Chefs criam pratos com ingredientes inimagináveis da natureza amazônica

Nome de música batiza drink que leva em sua mistura o famoso tucupi

É o caso dos chefs Herlander Andrade e  Andrade e Diego Sousa do município de Santa Izabel do Pará que está concorrendo ao título de Embaixador da Gastronomia Paraense no Prêmio Nacional Dolmã.

Diego, em seus processos de experimentações com as frutas locais, criou um creme de ingá, algo impensável, pelo menos para a maioria dos paraenses leigos em alta gastronomia.

Ele contou que a polpa é retirada do caroço junto com a sua membrana (aquela película branca). “Na receita temos 250g de polpa de ingá com a membrana e tudo, 200g de creme de leite, e 250g de leite condensado, mais quantidade necessária de leite líquido para bater a polpa”, ensina.

Diego conta que a ingá é bastante rica em sais minerais, e é comumente consumida ao natural. A fruta também é usada na medicina caseira, sendo útil no tratamento da bronquite (xarope) e como cicatrizante (chá).

Outro produto muito consumido pelos paraenses em cozidos e caldos, o tucupi entrou na receita do drink batizado de Banzeiro, nome de uma das mais famosas músicas da cantora e compositora Dona Onete.

“O Banzeiro foi uma receita criada a partir da bebida mais consumida entre os paraenses, o tucupí. Nesta receita temos o tucupí, geléia de jambú, água de coco e cachaça de Abaeté”, descreve o chef.

Diego Sousa conta que a bebida foi criada para o Festival da Mandioca da comunidade de Espírito Santo do Itá em Santa Izabel, (que por causa do coronavírus foi transferido, ainda sem data para acontecer), onde se produz um dos melhores tucupí do estado. “Essa foi a forma que eu encontrei para homenagear a comunidade”.

Outra receita premiada do chef é o Cuscuz de João Miguel à Caraparú. “É um cuscuz salgado de farinha de tapioca com um ragú de tucunaré com Tucupí e jambú.

“A farinha de tapioca é da Vila de Americano, o tucupí da Vila de Espírito Santo do Itá, e o peixe do rio Caraparu. A ideia era homenagear Santa Izabel do Pará e nosso estado com todo o seu potencial gastronômico, fazendo um passeio pelo rio. É um prato de uma cozinha de fusão que junta o Pará e a Itália, exaltando nossos insumos e costumes”, detalha.

Proprietário dos restaurantes Moquén, e Boteco do Camarão, em Belém, o chef Herlander Andrade mistura a culinária francesa com ingredientes paraenses e amazônicos o que resulta em uma fusão de sabores únicos.

Em tempos de pandemia do novo coronavírus e distanciamento social, o chef vem criando pratos de preparo rápido com valor acessível, com os mais variados insumos da Amazônia.

“Eu acredito que essa biodiversidade dos nossos insumos nos proporciona a sair fazendo um deleite por essas explosões de sabores”, pontua.

Influenciada pela cultura indígena e, um pouco da portuguesa, francesa, africana, árabes, sírio-libaneses e japoneses, a culinária paraense se transformou em uma das mais autênticas e criativas do Brasil, o que vem chamando a atenção de especialistas e turistas do mundo inteiro. 

Ao mesmo tempo autêntica e exótica, se vale da grande variedade de peixes, camarão, caranguejo, marisco, peixe, aves, caça, pato, todos temperados com folhas (maniva, chicória, coentro), pimentas de cheiro e ervas. Esses insumos típicos da Região Amazônica, resultam em sabores únicos pela sua combinação.

Os ingredientes oriundos da exuberante natureza da Amazônia usados pelos chefs, e pela população de modo geral, resultam em pratos únicos e saborosos.




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