Abdias e o estudo das Adrinkas

Há na tradição africana um conceito que capta o essencial da prática de Abdias: o sankofa, parte de um conjunto de ideogramas chamados adinkra, representado por um pássaro que volta a cabeça à cauda.
















Aya por Abdias do Nascimento 

O símbolo é traduzido por: “retornar ao passado para ressignificar o presente e construir o futuro”.

Essa ética transparece no esforço do povo negro por recuperar a sua ancestralidade e por apontar as sequelas da diáspora, a dispersão dos negros pelo mundo. A cada ação política ou artística, Abdias dava mais um passo nesse sentido.

As comunidades de origem africana nas Américas, e sobretudo na América 

Latina, sofrem até hoje a falta da referência histórica que lhes permita construir uma auto-imagem digna de respeito e auto-estima.

Tentando fundamentar essa imagem própria na identidade “negra”, definida de modo geral pelas desgastadas categorias do ritmo, esporte, vestuário e culinária, verificam que o papel da "cultura negra” limita-se à esfera do lúdico, afastando-se a atividade intelectual, científica, política, econômica, erudita, técnica e tecnológica como atributos próprios à sua personalidade. 

A criança negra tende a não identificar nessas áreas possibilidades de profissionalização 

ou aspiração para ela, reproduzindo a 

imagem excludente implícita na versão 

da história que lhe é passada.


Sem dúvida, a distorção da história africana está entre os maiores responsáveis pela perpetuação da imagem dos “negros” como tribais, primitivos e atrasados.

Para Georg Hegel (1956: 91 e 96), por exemplo, a África seria “uma terra da criancice, que jaz além do dia da história consciente, envolvida na manta escura da noite”. 

Hegel conclui que, “entre os negros, os sentimentos morais são extremamente fracos, ou melhor dizendo, inexistentes”.

Esse é apenas um exemplo do discurso eurocentrista que condena os africanos e seus filhos à condição de objetos, e não sujeitos, de sua história. 



Recuperando-se o referencial do protagonismo dos povos africanos, faz-se possível a contestação desse quadro.

O ideograma sankofa simboliza esse resgate, trazendo várias dimensões de seu conteúdo.

Neste texto, vamos abordar algumas dessas dimensões, tecendo considerações a respeito de distorções históricas que perpetuam os estereótipos anti-africanos.

Aya - Simbologia Adinkra

Sabedoria da África Ocidental: símbolos Adinkra e seus significados



Expressão:

Mensuro wo


Tradução:

Não tenho medo de você.  Sou independente de você



Aya (samambaia) - símbolo de resistência, desafio contra as dificuldades, resistência, perseverança, independência e desenvoltura.

A planta símbolo

A samambaia é uma planta delicada, mas resistente que é capaz de vingar em ambientes adversos. O indivíduo que usa este símbolo sinaliza as muitas adversidades que sofreu e ultrapassou muita dificuldade. A samambaia é uma planta muito antiga, que existe na terra bem antes que os dinossauros pisaram o solo no tempo em que um peixe anfíbio decidiu dar o salto evolutivo. 

Numerosas culturas xamânicas cientes de seus antigos antepassados, muitos dos quais não são humanos, mas interligados pelo evolucionismo, demonstram o seu respeito aos anciãos, um dos quais é a plantas (AYA) que dominavam o mundo há muito tempo, sendo um dos primeiros ocupantes da terra.



Simbologia Adinkra dos Axantes – Gana

Entre as manifestações culturais da nação Axante, destaca-se o estampado Adinkra.

Encontra-se também no povo Gyaman, da Costa do Marfim.

Adinkra são símbolos que representam provérbios e aforismos.

É uma linguagem de ideogramas impressos, em padrões repetidos, sobre um tecido de algodão.

Considerado como um objeto de arte, o Adinkra (adeus, em twi) constitui um código do conhecimento referente às crenças e a historia deste povo.

A escrita de símbolos Adinkra reflete um sistema de valores humanos universais:

Família, integridade, tolerância, harmonia e determinação, entre outros.

Existem centenas de símbolos e a maioria deles é de origem ancestral, sendo transmitidos de geração em geração.

Muitos representam virtudes, sagas populares, provérbios ou eventos históricos.

Os ganeses geralmente escolhem suas roupas para usar segundo o significado das cores e dos símbolos estampados nelas.

A estampa e a cor expressam sentimentos de ocasiões específicas como festas de funerais, festivais tradicionais, ritos de iniciação como o da puberdade, casamentos, durbars etc.

Alegria está relacionada a cores alegres e ao branco, enquanto que para funerais e luto predominam as cores como azul e vermelho escuro, marrom ou preto.

Quando as pessoas vestem vermelho escuro ou marrom, isso significa que recém perderam um parente próximo.

A cor preta ou azul escuro demonstra a dor prolongada pela perda de uma pessoa amada como os pais, filhos ou companheiro.

Adinkra significa adeus.

Originalmente esses símbolos eram usados para enfeitar o vestuário destinado às cerimônias fúnebres.

Os desenhos eram feitos recortando-se os símbolos em cacos de cabaça, para usá-los como carimbos sobre os tecidos.

Posteriormente, os tecidos Adinkra passaram a ser usados por líderes espirituais em cerimônias e rituais.

Evitava-se usá-los no dia a dia, também pelo fato de que a tinta desbotava ao lavar.

Atualmente, os tecidos Adinkra são usados pelos ganenses em diversas ocasiões, tais como casamentos, batismos e rituais de iniciação.

Além de serem usados sobre tecidos, também se aplicam nas paredes, na cerâmica e nos logotipos.


Fontes:Revista Thoth



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