PROJETO PLANTAS ESQUECIDAS: MOLHO DE ESPINHEIRO E BOLACHA DE BOLOTA PARA PROTEGER AS FLORESTAS

A iniciativa piloto, desenvolvida na Catalunha, desenvolve receitas baseadas em frutos silvestres para promover uma economia sustentável e local

Trabalhadores do Projeto Plantas Olvidadas colhendo roseiras bravas em uma fazenda na Catalunha, Espanha. Divulgação/Plantas Olvidadas

Molho de abrunhos, biscoitos de bolota ou vinagrete de abacaxi verde são algumas das 125 propostas culinárias desenvolvidas com frutas silvestres da Espanha pelo projeto Plantas Olvidadas, que busca valorizar espécies comestíveis atualmente subutilizadas para promover uma economia sustentável e local que proteja as florestas.

Para Marc Casabosch, da equipa técnica do projeto piloto lançado na Catalunha, um dos principais obstáculos que a gestão florestal enfrenta hoje é a falta de viabilidade econômica e a dependência de recursos públicos. “Para fechar o círculo, a ideia é levar produtos ao mercado.” A iniciativa surgiu do trabalho conjunto de três associações agroecológicas: a Cooperativa Eixarcolant, a Fundação Emys e a Cooperativa Sambucus, todos com experiência na transformação do sistema alimentar para lidar com a perda de biodiversidade na Espanha.


O projeto é desenvolvido em 12 fazendas administradas em regime de custódia, que contam com espécies como o medronheiro, o pinheiro, o abrunheiro, a azinheira e a roseira brava, das quais se derivam diferentes produtos. As espécies selecionadas atendem a três critérios: são abundantes nos sistemas florestais espanhóis mais ameaçados pelas mudanças climáticas; possuem alto interesse organoléptico e nutricional inexplorado; e as medidas de gestão aplicadas para promover a sua utilização visam à melhoria do hábitat florestal e da sua biodiversidade, envolvendo os proprietários no processo.


“Criar espaços abertos dentro de uma floresta para priorizar a presença de uma cerejeira-pastor ou favorecer áreas de matagal com roseira brava e abrunheiro, por exemplo, atrai mais pássaros e pequenos répteis”, explica Casabosch, que aponta o abandono de atividades dentro dos sistemas florestais como um problema. “Esperamos demonstrar que é possível desenvolver uma economia local ao mesmo tempo em que promovemos a biodiversidade e a resiliência dos sistemas florestais.”

O projeto fará uma comercialização piloto de 500 unidades dos 30 produtos mais bem avaliados. "Se desses 30, 10 forem o máximo, buscaremos uma saída para eles", diz Casabosch. Essa solução passaria por alianças com pequenos produtores e grandes fabricantes de alimentos capazes de produzir alimentos em massa. “É uma forma da floresta chegar ao prato e do que trazemos ao prato ser uma oportunidade de gerir melhor a floresta”, afirma. O projeto busca replicar o modelo de produção em outras regiões da Espanha.

Helena Moreno, chefe de agricultura e sistemas alimentares sustentáveis ​​do Greenpeace, destaca que a Espanha é um dos “pontos quentes” de biodiversidade do planeta, pois possui uma alta diversidade de espécies vegetais e animais. 

No entanto, ela argumenta que o território espanhol sofre de alta degradação do solo, devido à pressão exercida pelo sistema alimentar sobre as terras agrícolas, por isso projetos de agroecologia desempenham um papel fundamental. Ao mesmo tempo em que conservam e geram matéria orgânica, um processo fundamental para a captura de carbono e adaptação às mudanças climáticas, eles fertilizam o solo. “A mitigação e a adaptação garantem a segurança alimentar”, conclui.


https://fundacion-biodiversidad.es/proyecto_prtr/plantas-olvidadas-valorizacion-de-alimentos-forestales-para-una-gestion-sostenible-del-territorio/


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