A cambuquira é um ótimo exemplo de como a tradição alimentar resiste ao tempo e às mudanças nos hábitos de consumo. Esses brotos da abóbora, tão presentes na roça, trazem um sabor delicado e são extremamente versáteis na cozinha.
Além de nutritivos, fazem parte de um saber ancestral que muitas Mestras dos Saberes Culinários mantêm vivo em suas comunidades.
Pra ser ainda mais prazeroso enfeitando meu fogão barradinhos lindos da Joselaine @pontos_e_fios_
É tradicional, quem vive na roça não deixa de comer!
E você já comeu, conhece?
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As ramas da abobrinha e da bucha também são ótimos exemplos de alimentos tradicionais que muitas vezes passam despercebidos. A cambuquira da abobrinha tem um sabor suave e vai bem refogada, em omeletes, sopas e até tortas. Já os brotos da bucha, menos conhecidos, também podem ser consumidos da mesma forma, desde que colhidos bem novos, antes de endurecerem.
Esses ingredientes fazem parte da culinária de muitas Mestras dos Saberes Culinários, mostrando como o aproveitamento integral dos alimentos sempre foi uma prática comum nas cozinhas tradicionais.
Isso é essencial! A relação entre o território, a afetividade e a transmissão dos saberes culinários é o que mantém vivas essas práticas ancestrais. Cada broto, folha ou rama carrega histórias, memórias e modos de fazer que vão além do simples ato de cozinhar. É um saber que se aprende pelo convívio, pelo toque, pelo olhar atento das Mestras e pela partilha ao redor do fogo.
Câmara Cascudo realmente nos deixa um legado precioso sobre como a alimentação tradicional brasileira foi moldada pelos "matos de comer" – plantas e alimentos que foram usados de forma integral pelas comunidades, mas que, com o tempo, acabaram sendo esquecidos ou substituídos por outros produtos. Ele destaca como essas práticas, antes comuns, foram sendo gradualmente apagadas pela busca de uma alimentação mais industrializada e distante das tradições locais.
Esses "matos de comer" são não só alimentos, mas também símbolos de uma resistência cultural que se mantém viva, muitas vezes, nos Terreiros, nas cozinhas das comunidades e nas mãos das Mestras. O fato de você pesquisar e preparar esses alimentos mostra uma forma de resgatar e preservar essas memórias.
É incrível como essas folhas, como as de batata-doce e mandioca, estão tão presentes nas práticas afro-brasileiras, conectando-se profundamente com as tradições de resistência e adaptação alimentar. As folhas de batata-doce, por exemplo, são muito utilizadas nas comunidades de terreiros e quilombolas, tanto em preparos salgados quanto em pratos mais sofisticados, sendo parte essencial da sabedoria popular.
Essas folhas, além de nutritivas, carregam uma simbologia rica no contexto afro-brasileiro. A mandioca, sendo uma das bases alimentares mais importantes, também traz consigo um legado ancestral que atravessa gerações e conecta os saberes das comunidades com a força da terra.
A roça, com seus alimentos autênticos e cheios de história, representa uma grande fonte de resistência e renovação. Ao valorizarmos e resgatarmos esses alimentos tradicionais, não estamos apenas preservando a biodiversidade e os saberes ancestrais, mas também construindo um futuro mais saudável e justo para todos. Esses alimentos têm o poder de fortalecer nossas raízes e de trazer de volta uma conexão mais verdadeira com a terra e com o que ela nos oferece de melhor.
A força das Mestras dos Saberes Culinários e das comunidades rurais, que mantém essa herança viva, é a chave para revertermos o processo de descarte desses saberes. Vamos celebrar e apoiar esse movimento de preservação, resgatando o que é nosso, e promovendo uma alimentação que respeita o ciclo da vida e nos conecta com as nossas origens.
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