A TRADIÇÃO CULINÁRIA NA TUNÍSIA PODE TER MAIS DE 7.000 ANOS

A descoberta revela a profundidade histórica das tradições culinárias tunisianas e destaca como técnicas aparentemente simples — como coleta e preparo de caracóis — perpetuaram-se por milênios. Além disso, ilustra o uso sustentável de recursos naturais já na pré-história.

A Tunísia tem uma rica tradição culinária que remonta a mais de 7.000 anos, influenciada por diversas culturas e civilizações ao longo do tempo.

São as evidências mais aantigs do consumo humano de caracóis com epifragmas encontrados no norte da África.

Phys.org relata que 41 conchas de caracóis cozidas com epifragmas foram encontradas entre mais de 35.000 conchas de Sphincterochila candidissima em um rammadiyet de 7.700 anos, ou monte de conchas, no sítio de Kef Ezzahi, no norte da Tunísia. Ismail Saafi, da Universidade de Aix-Marseille, explicou que alguns caracóis terrestres formam um epifragma, uma membrana temporária que sela a concha, para proteger contra a perda de água quando o clima esquenta. Ele acrescentou que as 41 conchas cozidas são a evidência mais antiga do consumo humano de caracóis com epifragmas encontrados no norte da África. Para entender a prática culinária, Saafi estudou uma população moderna que coleta Cantareus apertus , um caracol que também produz um epifragma, no norte da Tunísia. Ele viu que famílias e grupos coletavam caracóis com base em seu tamanho e sabor, e só os colhiam no verão, quando eles cavavam e criavam um epifragma. Os caracóis vivos eram então colocados em um recipiente com cinzas ou serragem para preservar o epifragma até a hora de consumi-los. Os caracóis que perdiam seus epifragmas eram descartados. “A descoberta confirma a antiguidade e a continuidade de certas práticas ligadas às tradições culinárias e culturais na exploração de caracóis terrestres, como a extração dos corpos dos moluscos após a concha ter sido perfurada”, disse Saafi. “Esses dados nos dão uma melhor compreensão do status dos caracóis terrestres entre populações antigas e contemporâneas”, concluiu. Para ler sobre o efeito da conquista romana do Norte da África em uma cidade antiga na atual Tunísia, vá para " Oliveopolis ".


https://archaeology.org/news/2024/10/10/culinary-tradition-in-tunisia-may-be-more-than-7000-years-old/


Tradução para Português (tradução já apresentada no texto original, mas aqui organizada em tópicos):

Contexto Arqueológico:

Local: Kef Ezzahi, norte da Tunísia.  

Sítio: Um rammadiyet (monte de conchas) com 7.700 anos.  

Achados: 41 conchas de *Sphincterochila candidissima* com epifragmas (membranas protetoras) e sinais de cozimento, entre mais de 35.000 conchas.  

Importância do Epifragma:

Função Biológica: Membrana temporária criada pelos caracóis para evitar desidratação em climas quentes.  

Indício de Coleta Intencional:

A presença de epifragmas indica que os caracóis foram coletados no verão (período de dormência), garantindo qualidade. Os sem epifragma eram descartados.

Práticas Antigas vs. Modernas:

Estudo Comparativo: Ismail Saafi (Universidade de Aix-Marseille) relacionou os achados ao consumo atual de *Cantareus apertus* na Tunísia.  

Coleta Moderna:

- Seleção por tamanho e sabor.  

- Preservação em cinzas/serragem para manter o epifragma até o consumo.  

    - Extração do corpo do caracol perfurando a concha — técnica também identificada nos fósseis.

Cultura e Continuidade:

Tradição Milenar: As práticas atuais refletem técnicas ancestrais, mostrando continuidade cultural de mais de 7.000 anos.  

Recurso Alimentar Sustentável:

Os caracóis eram explorados de forma sistemática, integrando conhecimentos ecológicos e culinários.  

Relevância Científica:

Evidência Mais Antiga: Primeiro registro de consumo humano de caracóis com epifragmas no norte da África.  

Abordagem Interdisciplinar: Combinação de arqueologia e etnografia reforça a conexão entre práticas antigas e contemporâneas.  

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