NA RODA DA VIDA ☆MESTRE BOCA RICA GUARDIÃO DA ORALIDADE
Ele fez parte da geração de mestres que ajudou a fortalecer o legado deixado por Mestre Pastinha, considerado o grande guardião da Capoeira Angola.
Nascido em Maragogipe, no recôncavo baiano, em 26 de novembro de 1936, Manoel Silva, o Mestre Boca Rica, veio para Salvador aos 15 anos e se filiou na Academia de Mestre Pastinha, acompanhando-o até seus últimos dias.
Boca Rica tinha um vasto conhecimento sobre a oralidade, os rituais e a musicalidade da capoeira, sendo também um grande contador de histórias e defensor da cultura afro-brasileira. Seu nome está associado a rodas tradicionais e ao ensino de fundamentos que vão além da luta, incluindo valores como respeito, estratégia e ancestralidade.
Mestre Boca Rica era reconhecido como um guardião da oralidade na Capoeira Angola. Ele valorizava profundamente a tradição da palavra falada, transmitindo conhecimentos não apenas sobre os movimentos da capoeira, mas também sobre sua filosofia, história e espiritualidade. Para ele, a oralidade era um pilar fundamental da cultura afro-brasileira, conectando gerações e garantindo que os ensinamentos dos mais velhos não se perdessem.
Um fato interessante é que Boca de Ouro era um exímio contador de histórias e tinha um repertório vasto de "ladainhas" – versos cantados no início das rodas de Capoeira Angola, que carregam mensagens filosóficas, reflexões sobre a vida e homenagens aos mestres antigos. Ele também enfatizava o respeito pelos mais velhos e ancestrais, reforçando que a capoeira não era apenas uma luta, mas um caminho de aprendizado e transformação.
Dizem que ele tinha um grande respeito pela palavra falada e que evitava alterar histórias antigas sem ter certeza da sua autenticidade. Em rodas de conversa, ele sempre dava espaço para os mais velhos falarem antes, seguindo a tradição de respeitar quem veio antes e abriu caminho. Esse compromisso com a oralidade e o respeito pela ancestralidade fizeram dele uma figura essencial na preservação da Capoeira Angola.
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