MATTRICARIA, PROJETO DE PESQUISA DA FLORA TINTORIAL

Decidi olhar para o Brasil que, aliás, tem a maior biodiversidade vegetal do planeta. Temos muito o que conhecer, explorar, estudar, admirar aqui. Pesquisadores dizem que a cada três horas é descoberta uma nova planta nativa nacional. Temos muito potencial, mas precisamos de políticas públicas, investimentos para atuar nesse segmento de forma menos artesanal e manual. É necessário agregar tecnologia às práticas tradicionais”.

Além da pesquisa da flora brasileira tintorial, o ateliê dispõe de serviço de tinturaria natural para empresas com a intenção de fortalecer a preservação dos métodos tradicionais têxteis e ampliar o acesso aos benefícios do tingimento natural. 

Ela trabalha exclusivamente com fibras naturais e conta com uma cartela de cores desenvolvida de acordo com a sazonalidade das plantas tintoriais selecionadas para o calendário anual.

O SENAI CETIQT promoveu a live “Processos Naturais de Acabamentos Têxteis”, mediada pela consultora do Instituto SENAI de Tecnologia de Confecção Michelle Souza e com a participação da criadora do projeto Mattricaria, a brasiliense Maibe Maroccolo. O Brasil é o país com a maior biodiversidade vegetal do planeta e a conversa girou em torno do projeto voltado para a pesquisa da flora brasileira tintorial e que tem como premissa a promoção da cultura de sustentabilidade na produção têxtil e artística em busca de modificar a racionalidade de produção e consumo fortalecendo a preservação de métodos tradicionais e saberes originários. A Mattricaria, criada há oito anos, dispõe de serviço de tinturaria natural para empresas com a intenção de fortalecer a preservação dos métodos tradicionais têxteis e ampliar o acesso aos benefícios do tingimento natural. Ela trabalha exclusivamente com fibras naturais e conta com uma cartela de cores desenvolvida de acordo com a sazonalidade das plantas tintoriais selecionadas para o calendário anual.

Ao colocar a mão na massa, Maibe resolveu focar nas plantas brasileiras: “Não importo nenhum pigmento. No começo das pesquisas, vi que havia muito tingimento e manualidades de tintureiras na América do Norte. Mas se temos climas diferentes, territórios diferentes, vegetações diferentes nos dois hemisférios, obviamente teremos cores diferentes. Decidi olhar para o Brasil que, aliás, tem a maior biodiversidade vegetal do planeta. Temos muito o que conhecer, explorar, estudar, admirar aqui. Pesquisadores dizem que a cada três horas é descoberta uma nova planta nativa nacional. Temos muito potencial, mas precisamos de políticas públicas, investimentos para atuar nesse segmento de forma menos artesanal e manual. É necessário agregar tecnologia às práticas tradicionais”.

Em sua pesquisa, a Mattricaria costuma partir da coleta de campo. A equipe leva o material para o ateliê e faz a análise do tingimento natural em diferentes tipos de tecido, além, claro, de desenvolver tintas – e não apenas para tecidos: nos últimos três anos, a empresa está envolvida numa profunda busca de conhecimento sobre tintas medievais, aglutinantes e fixadores utilizados pelos grandes artistas e pintores. A ideia é desenvolver técnicas e novas maneiras de produzir tinturas adaptando-as ao cenário brasileiro atual. “Temos mais de 600 espécies catalogadas em nosso ateliê com diferentes cores. Fazemos, também, testes de solidez à luz: cores que desbotam com mais facilidade, as que têm teor mais forte de tanino, as mais utilizadas para o tingimento de peças comerciais e por aí vai”, afirma Maibe Maroccolo.

E acrescenta: “Um dos pilares com que a gente trabalha é a educação, então eu falo sempre em compartilhar saberes. Além da nossa pesquisa, eu sentia que as pessoas tinham muita vontade de colocar a mão na massa. Somos curiosos por natureza.

Os cursos trazem esse resgate de memórias afetivas. Esses saberes artesanais, processos manuais propiciam essa reconexão nossa com os pequenos prazeres da vida, da nossa infância, de um sabor, de um cheiro e de cores. 

A gente sentiu a necessidade de compartilhar esses saberes”.


PILARES



– RESGATE DE SABERES TRADICIONAIS. A prática de tingimento natural ou de desenvolvimento de tintas e pigmentos não é nova. O que fazemos é estudar e pesquisar bastante. São inúmeras horas de testes entre erros e acertos. Às vezes temos uma receita já fechada, erramos e criamos uma tinta nova, uma cor nova. Essa flexibilização do nosso pensamento é interessante: nós, como humanos e não máquinas produzindo.

– VALORIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE BRASILEIRA. Para mim, poder olhar para dentro enquanto país, trazer nossos pontos positivos, todo o nosso melhor, toda a potência do universo plantar brasileiro é um ponto chave.

– PARCERIA COM PRODUTORES. Isso é importante, inclusive dentro da Economia Circular.

– SOLUÇÕES AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEIS. Não é um trabalho fácil. É um trabalho de formiguinha, estamos contra o fluxo nesse desenvolvimento que é trabalhoso, lento, porém satisfatório (reaproveitamos toda a água da produção, descartamos toda a matéria-prima corretamente).

DICA DE OURO

Conecte-se com a sua própria natureza. De diferentes maneiras: a natureza interna e a natureza local.

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