Os Anti Cartões Postais de Alice Brill na Bahia.


Morreu em Itu,( 29 de junho de 2013) foi fotógrafa, pintora e crítica de arte naturalizada no Brasil e com atuação na cidade de São Paulo.

Após uma temporada nos Estados Unidos com uma bolsa de estudos, onde aprendeu o ofício da fotografia, Alice volta ao Brasil em 1948, e logo surge a oportunidade de acompanhar a comitiva da Fundação Brasil Central em uma inspeção de obras pelo Centro-Oeste do país, o que seria um excelente início para sua carreira fotográfica. No entanto, apenas algumas de suas imagens foram publicadas na revista Habitat, na qual passou a colaborar regularmente com imagens de arquitetura, retratos de artistas e reproduções de obras. Alice também trabalhou como fotógrafa para o MASP e para o MAM-SP, registrando obras de arte e exposições. 

Adentrando o extenso e um tanto disperso conjunto fotográfico de Alice Brill – são mais de 14 mil negativos pertencentes ao acervo do Instituto Moreira Salles desde 2000 – percebe-se uma dimensão que, apesar de ainda pouco conhecida, se faz presente em toda a trajetória da artista. São as impressões de um mundo isento de eufemismos, avessas à idealização de um sonho eufórico de progresso que Alice nunca conseguiria publicar.

Com um olhar humanizado e despretensioso, mas não ingênuo, Alice desviou sua câmera para um cotidiano sem disfarces, ultrapassando as ideias clichês dos álbuns da Editora Melhoramentos.

A partir dessa outra face de Alice, seria possível criar uma espécie de álbum de anticartões-postais, repleto de imagens reveladoras dos paradoxos e das contradições de um país chamado Brasil. Imagens de paisagens por cujas bordas e ruínas a fotógrafa perambulou, apontando personagens que parecem viver desencaixados de qualquer sonho eufórico daquele progresso desmedido.



Sobre Memória, Comida e Racismo

Porque quando falamos sobre memória do povo negro, estamos criando rachas estruturais no sistema racista?
Já parou pra refletir porque reafirmamos sempre, que somos um país sem memória?
A memória se constitui de fragmentos da nossa subjetividade, ou seja, dos nossos hábitos cotidianos, das pequenas coisas do nosso dia a dia.
Esse esquecimento, é uma forma de negação, está nas raízes da estrutura social de nossa gente, pois quando falamos em memória, entendemos a importância de herança, legado, de ancestralidade.
Já parou pra pensar na importância transformadora da subjetividade, construída a partir da memória, e de como são os alicerces contraditórios, estruturam esse sistema racista?
 
A comida está na base da memória sensorial do ser humano, fazendo 4 refeições por dia, ou sendo negado o direito ao acesso à uma alimentação de qualidade, é o que chamamos de Insegurança Alimentar, um eufemismo para tratar da Fome, hoje no Brasil, 20 milhões de pessoas, estão passando fome, e onde esse grande contingente, está localizado exatamente nas populações negromestiças.

Por isso, reavivar as memórias supostamente "esquecidas" pela sociedade é fundamental.
Falar em comida, memória, plantas alimentícias, e como os negros articularam suas relações a partir do alimento, seja em seu viés econômico, afetivo ou transcendente, é Rachar uma das premissas do racismo estrutural.

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