MESTRAS DOS SABERES E A CULINÁRIA ANCESTRAL
Durante a Jornada comunitária realizada no último domingo, uma participante enfrentou dificuldades físicas devido à exaustão. A pessoa que começou muito cedo a apresentar sinais de fadiga extrema, imediatamente, os membros da cozinha Mary, Cleuza, Nice e Rosana, notaram sua situação e a acolhetam, se mobilizaram para ajudá-la.
Enquanto alguns lhe ofereceram água e chá, palavras de incentivo, outros garantiram que ela fosse levada para um local de descanso.
Esse ato de solidariedade ressaltou a união e o espírito de apoio que marcaram o evento, lembrando a todos que, mais do que competir, estar presente para o outro é o maior prêmio, é a certificação do valor das Mestras do Saber, a força da Culinária Ancestral.
A valorização das Mestras dos Saberes é honrar a história, o território e os povos que criaram e mantiveram essas práticas vivas. Elas não apenas alimentam corpos, mas também a alma e a memória de toda uma cultura.
Cada culinária transmite uma história única, um estilo de vida, valores e crenças. O patrimônio cultural de uma comunidade, nesse sentido, não é apenas constituído de monumentos e objetos representativos de uma cultura tradicional, mas também de expressões, conhecimentos e manifestações sociais, tais como as práticas alimentares.
“Os mestres e mestras são os guardiões da nossa cultura e do saber popular, representando um patrimônio vivo da diversidade cultural do Brasil. Reconhecer esses saberes é mais do que um ato de valorização, é um compromisso com a reparação histórica e o fortalecimento da nossa identidade. Preservar esses conhecimentos é garantir que a história do Brasil seja contada por aqueles que sempre a mantiveram viva”-deputada Dandara Tonantzin.
A Unesco, identificando a importância desse patrimônio, implementou, por meio da Convenção para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial (“Convenção de 2003”), diversas medidas de salvaguarda - tais como a identificação, documentação, preservação, promoção e valorização do patrimônio cultural imaterial (“PCI”) -, estabelecendo, ainda, dois tipos de listas de bens intangíveis:
(i) a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, que ajuda a evidenciar e a salvaguardar a diversidade desse patrimônio e a sensibilizar para a sua importância,
(ii) a Lista do Patrimônio Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente, que visa a cooperação internacional e prestar assistência, em caráter de urgência, às partes interessadas, para que tomem as medidas adequadas de preservação do referido patrimônio.
A valorização das Mestras dos Saberes na culinária ancestral é de extrema importância porque elas são guardiãs de práticas, conhecimentos e técnicas que carregam a memória, a identidade e a cultura de seus territórios. Elas representam a ponte entre o passado e o presente, preservando tradições que muitas vezes são transmitidas de geração em geração por meio da cultura oral. Esse legado vai muito além do simples ato de cozinhar: ele envolve histórias, rituais, respeito à natureza, e conexão com os ciclos da vida.
Importância e Significado no Território
•Identidade Cultural: As Mestras ajudam a manter vivas as tradições culinárias específicas de um povo ou região, garantindo que a identidade cultural não se perca ao longo do tempo.
•Resistência e Soberania Alimentar: Por meio de seus saberes, elas promovem o uso de ingredientes locais, muitas vezes cultivados de forma sustentável, o que reforça a autonomia alimentar e a conexão com o território.
•Valorizar o Local Sobre o Global: Em um mundo globalizado, onde práticas industriais dominam, elas resgatam e valorizam modos de produção e preparo que respeitam a terra e os saberes tradicionais.
Ascensão das Mestras no Trato com o Alimento
A ascensão dessas figuras representa o reconhecimento de que a culinária não é apenas uma atividade prática, mas um ato político, cultural e espiritual. Elas promovem uma visão mais holística do alimento:
•Cura e Bem-Estar: Alimentos preparados com técnicas ancestrais muitas vezes têm propriedades medicinais e simbólicas que reforçam o bem-estar físico e emocional.
•Conexão com os Ciclos Naturais: Através de práticas como a colheita em períodos específicos e o uso integral dos alimentos, elas nos ensinam a respeitar o tempo da natureza.
•Valorização do Papel Feminino: A ascensão das Mestras também é um ato de empoderamento feminino, já que muitas delas resistem em contextos sociais onde suas contribuições eram invisibilizadas.
O Poder da Cultura Oral
A cultura oral é um dos pilares desse processo, pois:
•Transmissão de Conhecimento: As histórias, canções, ditados e rituais transmitidos verbalmente são formas vivas de guardar e compartilhar saberes.
•Adaptação e Inovação: Apesar de basear-se na tradição, a oralidade permite adaptações ao contexto atual sem perder a essência ancestral.
•Memória Coletiva: A oralidade fortalece os laços comunitários, já que os conhecimentos compartilhados não pertencem a um indivíduo, mas à coletividade.
As Mestras dos Saberes se assemelham às três irmãs, à técnica de cultivo é uma prática ancestral utilizada pelos povos indígenas das Américas para otimizar o crescimento de três culturas básicas: milho, feijão e abóbora.
@elcocineroloko
📣 Conheça nossas páginas:
Facebook: @elcocineroloko
Instagram: @charoth10
Comentários
Postar um comentário