Startup do Paraná transforma resíduos em biotecido com o uso de fungos
#Inovaê
A startup Fungi Biotecnologia, de Ponta Grossa, no Paraná, desenvolveu uma alternativa de material ecológico que pode revolucionar o mundo da moda. Com o auxílio de fungos, como o cogumelo, a Muush, uma spin-off da organização, conseguiu criar um biotecido em que o toque se assemelha ao couro animal, mas é totalmente sustentável.
O material pode ser aplicado em diversos produtos, como roupas, calçados, acessórios e componentes automotivos. O cofundador e CEO da Muush, Antonio Carlos de Francisco, e a coordenadora de produção, Raquel Nobre Silva.
A inovação aproveita resíduos descartados da agroindústria para criar biotecidos duráveis e sustentáveis, oferecendo uma opção para substituir o couro animal ou sintético, ao mesmo tempo em que promove o reaproveitamento de materiais descartados.
Segundo Ubiratan Sá, um dos fundadores da startup, o processo extrai uma parte do cogumelo chamada micélio, a parte vegetativa do fungo composta por uma rede de filamentos finos e entrelaçados chamados hifas. Essa estrutura ramificada e emaranhada é utilizada para criar o tecido sustentável.
A produção do biotecido leva cerca de 22 dias, sendo 15 para o crescimento e mais 7 para o tratamento final. No processo, o fungo funciona como uma cola natural.
"A gente tirou da natureza duas coisas: os fungos e os materiais que vêm da atividade da agricultura, como o pó de serra, casca de arroz, bagaço de cana, bagaço de milho. A gente deixa primeiro isso completamente estéril para não ter nenhuma outra coisa e coloca os fungos dentro dele e ele se alimenta daquele material, como acontece na natureza. Quando a gente vê um cogumelo na natureza, ele está crescendo em cima de um material orgânico. E nós fazemos isso aqui de maneira controlada", explica Ubiratan.
🧫 Como é processo de fabricação 🍄
- 🫧 Em uma primeira etapa, os resíduos são misturados com água em uma betoneira, pesados e embalados para esterilização;
- 🌡️ Em seguida, são levados para uma autoclave, onde permanecem por uma hora e meia a 120ºC;
- 🧫 Após esse processo, os substratos são transferidos para salas de inoculação onde são adicionados o fungo (cogumelo), que se desenvolve formando uma camada semelhante à pele sobre os resíduos;
- 🖐️ Posteriormente o material vai para a sala de crescimento e depois retorna à sala de inoculação para extrair a pele já pronta num período de 12 a 18 dias;
- 📤 A bandeja com o resíduo é devolvida para a sala de crescimento, onde passa pela formação da segunda pele, que normalmente cresce em 7 a 10 dias;
- 👜 Saindo de lá, ela vai para o tratamento, para moldagem e etapa final do produto.
RPC
🔍 Impacto ambiental e perspectivas futuras 🌳
A ideia de criar o biotecido surgiu da observação de movimentos internacionais e da demanda crescente por alternativas ao couro de origem animal e fóssil.
Os produtos feitos com biotecido são notáveis pela versatilidade e pelo toque semelhante ao couro animal, sem os impactos negativos associados à produção.
A decomposição do biotecido, ainda em estudo, é projetada para ser rápida e segura para o meio ambiente, reforçando seu caráter ecológico.
G1
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