O dia em que Jorge Amado ajudou, malandramente, a colocar obras proibidas de Pablo Neruda no Chile de Pinochet.


Joel Paviotti

Doze dias após o golpe militar, liderado por Pinochet, que destituiu o presidente Salvador Allende, o Chile perdeu um de seus maiores escritores: o grande autor Pablo Neruda.

Ganhador do prêmio Nobel, Neruda era um grande nome chileno ligado à esquerda. Por esse posicionamento, teve a comercialização das suas obras proibidas em território chileno.

Quando sua esposa Matilde Urrutia, compilou sua autobiografia “Confesso que Vivi”, Jorge Amado, amigo pessoal do casal, achou um absurdo privar o povo chileno do contato com a história de um de seus maiores cidadãos. Então, o escritor brasileiro, que apesar de comunista era bem vendido no país andino, procurou Matilde e pediu permissão para imprimir 1500 cópias da autobiografia do amigo, usando, malandramente, a capa de “Tenda dos Milagres”. Matilde achou arriscado, mas permitiu e ela mesmo faria o transporte para dentro do país. E não é que a malandragem deu certo. Urrutia adentrou o Chile com 1500 cópias da vida de um comunista embrulhadas nas capas da obra de um outro comunista.

Dessa forma, os chilenos tiveram acesso ao livro de Neruda, em 1974, ano do seu lançamento.



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