Comitiva brasileira vai à Nigéria para festival Olojo, tradicional no país, e trocas culturais

Por DIEGO AMORIM

Estreitar laços e promover o intercâmbio cultural entre Brasil e Nigéria.


Foi com esse objetivo que um grupo de estudiosos viajou até o país africano a convite de Ooni de Ifé, o rei supremo da cidade de Ifé. Lá, participam dos festejos do Olojo, o festival tradicional que acontece todos os anos no mês de setembro. As ações são promovidas pela Casa Herança Oduduwa, instituto cultural fundado pelo rei.

A comitiva brasileira reúne jornalistas, sacerdotes do candomblé, empreendedores de gastronomia e ativistas culturais ligados a questões relacionadas à ancestralidade. Acompanham o grupo a adida cultural do rei (funcionária diplomática que trata de assuntos especializados), Carolina Maíra Morais, e também o presidente do instituto cultural aqui no Brasil, Ajoyemi Osunleye.

Segundo Carolina, a participação do grupo no festival é importante para que projetos se consolidem cada vez mais no Brasil.

– Desde 2017 a Casa trabalha para que o público conheça mais sobre este festival cultural, que é único. Mas na edição deste ano temos o ineditismo da presença de uma comitiva com dez brasileiros. Nosso desejo é que a energia que transborda de Ifé inunde o Brasil, trazendo nova coragem e conhecimento. Que nós possamos estar como nosso Ori, conectado ao berço da civilização, Ilê Ifé – afirma a adida cultural.

No roteiro de visita, que tem caráter oficial, a comitiva visitou templos históricos e reuniu-se com autoridades locais, como o vice-consul do Brasil na Nigéria, a princesa Toyin Kolade, importante figura no cenário feminino nigeriano, e o próprio rei OOni de Ifé, Ojaja II. Segundo Ajoyemi Osunle, este é um marco nos trabalhos que a Casa vem realizando ao longo de sua existência.

– Cada vez fica mais próxima a relação entre esses dois irmãos: Brasil e Nigéria. Esta comitiva representa simbolicamente todos os Omo Oduduwa, filhas e filhos de Oduduwa do Brasil. Estamos conectados num só coração: Ilê Ifé. Não há caminho para o desenvolvimento da capacidade humana de afro descendentes sem o reconhecimento do seu lugar de origem. A presença dos brasileiros na celebração do Olojo é mais um passo dado no caminho de volta para casa – ressalta.

Fundada em 2018 após visita da comitiva de Ifé ao Brasil, a Casa Herança Oduduwa promove ações de intercâmbio cultural entre os dois países por meio de cursos, palestras e de outras atividades. A mais recente, o projeto “Tesouros dos Nossos Ancestrais” culminou com uma exposição virtual disponível para visitação no site oficial do instituto. Na mostra, esculturas de parte do acervo particular do rei, de forma exclusiva para que toda identidade cultural e ancestral iorubá possa ser conhecida e valorizada ao redor do mundo.

Olojo é o maior festival da cultura iorubá que ocorre anualmente na cidade de Ifé, no estado de Osun, na Nigéria. O festival milenar dura sete dias e tem o seu ápice no último sábado de setembro: único dia em que Ooni de Ifé é autorizado a usar a coroa sagrada – Ade Are. Olojo é a celebração da vida, de Ogun (orixá cultuado em religiões afro-brasileiras) e da criação da civilização iorubá.



Sobre o Festival Olojo

O festival celebrado anualmente em Ife, Estado de Osun, Nigéria, é um dos festivais populares na terra iorubá, já foi descrito por Oba Adeyeye Enitan Ogunwusi como um festival que celebra a raça negra em todo o mundo. 






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