Tecnologia Social: um caminho possível para o comércio justo de alimentos agroecológicos

Projeto busca unir as pontas de produção e consumo e promover a criação de condições mais favoráveis para implementação de comércio justo de alimentos agroecológicos.

Após 1988, a nova constituição definiu parâmetros de proteção da floresta, delimitação de territórios indígenas, quilombolas, além de um dos contextos mais avançados internacionalmente para a participação da sociedade civil na formulação de políticas no campo.

No entanto, na ponta do consumo, verificamos insuficientes canais de comercialização, frequentemente dispondo de poucas centrais de logística ou redes de supermercado cujas sedes não se encontram em território nacional, privando a economia local de importante circulação financeira e configurando um cenário de poucas e desequilibradas oportunidades de acesso a alimentos de qualidade, orgânicos e agroecológicos, que possuem grande potencial de regenerar ecossistemas.

Para unir as pontas de produção e consumo e promover a criação de condições mais favoráveis para implementação de comércio justo de alimentos agroecológicos, o projeto “Da Amazônia para Belém: Fomento a Sistemas Locais de Alimentos Regenerativos” se voltou para a cocriação de uma Tecnologia Social, juntamente com atores do território de Belém.

O projeto foi desenvolvido pelos Institutos Fronteiras do Desenvolvimento e Regenera, com o apoio do Instituto Clima e Sociedade (iCS).

2. Transparência como princípio

Uma das grandes diferenças entre o comércio convencional e iniciativas de comércio justo é a maneira como o cliente percebe que, juntamente com os produtos, ele também consome informações sobre seus aspectos socioambientais, origem, curiosidades e composição do preço. Estas informações são de extrema importância tanto para uma ampliação do conhecimento dos consumidores sobre seus hábitos alimentares, quanto para desfazer a percepção de que “comida é tudo igual” ou que “não existe alternativa aos canais convencionais”.

3. Governança em rede

Um dos maiores desafios para a criação de novos formatos justos de comercialização está na maneira como os modelos de negócios são estruturados. Esse aspecto é importante tanto para construir modelos de gestão mais horizontais quanto para preservar a autonomia das pessoas envolvidas e as formas como essas iniciativas interagem com o mercado e o entorno onde se inserem. Maiores são as chances de estabilidade institucional se essas iniciativas se reconhecem como partes integrantes de redes mais amplas de colaboração e trocas de experiências.

4. Formação de hábito

O estabelecimento de novos pontos de comercialização e o fortalecimento de novas cadeias de circulação de produtos demandam o convencimento dos consumidores de que as novas experiências e escolhas propostas trazem benefícios que os canais convencionais não permitem ou não garantem. Esses benefícios podem ser desde maior diversidade de produtos, com mais aspectos práticos positivos para a saúde, e vinculados a escolhas que promovem mais bem-estar social. Isso significa que é preciso adotar ações contínuas de educação ao consumidor, divulgação dos produtos, seus benefícios e suas origens, e constante ampliação da visibilidade dos locais onde estes podem ser encontrados.

5. Garantia de Acesso

benefícios e suas origens, e constante ampliação da visibilidade dos locais onde estes podem ser encontrados.


5. Garantia de Acesso

Um dos maiores impeditivos para a ampliação do mercado de alimentos orgânicos, agroecológicos e sem agrotóxicos é a percepção (e, em muitos casos, o fato) de que são inacessíveis à maioria da população. Com frequência essa restrição se traduz no preço cobrado por esses produtos, mas também se reflete em fatores como: localização geográfica ou o aspecto elitista dos pontos de comercialização, a dependência de um conhecimento prévio sobre os benefícios destes produtos para a saúde. Diante disso, iniciativas justas de comércio de alimentos devem sempre questionar a quem se destinam - sempre buscando contemplar o máximo de pessoas e eliminar o maior número de barreiras que impeçam um acesso mais amplo ao que é oferecido.


traduz no preço cobrado por esses produtos, mas também se reflete em fatores como: localização geográfica ou o aspecto elitista dos pontos de comercialização, a dependência de um conhecimento prévio sobre os benefícios destes produtos para a saúde. Diante disso, iniciativas justas de comércio de alimentos devem sempre questionar a quem se destinam - sempre buscando contemplar o máximo de pessoas e eliminar o maior número de barreiras que impeçam um acesso mais amplo ao que é oferecido.


6. Política de Resíduos

O percentual de perdas e desperdícios de alimentos ainda é significativo, chegando a 30% dos alimentos pós-colheita, em média, no Brasil segundo a FAO, braço das das Nações Unidas para Alimentação. Enquanto mais de 33 milhões se encontram em situação de fome no país, muitos dos alimentos que são descartados ainda se encontram em condições adequadas para o consumo.

Outros, não mais adequados para consumo, poderiam ser compostados e transformados em nutrientes para a produção de alimentos, valorizando os recursos naturais que foram utilizados no seu plantio. O desperdício de alimentos pode ser reduzido por meio de ações que envolvem ambos estabelecimentos e consumidores. 

O volume de resíduos sólidos gerados ao longo da produção e comercialização de alimentos vem aumentando, o que também demanda uma atenção especial para a sua destinação adequada por parte dos estabelecimentos e seus consumidores, seguindo os princípios de responsabilidade compartilhada.

É nos sistemas alimentares que estão os principais pontos de alavancagem para uma transformação sistêmica dos modelos de produção e consumo, para migrarmos do atual ciclo vicioso de degradação socioambiental para uma rota mais segura de regeneração, que promova inclusão social e segurança alimentar. Por isso, é central conhecer e incorporar aos estabelecimentos de comercialização, os atributos que suportam a produção e consumo de alimentos agroecológicos.

Fonte: UmsóPlaneta

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