PILÃO É UMA FORMA DE COMUNICAÇÃO ANCESTRAL


Arte africana: Nativa c/ pilão, etnia Ydoma, escultura em madeira entalhada e tingida, A. 30 cm // Federal Republic of Nigéria, séc. XX.

O pilão é muito mais do que um simples utensílio de cozinha—ele é uma forma de comunicação ancestral carregada de memória, ritmo e coletividade.

Em muitas culturas africanas e afro-diaspóricas, o ato de pilar alimentos, como o milho e o arroz, não era apenas uma atividade cotidiana, mas um momento de encontro, trabalho conjunto e transmissão de saberes. O som cadenciado dos pilões em uso criava um ritmo coletivo, quase musical, que podia ser interpretado como uma linguagem própria, marcando o tempo e fortalecendo laços comunitários.

No Brasil, o pilão tem um papel importante na cultura alimentar afro-indígena, especialmente nas casas de farinha e nos terreiros de candomblé, onde é utilizado na preparação de comidas rituais. Ele também carrega uma história de resistência: no período escravista, as mulheres negras utilizavam os pilões para preparar alimentos, mas também para se comunicar secretamente, transmitindo mensagens através dos batimentos ritmados.

A arte de esculpir pilões na África é uma tradição ancestral que envolve técnicas sofisticadas e um profundo significado cultural. Os pilões, usados para moer grãos, especiarias e outros alimentos, são elementos centrais na culinária e na vida comunitária de diversas sociedades africanas. Eles são esculpidos à mão, geralmente a partir de troncos de madeira densa e resistente, como o mogno, o iroko ou a teca.

Técnica e Materiais

A escultura de um pilão começa com a escolha da madeira, que deve ser durável para resistir ao uso diário. Os artesãos utilizam ferramentas rudimentares, como machados, facões e formões, para dar forma ao pilão e ao seu companheiro essencial, o almofariz ou mão de pilão. O processo pode levar dias ou até semanas, dependendo do tamanho e da complexidade do design.

Elementos Estéticos e Simbólicos

Além da funcionalidade, os pilões muitas vezes possuem entalhes decorativos que representam crenças espirituais, símbolos da comunidade e até mesmo status social. Em algumas culturas, a forma e os detalhes do pilão podem indicar a linhagem ou a posição da família dentro do grupo.

Uso e Significado Cultural

O ato de pilar grãos e alimentos vai além do preparo da comida. Em muitas sociedades africanas, esse é um momento de encontro e socialização, especialmente entre as mulheres, que compartilham histórias e saberes enquanto trabalham. O som ritmado do pilão contra o almofariz é quase uma música, marcando o tempo e a cadência da vida cotidiana.

Além disso, pilões são utilizados em rituais religiosos e cerimônias, sendo considerados objetos sagrados em algumas tradições. Em casamentos, por exemplo, a presença de um pilão pode simbolizar fertilidade e prosperidade para o casal.

Influência na Diáspora

Com a diáspora africana, o uso do pilão se espalhou para regiões como o Caribe e o Brasil, onde continua a ser uma ferramenta essencial na culinária afrodescendente. No Brasil, por exemplo, o pilão é fundamental para o preparo do acarajé e outros pratos de origem africana.

A escultura de pilões na África, portanto, não é apenas uma arte funcional, mas um testemunho da resistência cultural e da transmissão de conhecimentos ancestrais.


ALMOFARIZ E O PILÃO- ENTRE ÁFRICA E BAHIA

Na África, o pilão conserva um papel destacado na alimentação, moendo grãos e sementes. Foi dali que chegou ao Brasil, junto com os navios negreiros. Troncos de madeiras duras – peroba, guatambu, gameleira, limoeiro, maçaranduba – eram escavados no fogo, para trabalhar milho e farinha de mandioca, de início, e café, na sequência.

Uma das imagens mais comuns da vida cotidiana africana é uma mulher socando comida em um pilão de madeira.

No tocante à cultura rural brasileira, pode-se afirmar que todas as casas nas zonas rurais usavam algum pilão.

Os pesquisadores afirmam que essa ferramenta deve ter sido copiada dos árabes.

Em 1638, nos terreiros próximos às portas das cozinhas, já havia registro do emprego de pilões, nos preparos da farinha de mandioca e óleo de semente de gergelim, em substituição ao azeite de oliveira.

Câmara Cascudo (1954) ressalta que o pilão é uma espécie de gral ou almofariz, de madeira rija, como a sucupira, com uma ou duas bocas, e tamanhos vários, desde os pequenos, para pisar temperos, até os grandes, para descascar e triturar o milho, café, arroz, etc.

