Gelatina de pele de tambaqui é alternativa sustentável desenvolvida pela Embrapa

Pesquisadores da Embrapa encontraram uma alternativa para substituir a gelatina convencional desenvolvida a partir do couro bovino e suíno, obtendo sucesso na produção de gelatina a partir da pele do tambaqui (Colossoma macropomum), peixe nativo brasileiro de grande relevância econômica.

Normalmente, a pele, as escamas e a cabeça do tambaqui são usadas para fabricar ração para peixes. No entanto, a gelatina produzida a partir da pele tem aplicações alimentícias e farmacêuticas, transformando-se em um coproduto de maior valor agregado. 

As propriedades observadas indicam que a gelatina de pele de tambaqui pode ser utilizada em filmes, microcápsulas para remédios e espessantes, contribuindo também para a redução de resíduos na cadeia do pescado.

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional, com rendimento de extração de aproximadamente 53%, força de gelificação adequada (força de Bloom média) e baixos níveis de turbidez. 

A temperatura de gelificação observada (16 °C) é compatível com a da gelatina bovina comercial (17 °C).

Segundo o supervisor do Laboratório de Tecnologia da Biomassa da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), Adriano Mattos, a temperatura de início de degradação, em torno de 105 °C, favorece a aplicação da gelatina no desenvolvimento de novos materiais na indústria alimentícia e farmacêutica.

Com força de gel classificada como Bloom médio (123 ± 20 gramas), a gelatina da pele de tambaqui é adequada para a produção de determinados produtos, clarificação de bebidas e produção de cápsulas moles. O maior teor de aminoácidos sugere que a pele do tambaqui também poderia servir como uma fonte valiosa de peptídeos de colágeno.

“Explorar aplicações e estratégias para a utilização de resíduos do processamento de tambaqui contribui para o desenvolvimento de uma economia circular na indústria de processamento de pescado, aumentando potencialmente a renda do produtor e reduzindo o impacto ambiental associado ao descarte de resíduos”, afirma Jacintho.

As características da gelatina a tornam um material promissor para a produção de micropartículas, filmes e hidrogéis. A sequência desse trabalho já está em andamento, investigando a potencial aplicação deste material na produção de filmes como componentes de embalagens de alimentos.

Gelatina de boa qualidade

A gelatina da pele do tambaqui apresentou características adequadas aos padrões do produto convencional. O rendimento de extração foi de aproximadamente 53% (com base na pele inicial seca), poder de gelificação adequado (força de Bloom média), baixa turbidez e níveis significativos de aminoácidos, que influenciam na resistência do gel.



A força de gel (consistência) foi de 123 ± 20 gramas, o que a classifica como Bloom médio. As gelatinas comerciais são normalmente classificadas com base nos valores de Bloom alto (200-300 gramas), médio (100-200 gramas) e baixo (50-100 gramas). A cor esbranquiçada, inodora e sem turbidez está dentro dos requisitos comerciais da gelatina.


Canal Rural 

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