POR QUE O FEIJÃO ESTA SUMINDO DO PRATO DOS BRASILEIROS
Arroz e feijão são insubstituíveis, mas falta comunicação
"O grande desafio, no entanto, é comunicar essa qualidade ao consumidor"
Leonardo Gottems
O Brasil tem apresentado uma redução tanto no cultivo quanto no consumo de feijão nos últimos anos.
Produção: Entre as safras de 1976/77 e 2020/21, a área plantada de feijão diminuiu 35%, passando de 4,9 milhões para 2,9 milhões de hectares. Apesar dos avanços tecnológicos que aumentaram a produtividade em 113% nesse período, a produção total cresceu apenas 30%, não acompanhando o crescimento populacional.
Consumo: Estudos indicam que o consumo regular de feijão pelos brasileiros tem diminuído. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) prevê que, mantendo-se a tendência atual, a maioria da população deixará de consumir feijão de forma regular (5 a 7 vezes por semana) até 2025. Fatores como mudanças culturais, aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e elevação dos preços contribuem para essa redução.
Essa diminuição no consumo de feijão pode ter implicações na saúde pública, uma vez que o alimento é rico em proteínas, fibras e minerais essenciais. A redução em seu consumo está associada a um aumento nas chances de sobrepeso e obesidade.
Portanto, tanto a produção quanto o consumo de feijão estão em declínio no Brasil, o que pode acarretar consequências econômicas e de saúde para a população.
Para Sergio Cardoso, Diretor de operações na Itaobi Representações, práticas como o uso de "sabor artificial" no lugar de ingredientes reais e o aumento de açúcares e gorduras em produtos industrializados têm gerado um mercado com menor qualidade e confiança.
Isso se reflete em alimentos como chocolates e outros produtos ultraprocessados, que muitas vezes mascaram a baixa qualidade com aditivos. Entretanto, o setor de arroz e feijão se mantém fiel à qualidade, sem recorrer a essas práticas. O arroz continua sendo arroz, e o feijão continua sendo feijão, preservando suas propriedades nutricionais e sensoriais. O grande desafio, no entanto, é comunicar essa qualidade ao consumidor, em um mercado saturado de produtos processados.
“No entanto, o setor de arroz e feijão permanece como uma exceção a essa tendência, mantendo seus padrões de qualidade sem recorrer a substituições que comprometam a autenticidade dos produtos. O arroz continua sendo arroz, e o feijão continua sendo feijão, sem artifícios ou alterações que prejudiquem o valor nutricional e sensorial”, comenta.
Para destacar esses diferenciais, é essencial investir em educação do consumidor, transparência, rastreabilidade, e engajamento nas redes sociais. Mostrar o processo de produção e valorizar a tradição cultural do arroz e feijão no Brasil são maneiras de reforçar o valor dos produtos genuínos, sem aditivos ou alterações que comprometam sua essência.
“Enquanto outros setores enfrentam problemas de credibilidade devido a práticas duvidosas, o arroz e o feijão se destacam por sua integridade. O desafio agora é transformar essa qualidade em um diferencial percebido e valorizado pelo consumidor”, conclui.
Qual a importância de promover o feijão neste sentido? E qual o papel da agricultura familiar nessa promoção?
Promover o consumo e a produção de feijão no Brasil é fundamental por razões nutricionais, culturais, econômicas e ambientais:
Importância de Promover o Feijão
Nutrição e Saúde:
•O feijão é uma fonte acessível de proteínas, fibras, ferro, cálcio e vitaminas do complexo B.
•Combate a anemia, especialmente em populações de baixa renda.
•Reduz os riscos de doenças crônicas, como diabetes e obesidade.
•É uma base da dieta tradicional brasileira, como no prato de arroz com feijão, que oferece uma combinação completa de aminoácidos.
Cultura Alimentar:
•O feijão é um alimento central na cultura brasileira, presente em diversos pratos regionais.
•Promovê-lo é também preservar a identidade alimentar do país.
Economia:
•Incentivar a produção local reduz a dependência de alimentos importados.
•Mantém o mercado interno aquecido, beneficiando pequenos produtores e gerando empregos no campo.
Sustentabilidade:
•O feijão é uma leguminosa que fixa nitrogênio no solo, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos e promovendo a saúde do solo.
•Cultivá-lo em rotação de culturas melhora a biodiversidade agrícola e reduz impactos ambientais.
O Papel da Agricultura Familiar
Produção do Feijão no Brasil:
A agricultura familiar é responsável por cerca de 70% da produção nacional de feijão.
Pequenos agricultores garantem a diversidade de variedades, adaptadas a diferentes regiões e climas.
Promoção do Consumo Local:
Por estar próxima das comunidades, a agricultura familiar pode fornecer feijão fresco e a preços mais acessíveis.
Também promove feijões de qualidade superior e menos processados, preservando valores nutricionais.
Valorização da Economia Local:
Compras de feijão oriundas de pequenos produtores fortalecem a economia regional e ajudam a reduzir desigualdades no campo.
Iniciativas de Sustentabilidade:
Muitos agricultores familiares adotam práticas agroecológicas, que beneficiam o meio ambiente e os consumidores.
Feiras livres e mercados locais são ferramentas para aumentar o consumo do feijão.
Como Promover o Feijão?
•Educação Alimentar: Campanhas que ensinem sobre os benefícios do feijão e receitas práticas para incorporá-lo na dieta.
•Políticas Públicas: Apoio financeiro à agricultura familiar, subsídios e programas de compra pública de alimentos, como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos).
•Incentivo ao Consumo Escolar: Introdução do feijão nas merendas escolares, garantindo o acesso desde a infância.
•Fomento à Pesquisa: Investimentos em variedades mais resistentes a pragas e mudanças climáticas, melhorando a produtividade.
•Promover o feijão, com o apoio da agricultura familiar, é um caminho essencial para melhorar a saúde da população, fortalecer a economia local e preservar a cultura alimentar brasileira.
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