População se manifesta em apoio a campanha "Em defesa do Patrimônio Guerém: Valença-Ba tem Aldeia" mobilizada pelo Coletivo Étnico-Cultural Patrimônio Aldeia - Distrito Guerém.
O atual distrito Guerém é um território situado em meio ao bioma da Mata Atlântica baiana e se localiza entre os distritos de Maricoabo, Guaibim, Serra Grande e a sede do município de Valença-BA, se estendendo até os limites com os atuais municípios de Presidente Tancredo Neves, Teolândia, Laje, Taperoá e Jaguaripe.
Desde antes do perverso processo de colonização esse espaço originariamente vem sendo ocupado pelos povos nativos do tronco Macro-Jê (principalmente as etnias conhecidas como Botocudo: Tapuia, Aimoré, Guerém ou Gren) nos primórdios do período colonial esse território foi usurpado pela antiga Capitania de São Jorge de Ilhéus, posteriormente sendo incorporado à Bahia.
Como estratégia para estabelecer o domínio da coroa portuguesa, foi implantada por volta de 1720 a aldeia de São Fidélis do Una de Cairu, aldeamento inicialmente gerido por Capuchinhos e que foi instalado para catequizar algumas etnias colonialmente denominadas de indígenas para que se convertessem e deixassem de se autorreconhecerem como povos nativos dessas terras.
Como estratégia para estabelecer o domínio da coroa portuguesa, foi implantada por volta de 1720 a aldeia de São Fidélis do Una de Cairu, aldeamento inicialmente gerido por Capuchinhos e que foi instalado para catequizar algumas etnias colonialmente denominadas de indígenas para que se convertessem e deixassem de se autorreconhecerem como povos nativos dessas terras.
No entanto, apesar de mais ou menos três séculos terem se passado, é possível constatar que moradores locais mantém vivas muitas heranças dos nossos antepassados, os aprendizados de: caça, pesca, extrativismo, confecção de artefatos de pesca, caça e jangadas para navegação e pescaria nos rios locais, artesanato, saberes sobre a fauna e flora, ervas de cura, rezas, contação de histórias e contos passados de geração em geração. Tudo isso se soma a memória e manutenção de tradições incorporadas ao longo da catequização e colonização a exemplo das celebrações em louvor à São Fidélis e Nossa Senhora dos Remédios, onde muitos dos moradores batizaram e batizam seus filhos, se casam e mantém as relações de apadrinhamento e amadrinhamento majoritariamente entre os membros das comunidades locais.
Mesmo com toda a riqueza histórica e cultural desse território banhado pelas águas do Una Mirim, Piau, G(J)ereba, Jerebinha, Jiquiriçá, Rios do meio e do braço e etc, por onde se estende parte de uma Área de Preservação Ambiental – APA “Caminhos Ecológicos da Boa Esperança” não temos tido o apoio dos poderes públicos para a conservação: da memória biocultural, patrimônios imateriais e materiais, nesse sentido a própria população tem feito “consertos periódicos ao longo dos anos na histórica Igreja de São Fidélis”, os antigos cemitérios e a escola municipal local denominada Padre José de Anchieta (nome que ressalta o peso da catequização sobre a herança indígena no território) despertam pouca atenção dos órgãos públicos instituídos nas mais diversas esferas de governo.
Diante desse contexto é que nativos locais têm se mobilizado através de jovens universitários da terra que fazem pesquisas sobre suas origens, associações locais e moradores junto com o apoio de pesquisadores, artistas, ativistas locais, entidades indigenistas e organizações de povos indígenas para construir diversas iniciativas de mobilização social sobre a relevância da territorialidade Guerém. Ecoando o chamado dos povos desta terra, 24 de abril de 2020 foi lançada a “CARTA ABERTA PELA PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA ALDEIA DE SÃO FIDÉLIS” que contou com quase 300 assinaturas de representantes de entidades e atores sociais nacionais e internacionais. No mesmo ano – O Coletivo Étnico Cultural Patrimônio Aldeia Distrito Guerém foi criado com o objetivo de contribuir para a mobilização, o fortalecimento e salvaguarda da cultura, memória e territorialidade Guerém em Valença-BA, sendo registrado no cadastro municipal da Secretaria de Cultura de Valença.
Como frutos dessa intensa movimentação temos: Mestres da cultura Guerém com seus saberes reconhecidos a partir de projetos aprovados pelo edital municipal Prêmio Maestro Barrinha; O Coletivo juntamente com artistas visuais comprometidos com a luta teve uma proposta que concorreu e foi premiada pela Secretaria Estadual da Cultura através do Edital das Artes Jorge Portugal com o Projeto: Aldeia O Curta que desenvolveu uma série de oficinas, pesquisas bibliográficas com mais de 30 obras acadêmicas que citam a história dos Guerém e de São Fidélis como único aldeamento de Valença-BA, culminando no lançamento do curta-metragem protagonizado por sujeitos do distrito Guerém e atores sociais locais sob a direção da cineasta valenciana Violeta Martinez; A aprovação do projeto de extensão sobre a aplicação da lei 11645/08 nas Escolas do distrito Guerém em parceria com o DOCFORM/CFP/UFRB; O canal virtual “Aldeia Distrito Guerém” lançado com a transmissão on line da 1ª Prosa “Decolonizando a Aldeia” realizada em abril de 2021 marcando o mês da luta indígena no Brasil e o mês da tradicional festa de São Fidélis padroeiro da igreja implantada no período colonial.
