Padeira turbina faturamento vendendo pães de beterraba e de cenoura pelo WhatsApp

Adriana Aranha é dona da Triticum Panificação, que fornece para restaurantes. Com o fechamento dos estabelecimentos, ela precisou reinventar o negócio.

Com o fechamento de restaurantes ao longo da pandemia, para prevenir a contaminação por covid-19, fornecedores precisaram pensar em outras formas de vender seus produtos e manter o negócio aberto. A padeira Adriana Aranha, de 52 anos, fundadora da Triticum Panificação, que faz pães artesanais customizados e de sabores diferentes, como de beterraba e de cenoura, está entre os empreendedores que se viram nessa situação. Foi o delivery direto ao consumidor que a ajudou a manter o mesmo faturamento do pré-pandemia no início de 2021.

Aranha já trabalha com panificação há quase 20 anos, mas resolveu que teria o próprio negócio após sofrer um acidente de moto, há cerca de 12 anos. Como o setor demanda um esforço físico muito grande, com jornadas que começam bem antes de o sol nascer, a padeira precisou se afastar do ramo por cerca de quatro anos, enquanto se recuperava. Durante o período, vendia comida para fora, mas não se sentia tão realizada quanto quando podia dar vida a massas fermentadas.

Depois da cirurgia para a aplicação de uma prótese, ela foi convidada para chefiar uma padaria. Aranha pediu uma semana de prazo para se recuperar e topou o desafio. A jornada exaustiva, no entanto, acabou deixando sequelas e a impulsionou a tomar uma decisão drástica. “Tive uma tendinite nos braços por conta do trabalho. Pedi demissão um ano depois de assumir e resolvi que iria começar o meu negócio aos 40 e poucos anos.”

Ela escolheu uma casa na região do Ipiranga, em São Paulo para a produção dos pães e decidiu que, no seu negócio, os produtos seriam feitos com fermentação natural e sem conservantes, além de serem customizados, sob encomenda. Com ingredientes naturais, ela desenvolveu receitas com beterraba e cenoura, por exemplo. Hoje, há uma linha de pães totalmente veganos no catálogo.

O espaço não comportava o atendimento ao consumidor, então, a empreendedora passou a procurar alternativas para ganhar dinheiro e divulgar a própria marca. Foi quando descobriu uma feira de produtos orgânicos, com food trucks, a poucas quadras de onde fica seu espaço. “Passei a fornecer para hamburguerias e outros negócios que expunham lá, e também vendia os pães diretamente para o consumidor.”

Com o tempo, o negócio foi se especializando em fornecimento B2B, com foco em hamburguerias e restaurantes. A história precisou mudar com a chegada da pandemia. “No começo eu não sabia como fazer, como vender para o público final. Comecei melhorando minhas redes sociais.”

Aranha conta que a “pãodemia”, que levou milhares de brasileiros a aprender a fazer pães durante a quarentena, fez com que ela conseguisse interagir mais com potenciais consumidores, dando dicas e ensinando a melhorar as receitas. Aos poucos, os produtos da Triticum começaram a chamar a atenção dessas pessoas.

A venda direta ao consumidor, por canais como WhatsApp, tem ajudado Aranha a repetir o faturamento de 2019, quando só vendia por atacado. De acordo com ela, setembro caminha para fechar em R$ 37,5 mil, sendo que quase 25% disso é de B2C. A própria empresa faz as entregas em bairros próximos à sede, como Ipiranga, Itaim Bibi e Pinheiros.

Os pães mais vendidos diretamente para o consumidor são os forma, nos sabores de beterraba e de cenoura, além de outros formatos, como o rústico sourdough (de massa levemente azeda), o pão espelta (tipo de trigo ancestral) e bisnaguinhas de leite de amêndoa. 

Aranha conta que o novo serviço tem ajudado não só a manter o faturamento da empresa, como lembrá-la sobre como ela iniciou o negócio, já que ter um intermediário para as vendas acaba distanciando o consumidor final da produção. “Está me fazendo muito bem conversar diretamente com o público, com quem vai consumir o produto. É uma grande satisfação ver a pessoa voltar na semana seguinte para comprar o mesmo pão da semana passada. Ainda não sei como vai ser, se terei uma loja física ou não, mas isso definitivamente agora faz parte do meu negócio.”

Fonte: PEGN






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