Marisqueiras do Pará lançam livro de receitas no Dia da Amazônia

 
A publicação apresenta receitas e também histórias de vida das marisqueiras Adaiza Braga Correa, Edite Silva, Joana de Castro, Juliana Alves, Lourdes Souza, Maria Antônia Costa, Maria Brito, Maria da Silva, Maria do Socorro Souza, Marizete Araújo, Naldilene de Souza, Patrícia Farias, Sônia Corrêa, Sandra Gonçalves e Taciara Silva.
 
A realização é das organizações Rare, Purpose, Associações dos Usuários das Reservas Extrativistas Marinhas e Costeiras (AUREMs) e Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), com apoio de Oceana, Ame o Tucunduba, Climainfo, Conservação Internacional, Instituto Manguezal, Instituto Nova Amazônia, Instituto Peabiru, Liga das Mulheres pelo Oceano, Toró – Gastronomia Sustentável.  
 
Com iguarias culinárias das 12 Reservas Extrativistas (Resex) Marinhas e uma Área de Proteção Ambiental (APA), a APA Algodoal/Maiandeua, o livro está dividido em quatro partes: “Receitas entremarés”, com pratos da cultura alimentar de pescadoras e pescadores passadas por gerações; “Receitas de maré alta”, com preparos a partir de ingredientes frescos e temperos colhidos no tempo da natureza;  “Receitas de mangues e raízes”, com as receitas de caranguejo, siri e o turu; e “Receitas Vazante em festa”, com pratos feitos com mandioca como a farofa de bicho de tucumã. 
 


Angelina Rodrigues, da Resex de Soure, conta que muitas receitas são heranças de povos originários. “Eu nasci aqui, nasci nessa vida de tirar caranguejo, de ir para maré. Acho que o conhecimento que a gente tem veio dos índios que viviam aqui”, explica. Maria Brito, da Resex Mestre Lucindo completa, refletindo sobre a atividade pesqueira: “Eu aprendi acompanhando a minha mãe. Eu sustento minha família na mariscagem e para mim é como se fosse uma terapia, ficar aqui na maré, pensando na vida”. 
No prefácio, a realizadora cultural Tainá Marajoara, do Instituto Iacitatá Amazônia Viva, destaca que as receitas fazem parte do patrimônio cultural alimentar dos extrativistas dos mangues da Amazônia e que revelam a harmonia com o ecossistema. “Um íntimo ritmo de cozinha, vida, mulheres e águas. A poética do cotidiano entre mariscagem, encantados, pescas, desafios (por vezes perigosos), lutas, proteções e sonhos que se transmutam em alimentos com sabores do mangal”, afirma no livro. 
 
Programação nas Reservas Extrativistas
 
Desde a última sexta-feira, 3, as associações de extrativistas iniciaram uma série de atividades alusivas à "Campanha Mães do Mangue" para promover a integração entre as mulheres marisqueiras, com diálogo sobre o trabalho e as perspectivas de futuro. A programação terá ainda apresentação do livro “Cozinha da Maré” e dos vídeos curta-metragem realizados especialmente para contar as histórias de vida de quem trabalha e vive no mangue, já disponíveis em quatro episódios no YouTube. 
 
De acordo com Bruna Martins, gerente do Programa Pesca para Sempre, da Rare, é importante ativar a campanha e a publicação ao promover vivências com grupo de mulheres. “Um ponto forte será a inauguração do Espaço da Mulher Extrativista no município de Magalhães Barata. A campanha teve esse objetivo, de reunir essas mulheres e mostrar como elas são protagonistas na conservação e defesa do mangue”, comenta. 
 
Confira a programação:
 
07/09
Resex Maracanã
Atividades: roda de conversa na casa de farinha e feira de comidas tradicionais
Local: Casa de Farinha
Hora: tarde
 
11/09
Resex Mocajuba
Vivência com grupo de mulheres que fazem arrasto de camarão
Local: Comunidade Ponta do Bom Jesus
Hora: dia todo
 
Resex Tracuateua
Local: Sede da AUREMAT (Associação dos Usuários da Reserva Extrativista (Resex) Marinha de Tracuateua) 
Hora: 16h às 18h
Vozes do Campo + vídeos + roda de conversa
 

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