Projeto "Matos de Comer" vira livro.
Guilherme Ranieri, lança livro "Matos de Comer".
Criador do projeto Matos de Comer, Ranieri atua como consultor, educador e palestrante.
É especialista em plantas alimentícias não-convencionais (PANC), além de produzir PANC orgânicas em grande escala por meio da parceria entre o Instituto Kairós com a Prefeitura Jundiaí, no projeto Inova na Horta, voltado para a alimentação escolar.
O livro "Matos de Comer" é indicado para todas as pessoas que querem se aventurar no mundo da coleta e produção do próprio alimento. Trata-se de um guia de identificação de PANC focado em capacitar o leitor para distinguir as plantas que são tóxicas das não tóxicas e apresenta mais de 284 plantas comestíveis, entre plantas espontâneas, ornamentais, frutas e flores.
Batidas com um pouco de limão e água e cozinhadas em fogo brando com açúcar, as pétalas da gardênia transformam-se em uma geleia perfumada. Cortadas finas e refogadas, as folhas jovens de hibisco (Hibiscus rosa-sinensis) podem substituir a tradicional couve como acompanhamento. A flor pode ser adicionada à salada.
Os brotos e as folhas serrilhadas do picão (Bidens pilosa), planta de crescimento rápido e disponível o ano todo, funcionam tanto cozidas, refogadas ou desidratadas. O sabor, garante Guilherme Reis Ranieri, lembra aquele do espinafre.
“Estima-se que existam perto de 26 mil espécies comestíveis, mas, em geral, consumimos uma quantidade muito pequena”, afirma o gestor ambiental, cozinheiro e criador do site Matos de Comer, dedicado a promover na internet a biodiversidade alimentar e a divulgar espécies próprias para consumo, geralmente, desconhecidas do grande público.
A lista e as possibilidades gastronômicas das plantas alimentícias não convencionais são enormes. “A guasca (Galinsoga parviflora) lembra a alcachofra. Ela nasce em qualquer calçada e é incrível na cozinha. Já o lírio-amarelo (Hemerocallis flava), muito usado em paisagismo, quando preparado na frigideira adquire um sabor que lembra um bife acebolado”, exemplifica.
Desde criança, Ranieri, de 25 anos, dedica-se a descobrir, cultivar, estudar e, mais recentemente, cozinhar todo tipo de plantas alimentícias não convencionais. Tratam-se de vegetais em geral ausentes dos pratos e panelas, mas disponíveis em profusão em terrenos baldios, calçadas, quintais e praças. Identificados e preparados da maneira correta, são saborosos e fazem bem ao organismo.
Milhares de espécies de plantas foram utilizados para a alimentação humana ao longo da história. Atualmente, entre 150 e 200 são cultivadas em massa e não mais do que três espécies, arroz, trigo e milho, suprem quase 60% do consumo global de calorias e proteínas de origem vegetal.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estima que 75% da diversidade genética das plantas cultivadas se perdeu desde o início do século XX.
“A maior parte da nossa alimentação é baseada em plantas exóticas, oriundas de outros continentes. Na verdade, consumimos o que os colonizadores trouxeram. No mundo todo, os pratos são diferentes, mas as plantas, as matérias-primas, são as mesmas”, diz Ranieri.
Por desconhecimento ou falta de interesse econômico, explica, excluímos grande parte das espécies, várias delas descobertas por comunidades rurais ou indígenas. Há muito preconceito e resistência, acredita o gestor ambiental, na hora de escapar do convencional quando o assunto é comida. “No México, um prato muito versátil é a salada de cacto. No Brasil, o cacto é considerado inferior. Ele é saboroso, nutritivo, rico em cálcio, mas tratado como um alimento de subsistência.”
Comentários
Postar um comentário