Só chegamos até aqui porque não caminhamos só, graças aos passos dados pelos antepassados, é que decidimos romper a tentativa de silenciamento da nossa ancestralidade Guerém que pulsa nas matas, rios e nas vidas do povo desta terra. Nosso grito é por justiça, nossa luta é pela retomada e fortalecimento da identidade coletiva Guerém através do reconhecimento étnico, cultural e territorial deste povo que labuta para manter de pé a memória e conservar os patrimônios imateriais e materiais.
Convidamos a tod@s que escutem esse chamado que brota do coração da aldeia pulsando no chão do distrito Guerém se esparramando nos rios que são as veias da nossa terra, atravessando pela cidade de Valença sob o nome de Rio Una e deságua no Oceano Atlântico se juntando a várias outras águas que contam as histórias de tantos outros povos do mundo que sofrem com as mazelas da opressão colonial que há séculos escravizam corpos, territórios e vidas que resistem com luta e fé.
O intuito desse movimento é para que possamos apoiar a conservação dos patrimônios materiais e imateriais do território: A igreja, a lagoa, rios, os bens da Mata Atlântica, a APA, a agricultura, às escolas para que cumpram a lei contando a trajetória do distrito e tantos outros passos para fortalecer as tradições locais, mantendo a história, memória, identidade e territorialidade Guerém.
Campanha: #EmDefesaDoPatrimônioGuerém#
Contato: patrimonioaldeia@gmail.com
Mesmo com toda a riqueza histórica e cultural desse território banhado pelas águas do Una Mirim, Piau, G(J)ereba, Jerebinha, Jiquiriçá, Rios do meio e do braço e etc, por onde se estende parte de uma Área de Preservação Ambiental – APA “Caminhos Ecológicos da Boa Esperança” não temos tido o apoio dos poderes públicos para a conservação: da memória biocultural, patrimônios imateriais e materiais, nesse sentido a própria população tem feito “consertos periódicos ao longo dos anos na histórica Igreja de São Fidélis”, os antigos cemitérios e a escola municipal local denominada Padre José de Anchieta (nome que ressalta o peso da catequização sobre a herança indígena no território) despertam pouca atenção dos órgãos públicos instituídos nas mais diversas esferas de governo.
Diante desse contexto é que nativos locais têm se mobilizado através de jovens universitários da terra que fazem pesquisas sobre suas origens, associações locais e moradores junto com o apoio de pesquisadores, artistas, ativistas locais, entidades indigenistas e organizações de povos indígenas para construir diversas iniciativas de mobilização social sobre a relevância da territorialidade Guerém. Ecoando o chamado dos povos desta terra, 24 de abril de 2020 foi lançada a “CARTA ABERTA PELA PRESERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO DA ALDEIA DE SÃO FIDÉLIS” que contou com quase 300 assinaturas de representantes de entidades e atores sociais nacionais e internacionais. No mesmo ano – O Coletivo Étnico Cultural Patrimônio Aldeia Distrito Guerém foi criado com o objetivo de contribuir para a mobilização, o fortalecimento e salvaguarda da cultura, memória e territorialidade Guerém em Valença-BA, sendo registrado no cadastro municipal da Secretaria de Cultura de Valença.
Como frutos dessa intensa movimentação temos: Mestres da cultura Guerém com seus saberes reconhecidos a partir de projetos aprovados pelo edital municipal Prêmio Maestro Barrinha; O Coletivo juntamente com artistas visuais comprometidos com a luta teve uma proposta que concorreu e foi premiada pela Secretaria Estadual da Cultura através do Edital das Artes Jorge Portugal com o Projeto: Aldeia O Curta que desenvolveu uma série de oficinas, pesquisas bibliográficas com mais de 30 obras acadêmicas que citam a história dos Guerém e de São Fidélis como único aldeamento de Valença-BA, culminando no lançamento do curta-metragem protagonizado por sujeitos do distrito Guerém e atores sociais locais sob a direção da cineasta valenciana Violeta Martinez; A aprovação do projeto de extensão sobre a aplicação da lei 11645/08 nas Escolas do distrito Guerém em parceria com o DOCFORM/CFP/UFRB; O canal virtual “Aldeia Distrito Guerém” lançado com a transmissão on line da 1ª Prosa “Decolonizando a Aldeia” realizada em abril de 2021 marcando o mês da luta indígena no Brasil e o mês da tradicional festa de São Fidélis padroeiro da igreja implantada no período colonial.
Só chegamos até aqui porque não caminhamos só, graças aos passos dados pelos antepassados, é que decidimos romper a tentativa de silenciamento da nossa ancestralidade Guerém que pulsa nas matas, rios e nas vidas do povo desta terra. Nosso grito é por justiça, nossa luta é pela retomada e fortalecimento da identidade coletiva Guerém através do reconhecimento étnico, cultural e territorial deste povo que labuta para manter de pé a memória e conservar os patrimônios imateriais e materiais.
Convidamos a tod@s que escutem esse chamado que brota do coração da aldeia pulsando no chão do distrito Guerém se esparramando nos rios que são as veias da nossa terra, atravessando pela cidade de Valença sob o nome de Rio Una e deságua no Oceano Atlântico se juntando a várias outras águas que contam as histórias de tantos outros povos do mundo que sofrem com as mazelas da opressão colonial que há séculos escravizam corpos, territórios e vidas que resistem com luta e fé.
O intuito desse movimento é para que possamos apoiar a conservação dos patrimônios materiais e imateriais do território: A igreja, a lagoa, rios, os bens da Mata Atlântica, a APA, a agricultura, às escolas para que cumpram a lei contando a trajetória do distrito e tantos outros passos para fortalecer as tradições locais, mantendo a história, memória, identidade e territorialidade Guerém.
Campanha: #EmDefesaDoPatrimônioGuerém#
Contato: patrimonioaldeia@gmail.com
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