BEIJÚ MOLHADINHO: QUANDO O NOME DA RECEITA CARREGA MEMÓRIAS E AFETO

A culinária popular da Bahia é marcada por uma relação profunda e afetiva com a língua e a memória coletiva.

Esses alimentos não apenas alimentam o corpo, mas também carregam histórias e simbolismos enraizados na cultura local.

A começar, na culinária baiana, o termo beiju é tradicionalmente utilizado para se referir ao que, em outras regiões do Brasil, é chamado de tapioca.

O beiju é um alimento ancestral, que remonta aos tempos dos povos indígenas que habitavam o Brasil antes da colonização. Feito a partir da fécula de mandioca, o beiju sempre foi uma parte essencial da culinária brasileira, especialmente no Nordeste.

A palavra "beijú" tem origem na língua tupi, derivada de "mbeyu", que significa "o que se coagula" ou "o que se solidifica". O termo faz referência à forma como a massa da mandioca se junta ao ser cozida na chapa quente, formando uma espécie de panqueca ou tapioca.

O beijú é um alimento tradicional dos povos indígenas do Brasil e ainda hoje é amplamente consumido, especialmente no Norte e Nordeste, onde pode se referir tanto à tapioca quanto a variações de biscoitos ou massas feitas com fécula de mandioca.

O beiju, por exemplo, tem uma trajetória que reflete mudanças na forma de consumo ao longo do tempo. O que conhecemos hoje como beiju, tradicionalmente seco e preparado na frigideira, teve uma versão anterior chamada "beiju de tapioca", que era servido úmido e recheado com leite de coco seco. 

Sua preparação seguia um ritual cuidadoso: o alimento era envolvido em folhas de bananeira, o que conferia um aroma e sabor especiais. Essa versão mais antiga cedeu espaço para a praticidade do beiju seco, mas ainda vale ser lembrada e registrada como parte do Patrimônio Culinário da Bahia.

Mais do que simples receitas, esses alimentos carregam uma forte relação com a terra e com os saberes ancestrais, preservando técnicas indígenas e africanas que moldaram a identidade culinária do estado. 

O beiju, feito a partir da mandioca, representa essa conexão com a terra, o tempo e a memória, reafirmando o papel da comida como um elo entre passado e presente.

Como fazer Beijú molhadinho e molinho para substituir o pão francês no café da manhã

Começar seu dia com muita energia e sabor, preparando essa receita de tapioca molhadinha. Você nunca provou nada igual!

O Beijú molhadinha, nada mais é do que uma deliciosa maneira de preparar uma delícia para saborear no café da manhã ou lanche da tarde.

Fica com uma textura úmida e irresistível, e um sabor de dar água na boca. Confira o passo a passo dessa versão, e faça, você vai adorar.

BEIJÚ UMA RELAÇÃO DE AFETO


Dona Amália, conhecida carinhosamente como Nenzinha

No coração do Recôncavo Baiano, em uma cidade chamada Sapeaçu surgiu uma nova receita, que transformou a economia local, impulsionada por uma mulher humilde e inovadora. Dona Amália, conhecida carinhosamente como Nenzinha, não apenas reinventou uma receita clássica que vem dos primórdios indígenas e se tornaria famosa, mas também desempenhou um papel fundamental no empoderamento feminino de sua comunidade na década de 70. 

Esta é a história de como o beiju de tapioca com coco molhado se tornou parte da identidade Baiana. 

Na década de 1970, Dona Nenzinha recebeu uma sugestão simples, mas que mudaria sua vida e a de sua comunidade para sempre. Uma mulher de Cruz, uma cidade vizinha, sugeriu que ela experimentasse adicionar coco ao beiju. 

Dona Nenzinha não apenas aceitou a sugestão, mas decidiu levar a ideia adiante, adicionando açúcar e molhando o beiju no leite de coco. O resultado foi uma iguaria que conquistou rapidamente o paladar dos moradores locais e se espalhou por toda a região. 

O legado do beiju de tapioca com coco

A venda do beiju de coco molhado tornou-se uma importante fonte de renda para muitas mulheres da cidade, que seguiam os passos de Dona Nenzinha. Em uma época em que as oportunidades econômicas para as mulheres eram limitadas, essa receita proporcionou uma forma de empoderamento e independência financeira. 

Hoje, a história de Dona Nenzinha e sua receita continua viva em Sapeaçu e em todo o Recôncavo Baiano. O beiju de tapioca com coco se tornou mais do que um simples prato. Muitas das mulheres que aprenderam a fazer o beiju da Dona Nenzinha continuam a preparar e vender essa iguaria, passando de geração em geração. A receita se tornou parte da identidade cultural da cidade e uma fonte de orgulho para seus moradores.

Beiju de tapioca molhadinho com leite de Coco 

Para o preparo do Beiju 

Ingredientes:

1/2 kg de goma peneirada pitada de sal leite de coco para molhar a tapioca com uma pitada de sal (de preferência feito em casa com coco fresco ralado passado no liquidificador com 1 copo de água quente e coado em peneira, depois coloca-se o sal) 

Modo de preparo: 

Em uma frigideira quente, colocar 3 colheres de sopa de goma, espalhar com a colher, deixar em fogo baixo. 

Com a colher verificar se a tapioca está solta do fundo da panela, então é hora de virar com cuidado ou salteando-a (jogando a tapioca para o alto para que vire ao contrário e recebendo-a de volta na frigideira). 

verificar novamente se está solta do fundo da frigideira e colocar em um prato ou em cima de folha de bananeira dobrando a tapioca em forma de meia lua. 

Repita o processo até terminar toda a goma. 

Reserve até esfriar. 

Já com a tapioca e o leite de coco frios, iniciar o processo de molhar a tapioca, imergindo-a no leite com cuidado e rapidamente, depois levando-a ao prato ou a palha de bananeira. 

Se necessário, colocar mais leite de coco nas tapiocas. depois é só se servir.


@elcocineroloko

📣 Conheça nossas páginas:

Facebook: @elcocineroloko

Instagram: @charoth10



Comentários

Postagens mais visitadas