VAMOS FALAR DE FUBÁ E DE ANGU
Os indígenas cultivaram, e os africanos transformaram num prato genuinamente brasileiro.
Um caldo substancioso, onde se agrega finissimo Fubá, até dar o ponto cremoso.
Vamos acompanhar chefelzinhanunes
Esta fazenda tem o privilégio de ter uma nascente de água , ao pé da montanha .
Sensacional
Obrigada querida Lu @lu_mqueiroz por ser esta cozinheira maravilhosa. Obrigada querida dona Marilza por sua alegria de viver. Hoje foi muito bom 😊
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O alimento era preparado pelos indígenas como algo sagrado, antes da chegada dos espanhóis e dos portugueses no continente.
Porém, com o avanço da colonização e das mudanças econômicas, o milho virou um alimento tradicional da região, sendo considerado um produto básico na economia.
Em terras brasileiras, o fubá se refere a farinha de milho, produzida a partir da moagem dos grãos do cereal.
Poderiamos dizer, que o Angu é uma das poucas referências da culinária Bantu, a palavra fubá foi herdada dos povos africanos, que foram trazidos a força pela escravidão brasileira, em português ela é traduzida como “farinha”.
O fubá foi um dos produtos derivados do milho que ganhou popularidade no mundo com a colonização de países latino-americanos.
•Fubá mimoso: essa farinha é bem fina e absorve a água com muita facilidade, sendo recomendada para a preparação de polenta e bolo de fubá
•Fubá tradicional: o mais popular, feito a partir da moagem dos grãos de milho, que resulta em uma farinha de tamanho mediano.
O milho estava na base da alimentação dos escravos nas senzalas dos engenhos.
Alguns eram alimentados exclusivamente com angu de milho.
O Angu tem origem na época da escravidão, provavelmente nas senzalas, para suportar o fatigante trabalho nos campos e nas minas.
Para saciar a fome e compensar os rigores do trabalho, era necessário um alimento substancioso e forte.
Com poucos recursos, grande parte dos escravos se alimentavam do que sobrava da casa-grande, ou seja, mingau de fubá.
•ZUNGUS
O artista Jean Baptiste Debret (1980) retratou as negras cozinheiras que vendiam angu pelas ruas do Rio de Janeiro na obra Viagem Pitoresca pela História do Brasil (datada de 1834)
Nas línguas de tronco banto, zungu pode ser entendido como “toca” ou “buraco” (língua quimbundo); ou “casa de angu”, pela junção das palavras “nzu” – que quer dizer casa – e “ungu” – uma aproximação com angu.
Servido em panelas nas ruas, preparado por mulheres negras, principalmente na região portuária e de comércio.
Adquirindo um certo dinheiro, essas mulheres se mudam para casas no centro do Rio e transformam essas casas em verdadeiros centros de resistência negra.
Muitos zungus eram quitandas e moradias ao mesmo tempo.
As ruas estreitas e casas com arquitetura diferente da atual criavam verdadeiros labirintos e becos escondidos e um zungu era um ótimo esconderijo.
Dessa época, surgem reclamações em jornais sobre os “barulhos dos negros” nos zungus e inúmeras prisões.
Até na lei o zungu foi parar, em 1835.
TRANSFORMAÇÃO E DIÁSPORA ALIMENTAR.
•Os indígenas trituravam o milho no pilão, que eram usados na produção de papas e mingaus, que junto a mandioca, fazia parte de sua dieta.
•Os Portugueses foram os responsáveis em transformar o milho em Farinha, em Quirera e em Fubá, e acabaram por introduzir este alimento em suas colônias na África.
Com a chegada dos portugueses ao Congo, Angola a palavra "Angu" passou a ser usada para se referir à papas feitas de farinha de mandioca ou milho, geralmente acompanhadas por miúdos de carne de vaca ou porco.
Segundo Maria Augusta Carvalho (2013), o nome angu deriva da palavra "Àgun", do idioma africano Fon, da África Ocidental, e refere-se a uma papa de inhame sem tempero.
A historiadora Mary dal Priore (2016) relata que, como o milho foi o único cereal encontrado pelos europeus no Brasil, começou logo a ser produzido em forma de farinha (chamado de fubá de milho), sendo a base para o preparo do angu.
A partir do século XVIII, o milho começa a tomar lugar decisivo na alimentação brasileira sob a forma de fubá, cuscuz e tantas outras preparações que conhecemos ainda hoje.
Era também a alimentação de viajantes e tropeiros que, trazendo mulas criadas no sul para servir de transporte nas terras montanhosas substituíam muitas vezes a farinha de mandioca pela de milho nos tipos de merenda para a jornada que se transformavam em virados misturados a guisado de galinha, ao feijão e carne seca.
Ao longo desses caminhos foi sendo plantada na roças, originando pequenos sítios paulistas e a agricultura dos campos das Minas Gerais, associando o milho a criação de porcos.
"O homem planta o milho, cria o porco que engorda comendo o sabugo e fornece a gordura para o homem cozinhar pratos feitos de milho e de porco."
Na historia da alimentação brasileira, teve a disposição e mistura, das culinárias Indígena, Africana e Portuguesa levaram ao brasileiro o complexo alimentar do milho que a industrialização tornou permanente.
