Um artista autodidata pinta a floresta tropical de memória

Esta é uma das 12 paisagens de floresta tropical de Abel Rodriguez, parte de sua série de tinta e aquarela Ciclo anual del bosque de la vega (Mudanças sazonais na floresta inundada).





Um Especialista em botânica que aprendeu uma nova língua: o desenho.
Abel Rodríguez, conhecido como "don Abel", é um artista indígena Nonuya, treinado desde a infância para ser um “nomeador de plantas”. 

Profundo conhecedor do ecossistema da Amazônia colombiana, ele foi convidado a ser o guia local de uma expedição, quando conheceu o biólogo que lhe daria as primeiras ferramentas para desenhar.


Seus desenhos não podem ser considerados apenas “obras de arte” no sentido comum da definição.
São uma linguagem, da qual don Abel se serve para preservar e transmitir conhecimento.
Mais que representar, don Abel apresenta: as árvores e as plantas são pacientemente construídas no papel, folha por folha, galho por galho, fruto por fruto. 
Além disso, quase nunca as plantas são apresentadas sem os animais que se nutrem de seus frutos e folhas, ou das plantas que nascem ao redor delas.
À primeira vista, as pinturas parecem semelhantes, mas após um exame mais atento, surgem diferenças graduais: uma árvore floresce em folhas; peixes e tartarugas lotam o rio e depois desaparecem; o rio sobe e desce ao longo do ano.


Infelizmente, o aumento do conflito armado na área forçou muitos indígenas, incluindo Rodriguez, a deixar a floresta na década de 1990. Agora morando em Bogotá, ele continua a explorar o conhecimento de sua vida sobre a floresta tropical para ensinar outras pessoas. “Eu nunca tinha desenhado antes, mal sabia escrever, mas tinha um mundo inteiro em mente me pedindo para imaginar as plantas”, disse Rodriguez a um entrevistador da Tropenbos International em um post no site da organização.
Em Bogotá, usando materiais fornecidos pela Tropenbos International, Rodriguez começou a criar pinturas e desenhos - inteiramente de memória.
Sua obra são um retrato fiel da floresta: um ecossistema onde os elementos são inseparáveis. Seu nome indígena é Mogaje Guihu, que significa “pluma de gavião brilhante”. 🦅 🍀 

🔔 Conheça as obras de Abel Rodríguez na #34bienal, no Pavilhão da Bienal, Parque Ibirapuera, até 5 de dezembro. Entrada gratuita!


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