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LE PILON, UNE FORME DE COMMUNICATION ANCESTRALE


Art africain : Natif avec pilon, ethnie Ydoma, sculpture en bois sculpté et teint, H. 30 cm // République fédérale du Nigéria, XXe siècle.

Le pilon est bien plus qu’un simple ustensile de cuisine : il est une forme de communication ancestrale, chargé de mémoire, de rythme et de collectivité.

Dans de nombreuses cultures africaines et afro-diasporiques, l’acte de piler des aliments, comme le maïs ou le riz, n’était pas seulement une activité quotidienne, mais aussi un moment de rencontre, de travail collectif et de transmission des savoirs. Le son cadencé des pilons en action créait un rythme collectif, presque musical, qui pouvait être interprété comme un langage à part entière, marquant le temps et renforçant les liens communautaires.

Au Brésil, le pilon occupe une place importante dans la culture alimentaire afro-indigène, en particulier dans les maisons de farine et dans les terreiros de candomblé, où il est utilisé pour préparer les aliments rituels. Il porte également une histoire de résistance : à l’époque de l’esclavage, les femmes noires utilisaient les pilons pour préparer les aliments, mais aussi pour communiquer secrètement, transmettant des messages à travers des battements rythmés.


L’art de sculpter des pilons en Afrique est une tradition ancestrale qui implique des techniques sophistiquées et une profonde signification culturelle. Les pilons, utilisés pour moudre des grains, des épices et d’autres aliments, sont des éléments centraux dans la cuisine et la vie communautaire de nombreuses sociétés africaines. Ils sont sculptés à la main, généralement à partir de troncs de bois denses et résistants, comme l’acajou, l’iroko ou le teck.


Femme Kayapó pilant du riz photo@cdefs


Technique et matériaux

La sculpture d’un pilon commence par le choix du bois, qui doit être durable pour résister à un usage quotidien. Les artisans utilisent des outils rudimentaires, tels que des haches, des machettes et des ciseaux à bois, pour façonner le pilon et son compagnon essentiel, le pilon à main ou pilon-bâton. Le processus peut durer plusieurs jours, voire plusieurs semaines, selon la taille et la complexité du design.


Éléments esthétiques et symboliques

Au-delà de sa fonctionnalité, le pilon présente souvent des motifs décoratifs qui représentent des croyances spirituelles, des symboles communautaires ou même un statut social. Dans certaines cultures, la forme et les détails du pilon peuvent indiquer la lignée ou la position d’une famille au sein du groupe.


Usage et signification culturelle

L’acte de piler des grains ou des aliments va bien au-delà de la simple préparation culinaire. Dans de nombreuses sociétés africaines, c’est un moment de rencontre et de socialisation, en particulier entre femmes, qui échangent histoires et savoirs tout en travaillant. Le son rythmé du pilon contre le mortier est presque une musique, marquant le temps et la cadence de la vie quotidienne.

De plus, les pilons sont utilisés dans les rituels religieux et les cérémonies, et sont considérés comme des objets sacrés dans certaines traditions. Lors des mariages, par exemple, la présence d’un pilon peut symboliser la fertilité et la prospérité du couple.


Influence dans la diaspora

Avec la diaspora africaine, l’usage du pilon s’est répandu vers des régions comme les Caraïbes et le Brésil, où il reste un outil essentiel de la cuisine afrodescendante. Au Brésil, par exemple, le pilon est indispensable à la préparation de l’acarajé et d’autres plats d’origine africaine.


La sculpture de pilons en Afrique n’est donc pas seulement un art fonctionnel, mais un témoignage de résistance culturelle et de transmission des savoirs ancestraux.


MORTIER ET PILON – ENTRE L’AFRIQUE ET LA BAHIA

En Afrique, le pilon conserve un rôle essentiel dans l’alimentation, servant à moudre grains et graines. C’est de là qu’il est arrivé au Brésil, avec les navires négriers. Des troncs de bois durs – peroba, guatambu, figuier, citronnier, maçaranduba – étaient creusés au feu, pour travailler le maïs et la farine de manioc, d’abord, puis le café par la suite.

L’une des images les plus courantes de la vie quotidienne africaine est celle d’une femme pilant des aliments dans un pilon en bois.


Dans la culture rurale brésilienne, on peut affirmer que toutes les maisons des zones rurales possédaient un pilon.

Les chercheurs affirment que cet outil aurait été copié des Arabes.


En 1638, dans les cours proches des cuisines, on trouvait déjà des pilons utilisés pour préparer la farine de manioc et l’huile de graines de sésame, en remplacement de l’huile d’olive.

Câmara Cascudo (1954) souligne que le pilon est une sorte de mortier, en bois dur, comme la sucupira, à une ou deux ouvertures, et de tailles variées : des petits, pour piler les épices, aux grands, pour décortiquer et broyer le maïs, le café, le riz, etc.


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