O turismo nao é vitrine, a manipulação esconde uma realidade diferente.

Muitos que adoram passear em Tinharé para conhecer praias como as de Morro de São Paulo e Garapuá, ou que vão a Boipeba conhecer belezas naturais de lugares como Velha Boipeba e Moreré, pouco ou nada sabem sobre a história e a realidade destas ilhas.

Por Leonardo Fiusa Wanderley 


Essas ilhas são terras ancestrais de povos indígenas e quilombolas. Segundo o antropólogo Antônio Risério ali, desde antes da colonização, viveram milhares de indígenas. Terras de Tupinambás, Tupiniquins, Tupinaés... Tinharé e Boipeba são nomes de origem tupi, que significam, respectivamente, “o que se adianta à agua” e “cobra chata”. As matas e as aguas destas ilhas acolheram homens e mulheres negras em suas lutas por liberdade, desde o período colonial. Não por acaso três comunidade já se autoreconhecem como quilombolas: Batateira(Tinharé), Galeão (Tinharé) e Monte Alegre (Boipeba).

Nestas terras muitas violências foram e CONTINUAM sendo cometidas contras descendentes desses povos. As comunidades que ancestralmente habitam estas terras, verdadeiras donas destes territórios, enfrentam histórica e atualmente uma luta desigual contra grileiros, fazendeiros e megaempresários que a todo custo vêm se apropriando dos territórios comunitários para especular e implantar seus mega condôminos, hotéis e resorts. 

Perseguições, ameaças, violências físicas e psicológicas contra homens, mulheres e crianças e tentativas de criminalização, fazem parte do repertório de ataques dos poderosos e do cotidiano daquelas/es que lutam pra preservar os territórios comunitários e suas matas, manguezais, rios, lagoas...

Assim, antes do seu próximo passeio às ilhas (após a pandemia!) procure saber um pouco mais sobre o que vem se passando com as comunidades que, verdadeiramente, preservam as belezas naturais e culturais destes paraísos.  Pra ajudar na pesquisa,

veja coisas não ditas nas agências de turismo:

Sobre as formas de expansão do Morro de São Paulo (https://g1.globo.com/bahia/noticia/justica-suspende-construcao-de-empreendimento-imobiliario-em-morro-de-sao-paulo-na-bahia.ghtml);

Sobre as lutas da comunidade de Cova da Onça

(http://www.cppnacional.org.br/noticia/v%C3%ADdeo-de-autoria-desconhecida-aponta-todas-controv%C3%A9rsias-do-empreendimento-em-ponta-dos);

Sobre violências realizadas contra mulheres e crianças no Quilombo da Batateira(  https://www.geledes.org.br/comunidade-quilombola-de-cairu-ba-e-ameacada-por-fazendeiro/) ;

Sobre as violações ao território e as perseguições que vem sendo realizadas contra a comunidade de Garapuá (https://racismoambiental.net.br/2020/05/13/nota-publica-da-comunidade-de-garapua-sobre-os-ataques-e-ameacas-que-vem-sendo-feitos-as-nossas-familias-por-poderosos-de-cairu/; http://www.cppnacional.org.br/noticia/comunidade-pesqueira-de-garapu%C3%A1-lan%C3%A7a-manifesto-contra-ocupa%C3%A7%C3%A3o-do-seu-territ%C3%B3rio)



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