Este complexo alcança em todo o Brasil o seu esplendor no mês de junho, quando coincidem com a época da colheita do milho e a das festas de inverno, época tradicional de festas pagãs milenares de povos agricultores.
A farinha de mandioca ”Fubá”
A palavra “Fubá” é usada no Brasil e deriva da palavra angolana “fuba”.
A sua etimologia vem precisamente de «fuba», do quibundo, uma das línguas angolanas e significa “farinha”.
A palavra usa-se como sinónimo de farinha de mandioca mas também, nalgumas regiões de Angola, tal como acontece no Brasil, para farinha de milho ou até de arroz.
O «funge» é a base da alimentação em Angola e é feito apenas com farinha, ou fuba, e água quente.
De acordo com as regiões pode ser de mandioca ou de milho.
Foram também os angolanos quem levou a fuba para São Tomé e Príncipe introduzindo-o na alimentação local.
Em Angola há eiras comunitárias em que as pessoas, em especial as mulheres, secam e esmagam a fuba.
Era no entanto embalada e preparada na industria nacional de farinhas coloniais “Concórdia” em Campanhã-Porto.
Era depois distribuída pela firma Ramil, com sede na Rua das Gáveas, 20, em Lisboa.
O folheto é composto por meia dúzia de folhas com receitas em que se utiliza a farinha de mandioca.
CURIOSIDADES E
ORIGINALIDADES DE CADA ANGU
Essa diversidade é o ponto positivo da preparação, o Angu se molda aos hábitos alimentares de cada lugar, seus modos de preparo e de servir, refletem a pluralidade da nossa culinária.
Mais grosso, ou mais fino, molinho ou mais denso, como guarnição ou prato principal, o Angu tem a cara do Brasil.
Uma das características do angu mineiro é que não se têmpera com sal.
•Segundo o historiador José Newton Meneses (UFMG), há 300 anos, quando Minas começou a se formar como estado, o sal era muito caro – por ser importado – e usado em pequenas quantidades em alimentos específicos. Assim, comidas mais cotidianas, como o angu, não levavam o tempero. “Então, foi-se construindo esse gosto pelo angu sem sal”, explica o historiador.
•Outro ponto é que os acompanhamentos do angu, como os molhos das carnes, eram feitos com sal. Assim, na mistura final do prato, o angu entra como uma espécie de base, mais neutra, que permite que os outros ingredientes sejam ressaltados.
ANGU À MODA PAULISTA
Diferentemente de Minas, em São Paulo o Angu provem da Cultura Caipira, mas sofreu influência da imigração Italiana, mais especificamente da "Polenta", normalmente feito com farinha de milho ou floçao, no lugar do Fubá.
Bem temperado servido com carnes, molhos à base de tomate, rabada, costelinha, etc.
Segundo o sociólogo Carlos Alberto Dorea, esta seria a matriz da culinária mineira.
•ANGU CARIOCA
No Rio de Janeiro se chama Angu à Baiana, memórias dos Zngus e das baianas que se instalaram na Pequena África região central e portuária da cidade.
Um ícone da cidade é o Angu do Gomes.
•ANGU BAIANO
Por incrível que pareça, na Bahia Angu não leva fubá de milho, e sim Farinha de Mandioca.
Jean-Baptiste Debret (1768-1848) no seu livro Voyage pittoresque et historique au Brésil, publicado em França em 1834, descreve a esta mistura de farinha de mandioca com água dá-se o nome de «angu».
O fato de Debret se referir à farinha de mandioca e não à de milho leva a crer que o uso desta poderá ter sido mais tardio.
Mas é possível também que tenha a ver com a região que descreve, uma vez que ambas eram usadas para o mesmo fim.
De entre as suas interessantes descrições da vida local vem a propósito mencionar a das mulheres negras que, na rua, vendiam o angu a que se juntavam bocados de carne e miúdos (bofe, coração, língua, etc), azeite de dendê, algumas ervas e condimentos, formando um molho acastanhado.
Essa receita não tem nenhuma dificuldade e quando você aprende como fazer angu mole, vai procurar outros tipos de receita para se aventurar um pouco mais na cozinha com alguns pratos deliciosos.
Logo abaixo nós vamos te ensinar o passo a passo dessa delícia de receita que vai surpreender a todos aí na sua casa!
INGREDIENTES
3 dentes de alho picado
1/2 cebola pequena picada
fio de azeite ou óleo
500 ml de água
1 xícaras (chá) de fubá
400 ml de água (para dissolver o fubá)
1 colher de sopa de manteiga
COMO FAZER ANGU MOLE
Em uma panela, refogue a cebola e o alho no azeite;
Em seguida adicione os 500 ml de água e o sal;
Quando começar a ferver, abaixe o fogo;
Enquanto isso, junte o fubá com os 400 ml de água e misture bem para dissolver o fubá;
Despeje, aos poucos, esse fubá dissolvido na água que está fervendo;
Vá colocando e misturando bem;
Abaixe o fogo e mexa sem parar, por cerca de 20 minutos;
Desligue o fogo, adicione a manteiga e misture bem;
Em seguida o angu já pode ser servido.
@elcocineroloko
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