O CASABE NA VENEZUELA


O alimento mais antigo documentado na Venezuela é o casabe, um pão de mandioca brava que os indígenas taínos, caribes e arawak preparavam muito antes da chegada dos europeus.

Documentação mais antiga

O primeiro registro escrito sobre o casabe em território venezuelano vem de Cristóvão Colombo, que em sua terceira viagem (1498) chegou à foz do rio Orinoco e observou como os indígenas preparavam esse pão seco e resistente. Em suas cartas aos Reis Católicos, descreveu como os nativos ralavam a mandioca, extraíam o líquido tóxico e cozinhavam a massa sobre pedras quentes chamadas budares.

Mais tarde, Gonzalo Fernández de Oviedo, em sua História geral e natural das Índias (1535), documentou com mais detalhes a preparação do casabe e sua importância na alimentação indígena e colonial. O cronista Frei Pedro Simón, no século XVII, também mencionou seu uso em comunidades indígenas e crioulas.

O casabe foi crucial para a alimentação dos conquistadores e viajantes, pois sua longa durabilidade o tornava.

O casabe é um tipo de pão achatado e circular de tamanhos variados, mas sempre maior do que uma tortilha tradicional

Com sua textura crocante e sabor neutro, o casabe, uma tortilha à base de mandioca de origem indígena, foi incluída, na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO.

Casabe na Venezuela: História, Cultura e Tradição

O casabe é um dos alimentos mais tradicionais da Venezuela, com uma história que remonta a milhares de anos. Esse pão fino e crocante, feito a partir da mandioca brava (Manihot esculenta), é um dos principais legados das culturas indígenas taína, caribe e arawak, e continua sendo amplamente consumido no país.


Origens Indígenas e Processo de Produção

Os povos indígenas desenvolveram técnicas específicas para processar a mandioca brava, eliminando seu ácido cianídrico tóxico. O preparo do casabe envolve:

1. Ralar a mandioca – A raiz é descascada e ralada finamente.

2. Extração do líquido tóxico – A massa ralada é colocada em um tipiti (um cesto cilíndrico trançado) para ser espremida, removendo o líquido venenoso.

3. Secagem e peneiramento – A massa seca é peneirada até formar um pó fino.

4. Cocção em budare – A farinha resultante é espalhada sobre uma pedra quente chamada budare e assada até formar discos finos e crocantes.

Esse método ancestral continua sendo utilizado nas comunidades indígenas e rurais da Venezuela.

Importância Cultural e Consumo Atual

O casabe desempenhou um papel fundamental na dieta indígena e foi rapidamente adotado pelos colonizadores espanhóis devido à sua longa durabilidade, ideal para viagens e expedições. Durante a colonização, tornou-se um alimento básico tanto para indígenas quanto para crioulos e africanos escravizados.

Hoje, o casabe é consumido em várias partes da Venezuela, especialmente nas regiões dos Llanos e no oriente do país. Ele pode ser degustado puro, acompanhado de queijo, carne assada ou molhos típicos como o guasacaca. Em algumas regiões, é servido com café e mel, enquanto em outras é usado como substituto do pão.

Nos últimos anos, o casabe tem ganhado popularidade como um alimento saudável e sem glúten, sendo valorizado por sua leveza, crocância e benefícios nutricionais.

Casabe na Culinária Venezuelana

Embora tradicionalmente seja um alimento simples, o casabe tem sido reinventado por chefs e cozinheiros venezuelanos. Algumas formas modernas de consumo incluem:

•Casabe com queijo e manteiga derretida, servindo como entrada ou acompanhamento.

•Mini pizzas de casabe, com cobertura de queijo, tomate e ervas.

•Casabe tostado com alho e azeite, similar a uma torrada.

•Casabe com guisos (ensopados) venezuelanos, como carne mechada ou pabellón criollo.

Além disso, há iniciativas para valorizar a produção artesanal de casabe e promover sua exportação como um produto de origem .


Casabe e sua Conexão com Outras Culturas


O casabe não é exclusivo da Venezuela. Ele também faz parte da culinária de outros países do Caribe e da América do Sul, como Colômbia, República Dominicana, Cuba e Brasil (onde é conhecido como beiju em algumas regiões). Sua presença em diversas culturas demonstra a importância histórica desse alimento ancestral.

O casabe, portanto, é muito mais do que um simples pão indígena: é um símbolo da resistência e da continuidade das tradições alimentares na Venezuela.


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