualidade dos ecossistemas e, consequentemente, da qualidade de vida de todas as espécies. O Guia de Plantas visitadas por abelhas na Caatinga¹² apresenta um total de 81 espécies nativas, dentre árvores, arbustos e subarbustos, herbáceas e trepadeiras, que podem ser usadas nos jardins para essas polinizadoras.


Como bem disse Patativa do Assaré, “Pra gente aqui sê poeta […] basta vê no mês de maio, um poema em cada gaio e um verso em cada fulô”, assim é o sertão e suas plantas. Um bioma que apresenta suas riquezas para todos aqueles que as sabem ver.


@elcocineroloko

📣 Conheça nossas páginas:

Facebook: @elcocineroloko

Instagram: @charoth10





Comentários

Postagens mais visitadas