A língua mais difícil do mundo é falada no Brasil, segundo especialista; entenda

Pirahã, falada pelo povo de mesmo nome, tem apenas três vogais, seis consoantes e um único tempo verbal

Considerada a única língua viva do tronco linguístico Mura, a língua mais difícil do mundo é falada pelo povo Pirahã (ou Pirarrã), que vive no sul do Amazonas. Toda a comunicação se baseia em apenas três vogais e seis consoantes. Além disso, o único tempo verbal empregado é o presente e não há substantivos no singular ou plural.

A essência de vida desses indígenas é explicada de uma maneira bem simples: “Viva o aqui e o agora”. No idioma pirahã não tem passado nem futuro. De acordo com o próprio povo, o mais importante é viver e se preocupar apenas com o presente.

Os Pirahã se autodenominam hiaitsiihi, categoria de seres humanos ou corpos (ibiisi) que difere dos brancos e de outros índios. Eles têm um elaborado sistema de nomeação articulado à sua cosmologia.

Uma das principais características do idioma, que é falado por cerca de 400 indígenas que vivem às margens do Rio Maici, é a quantidade mínima de fonemas. São utilizadas apenas as vogais A, I, O e as consoantes G, H, S, T, P e B.

Os Pirahã são considerados monolíngues, ou seja, em sua estrutura social falam apenas um único idioma, além de serem seminômades, migrando de região esporadicamente.

Segundo registros do Instituto Socioambiental (ISA), a língua é classificada como tonal e, por isso, podem gerar modos de comunicação específicos, como por meio de gritos e assobios, principalmente quando os indígenas estão em expedição por rios ou matas.

•Os pirahãs acreditam que dormir é prejudicial, e se assustam ao pensar que alguém poderia dormir por 8 horas. Eles pensam que se alguém dormir por tanto tempo, poderá acordar como uma pessoa totalmente diferente. Há uma opinião de que esse pensamento se deve ao fato de que o local onde eles habitam está cheio de cobras. Por isso, dormem em frações de 30 minutos por não mais de duas horas em uma noite.

Fazem distinção apenas de cores claras e escuras. Podem confundir o vermelho com o amarelo, assim como o verde com o azul. Além disso, não têm palavras para as cores. Descrevem-nas se baseando nas colorações do meio em que vivem, como, por exemplo, “este objeto tem a cor do céu” ou “isto tem a cor das plantas”.

O "falar-comendo" também é uma possibilidade de estabelecer comunicação por meio dos tons, assim, enquanto mastigam, os indígenas podem continuar conversando. É importante mencionar que a entonação é fundamental, pois algumas palavras têm o mesmo significado - o que as difere é a maneira de pronunciá-las. 

A pronúncia de muitos fonemas depende de quem fala, havendo, por exemplo, uma sétima consoante (parecida ao K) somente para os homens. Aliás, alguns homens podem se expressar em português, mas as mulheres devem falar apenas pela língua pirarrã.

•As noções de “século”, “tempo” e “história” também não detêm qualquer significado. A maioria deles não tem recordações das avós ou dos avôs. Quando perguntados como era a vida dos seus antepassados, respondem calmamente: “A mesma coisa”.

•As mães não contam aos seus filhos histórias para dormir. Além disso, não lembram de nenhum conto: a memória coletiva é desenvolvida a partir da experiência própria do representante mais velho da tribo naquele momento.

•Os pirahãs não reconhecem, também, os sentimentos de culpa e vergonha. Um homem pode largar sua mulher em um belo dia, e ela não ficará brava, apenas dirá algo do tipo: “Aconteceu porque aconteceu e pronto. Agora preciso achar um novo homem"

A pronúncia de muitos fonemas depende de quem fala, havendo, por exemplo, uma sétima consoante (parecida ao K) somente para os homens. Aliás, alguns homens podem se expressar em português, mas as mulheres devem falar apenas pela língua pirarrã.

Os Pirahã não possuem um sistema numeral, não diferenciam cores (apenas "mais claro" ou "mais escuro") e não possuem nenhum deus ou mitologia, pois acreditam que o universo, o céu e a Terra sempre existiram. Eles não crêem em nada que não possa ser provado, visto ou sentido.

A cultura linguística Pirahã foi tema do documentário "The grammar of hapiness" ("A gramática da felicidade"), de 2012, que narra as pesquisas do linguista estadunidense Daniel Everett com o povo.


Em 2016, Rolf Theil, professor de linguística da Universidade de Oslo, confirmou: "A língua mais difícil do mundo é sem dúvida o pirahã". Segundo especialistas, devido à complexidade o aprendizado da língua demoraria cerca de 10 anos para uma pessoa com uma memória média.


Fonte Terra.com


Comentários

Postagens mais visitadas