Freiras cultivam canábis e cultuam a cura através da medicina à base de plantas

Elas moram, rezam e trabalham juntas em nome da cura nos Estados Unidos e no México. Conheça essa história!

Por Yara Guerra

Imagine a cena: uma fazenda repleta de freiras que, além de viverem e rezarem juntas, também se dedicam ao cultivo e à venda da maconha.

Não é fantasia. Esse lugar existe e é operado por um grupo chamado Sisters of the Valley ("freiras do Vale" ou "irmãs do Vale", em tradução livre) – mulheres unidas pela missão de curar o mundo através da medicina à base de plantas.

Exceto que elas não são freiras católicas, propriamente ditas, mas usam as vestes para se proteger do narcotráfico e fazer uma provocação em um país extremamente religioso – o México.

Quem realmente são as freiras do Vale?

As Freiras do Vale são uma comunidade de mulheres de diferentes trajetórias e culturas que, hoje, moram e trabalham em fazendas, plantando maconha e produzindo produtos medicinais à base de canábis e outras terapias holísticas.

Segundo Kate, uma das irmãs do coletivo, há duas fazendas em funcionamento: uma localizada no Condado de Merced, na Califórnia (Estados Unidos), que opera em tempo integral, e uma operação start-up e coletiva em Puebla, no México.

O sustento do grupo vem da venda dos produtos feitos nas fazendas, cujo processo de fabricação segue os ciclos da lua. O mais vendido é a pomada tópica à base de canabidiol (CBD), a parte não-intoxicante da canábis. Outros itens populares são as cápsulas em gel, óleos e cogumelos.

"Temos várias irmãs satélites que moram longe, mas passam algum tempo regularmente na fazenda ou desempenham um papel especial para nós remotamente", conta Kate.

Há, ainda, as noviças – irmãs no processo de descobrir se pertencem ou não ao propósito das Sisters of the Valley. Juntas, elas trabalham, rezam e firmam votos – o que as qualifica para serem chamadas de "freiras", embora não sejam associadas a nenhuma religião em particular.

No núcleo da comunidade há apenas 12 freiras, três irmãos (brothers) muito ativos e cinco noviciados que trabalham junto aos membros. Então, os homens são bem-vindos quando apresentados por uma irmã e mentorados por ela, mas não devem superar o número de mulheres ou serem os donos da propriedade.

Já novas irmãs são admitidas através do portal oficial e um longo processo que inclui trabalhar com o grupo. "Somos pequenos. Temos dezenas de pessoas zangadas conosco por não os deixarmos fazer os seus votos ou aderir, por isso, fazer inimigos parece ser o preço da defesa dos nossos padrões", comenta Kate.

Para defender a missão e os valores das Sisters of the Valley, porém, é essencial ter cuidado com quem entra. Kate explica que boa parte dos interessados é "maluca", e que a loucura não pode ser curada – espalhando-se caso não seja contida – o que explica a alta rotatividade no grupo.

Para tanto, não é preciso ter uma formação prévia específica: nas fazendas, as irmãs buscam criar empregos que se ajustem às competências das interessadas ou lhes proporcionar um local para desenvolverem habilidades.

Por que as vestes de freira?
Tudo começou em 2011, quando a gestão Obama perdeu uma luta para que o Departamento de Agricultura desclassificasse o molho de pizza como uma porção de vegetais na merenda escolar em uma tentativa de diminuir o orçamento para as escolas públicas.

Em protesto, a própria Kate se vestiu de freira. O pensamento era "se pizza é um vegetal, então eu sou uma freira" – uma espécie de declaração contra a loucura do establishment e tudo que há de errado com os Estados Unidos.



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