O QUE NÃO TE CONTARAM SOBRE O AGRONEGÓCIO

Apesar da propaganda que o pinta como o grande motor do Brasil, o setor sempre operou de forma estratégica para garantir privilégios, influência política e benefícios estatais. 

E, quando percebeu que um governo democrático poderia ameaçar sua hegemonia – seja pela regulação ambiental, seja pelo fortalecimento da agricultura familiar –, parte de seus representantes não hesitou em financiar uma tentativa de golpe militar.

Historicamente, os governos Lula e Dilma não apenas conviveram com o agronegócio, mas também o beneficiaram amplamente, com crédito subsidiado, isenções fiscais e investimentos em infraestrutura que garantiram sua expansão. No entanto, isso nunca foi suficiente para um setor acostumado a ser tratado como prioridade absoluta. Sempre que seus interesses pareciam minimamente ameaçados, sua resposta foi dura: apoio a retrocessos políticos e alinhamento com forças que buscam desmontar políticas públicas voltadas ao desenvolvimento social.

Agora, com um governo que reforça a agricultura familiar e prioriza a segurança alimentar, o agronegócio demonstra novamente sua face mais cruel, resistindo às mudanças e se posicionando contra qualquer iniciativa que descentralize seu poder. Diante desse cenário, é fundamental questionar: para quem, afinal, o agronegócio trabalha? Porque, definitivamente, não é para o povo.

O envolvimento do Agronegócio na trama golpista está relacionado a um cenário de disputas de poder e interesses entre grandes setores econômicos e a tentativa de controle político. Durante os governos democráticos de Lula e Dilma, o Agronegócio foi fortemente prestigiado, mas sempre em um contexto de diálogo e construção de políticas públicas que buscavam o equilíbrio entre os grandes produtores e a agricultura familiar, reconhecendo a importância de ambos para a economia nacional.

No período de Lula, por exemplo, o Agronegócio foi incentivado com políticas que envolveram a expansão de crédito, apoio a exportações e a adoção de uma política de incentivo ao aumento da produção agrícola. No entanto, também foi o governo que passou a promover, de forma mais estruturada, políticas de apoio à agricultura familiar, com programas como o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que visavam a inclusão social e o fortalecimento de pequenos agricultores, favorecendo uma alimentação mais saudável e sustentável para o país.

No governo Dilma, as relações com o setor agrícola continuaram a ser priorizadas, com a criação de novas linhas de crédito e medidas de incentivo à modernização e sustentabilidade no campo. O agronegócio, com sua grande representatividade no PIB brasileiro e suas forças políticas no Congresso, foi, então, um setor de apoio crucial ao governo, mas também se tornou uma das forças impulsionadoras de críticas e divisões políticas com o governo petista.

Após o impeachment de Dilma e com a ascensão de um novo governo, um grande investimento foi direcionado para a promoção da agricultura familiar, especialmente em um contexto de crítica ao modelo econômico neoliberal que visava priorizar o agronegócio em detrimento de outros setores, como a agricultura familiar. A gestão atual, por meio de políticas como o Plano Safra e a reforma agrária, buscou fortalecer a agricultura familiar, utilizando recursos federais e estaduais para promover a inclusão social e a sustentabilidade no campo, mas também se alinhando a interesses do agronegócio, dependendo da abordagem adotada para os projetos e a distribuição de recursos.

Esses investimentos na agricultura familiar, contrastando com as políticas voltadas ao Agronegócio, revelam a persistente tensão entre os dois setores e as diferentes estratégias de desenvolvimento econômico no campo. No entanto, é importante notar que tanto o agronegócio quanto a agricultura familiar têm papéis centrais no desenvolvimento agrícola do Brasil, embora com abordagens distintas de produção e distribuição de riquezas.

Os governos democráticos no Brasil, especialmente sob Lula e Dilma, sempre mantiveram uma relação estratégica com o agronegócio, garantindo subsídios, incentivos fiscais e linhas de crédito que favoreceram o crescimento do setor. Embora houvesse um foco na agricultura familiar e na reforma agrária, o agronegócio foi amplamente beneficiado por políticas de Estado.


