AS PESQUISAS PARA TRANSFORMAR BACTÉRIAS E ALGAS EM COMIDA
Em universidades e pequenas empresas ao redor do mundo, pesquisadores estão procurando por micróbios que poderiam ser usados como alimento.
Helen Onyeaka era obcecada por microorganismos na adolescência, na Nigéria. Essas minúsculas formas de vida, que incluem bactérias e leveduras, podem ser cultivadas rapidamente e em grande quantidade.
Onyeaka se perguntava se essa abundância poderia ser aproveitada para alimentar pessoas em zonas de conflito, onde as crianças sofrem de desnutrição e apresentam estômagos distendidos, um sinal claro de deficit de proteína: “Eu costumava sonhar com micróbios como alimento”, lembrou.
Hoje, Onyeaka trabalha com microbiologia industrial e é vice-diretora do Birmingham Institute for Sustainability and Climate Action, na Universidade de Birmingham, no Reino Unido.
Em seu laboratório, testa sua antiga hipótese, tentando identificar microrganismos que um dia possam servir como fonte alternativa de proteína. Cultivando bactérias e micróbios com terra, água e fertilizantes industriais.
A pesquisadora não é a única a estudar as chamadas “proteínas unicelulares” ou “microorganismos comestíveis”. Há muito tempo as dietas humanas incluem quantidades pequenas de micróbios (como as bactérias do iogurte ou as leveduras do pão).
O artigo explora como a biotecnologia está possibilitando o uso de bactérias e algas como alimentos. Com propriedades nutricionais excepcionais, esses organismos podem contribuir para a segurança alimentar global.
Em seu laboratório no Reino Unido, Onyeaka cultiva Chlorella vulgaris, uma alga verde unicelular com cerca de 2 a 10 mícrons de diâmetro — aproximadamente a largura de um fio de seda de aranha. Ela e um estudante de pós-graduação alimentam a alga com diferentes nutrientes para influenciar seu conteúdo proteico.
O objetivo final, segundo Onyeaka, é cultivar algas nutritivas em quantidades suficientes para que sejam usadas como farinha pelo setor de panificação. “No final do trabalho, estaremos fazendo pão e bolos verdes — portanto, cuidado”, disse ela, dando uma risada.
A pesquisadora admite prontamente que o seu experimento ainda tem um longo caminho a percorrer. Em novembro do ano passado, ela foi coautora de um artigo de revisão que observava os desafios ao longo desse caminho — incluindo os altos custos de produção e a capacidade do organismo de acumular metais pesados do ambiente. Ela e sua equipe tem que garantir que o micróbio seja seguro para o consumo humano, testando se ele pode contrair toxinas e alérgenos, entre outros riscos.
Outro problema destacado no artigo de revisão é que a Chlorella não tem um sabor muito bom. Os pesquisadores descrevem um sabor e cheiro fortes e terrosos, que consideram bastante desagradáveis para alguns consumidores.
O produto talvez precise ser misturado com outros ingredientes de sabor forte, sugere o artigo, ou talvez seja possível encontrar novas cepas mais suaves.
Outras pessoas procuram maneiras de tornar os micróbios saborosos.
Ele não queria forçar a inclusão do novo produto no cardápio, mas estava curioso para verificar se poderia usar o pó, rico em proteínas, em versões de pratos sem ovos ou substituindo laticínios usados em alguns clássicos do restaurante.
O chefe não conseguiu fazer com que o Solein substituísse o ovo em seu crepe de cenoura. Porém, conseguiu substituir a manteiga e o leite da massa. Além disso, o produto foi capaz de substituir o ovo, em uma massa de cerveja para uma fritura de abóbora.
Por fim, ele descobriu que o Solein poderia funcionar bem como substituto do leite no spaetzle, um macarrão alemão tradicionalmente feito de leite, farinha e ovos.
Baxtrom disse que planejava experimentar o produto um pouco mais em janeiro. “Não vou tentar forçar a barra, mas se funcionar, ótimo”, disse ele. “Posso oferecer mais alternativas para os alérgicos.”
Cientistas estão pesquisando como torná-los viáveis para consumo em larga escala, considerando sua produção sustentável e seu potencial de combater a escassez de recursos.
A pesquisa também analisa os desafios e as perspectivas de incorporar esses alimentos na dieta humana. Para mais detalhes, veja o artigo completo
https://www.nexojornal.com.br/externo/2025/02/18/pode-comer-bacteria-e-alga-pesquisa
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