Principais benefícios concedidos ao agronegócio nos governos democráticos:


1. Crédito farto e subsidiado

O Plano Safra, lançado anualmente, sempre direcionou bilhões para a agricultura empresarial. No governo Dilma, por exemplo, o crédito rural total passou de R$ 107 bilhões (2011/2012) para R$ 187 bilhões (2015/2016), sendo a maior parte destinada ao agronegócio.

As taxas de juros para grandes produtores foram historicamente mais baixas do que as do mercado, permitindo expansão da produção com custos reduzidos.


2. Incentivos fiscais e isenções

O setor recebeu isenções de impostos sobre exportação de produtos agrícolas, como soja e carne, por meio da Lei Kandir, garantindo competitividade internacional.

Perdão de dívidas e refinanciamentos foram constantes, com programas de renegociação que aliviavam a carga financeira dos grandes produtores.

3. Infraestrutura e logística

Os governos investiram fortemente em rodovias, ferrovias e portos, facilitando o escoamento da produção agrícola para exportação. O Programa de Investimentos em Logística (PIL), lançado em 2012, focou especialmente no agronegócio.

4. Expansão de terras e regularização fundiária

Apesar de políticas voltadas à reforma agrária, houve avanços na regularização de terras para grandes produtores, facilitando a expansão do agronegócio em áreas de cerrado e Amazônia.

A Relação Tensa com o Setor

Mesmo com esses benefícios, o agronegócio manteve uma postura política majoritariamente conservadora, alinhando-se à oposição em momentos-chave, como durante o impeachment de Dilma. O setor rejeitava regulações ambientais mais rígidas e políticas trabalhistas que protegiam trabalhadores rurais.

Atualmente, há um foco maior na agricultura familiar, mas sem descartar incentivos ao agronegócio, já que ele segue sendo um pilar da economia. A diferença está na ênfase da política pública: antes equilibrada entre os dois setores, agora com um peso maior para pequenos produtores e segurança alimentar.


Com redução de juros para produção de alimentos, Plano Safra da Agricultura Familiar chega ao recorde de R$ 76 bilhões

Com nova linha para financiamento de máquinas agrícolas de pequeno porte, ampliação do microcrédito rural, com limite específico para a juventude, e criação de fundos que ampliam o acesso ao crédito. Ao todo, serão R$ 85,7 bilhões para alavancar a agricultura familiar brasileira

O governo brasileiro tem demonstrado um compromisso significativo com o fortalecimento da agricultura familiar nos últimos anos. Em julho de 2024, foi anunciado um investimento recorde de R$ 76 bilhões no Plano Safra da Agricultura Familiar, com redução de juros para a produção de alimentos básicos. Esse montante visa ampliar o crédito rural disponível para pequenos produtores, incentivando a produção sustentável e garantindo a segurança alimentar no país.

Além disso, o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) destinou R$ 71,6 bilhões para a safra 2023-2024, representando um aumento de 34% em relação ao ano anterior e estabelecendo um novo recorde histórico. Esses recursos têm sido fundamentais para proporcionar mais operações de crédito e um maior volume de financiamento aos pequenos produtores. 

Historicamente, durante os governos de Lula e Dilma, o agronegócio também recebeu apoio substancial. O volume de recursos destinados à agricultura empresarial aumentou de R$ 20,54 bilhões no Plano Safra 2002/2003 para R$ 187,70 bilhões no Plano Safra 2015/2016, um crescimento de 813,83%. 

Esses dados evidenciam que, embora o agronegócio tenha sido amplamente apoiado em governos anteriores, o foco atual está na promoção da agricultura familiar, com investimentos significativos e políticas públicas direcionadas para fortalecer os pequenos produtores e garantir a segurança alimentar no Brasil.



https://www.gov.br/mda/pt-br/noticias/2024/07/comida-no-prato-com-reducao-de-juros-para-a-producao-de-alimentos-basicos-psaf-chega-ao-recorde-de-r-76-bilhoes-no-credito-rural


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