PESQUISADORES DA UFRJ CRIAM PROJETO EM QUE ALGAS CULTIVADAS RESULTAM EM BIOPLÁSTICO E PURIFICAM ÁGUA

Em parceria com o Parque Tecnológico, a iniciativa promete fazer a diferença na redução da emissão de gases e como alternativa para recipientes plásticos

#Inovaê

Por Maria Rita Nader


Algas viram bioplástico, diminuem o gás carbônico e limpam a água. Reprodução: Anita do Vale/ Equipe do projeto

A busca por uma sociedade mais sustentável é uma necessidade contemporânea, e o uso e descarte de materiais plásticos é um dos temas que merecem atenção. Com o intuito de atender a essa demanda, o Instituto de Química (IQ) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolve pesquisas e projetos de extensão que buscam oferecer à sociedade os benefícios gerados pela produção de pesquisas acadêmicas.

Um desses projetos é o Desenvolvimento e Produção de Bioplástico a partir de macro e microalgas em sistema de cultivo sustentável, liderado pela bióloga Anita do Vale. Nele, algas cultivadas artificialmente na Baía de Guanabara e efluentes – resíduos líquidos ou gasosos resultantes de processos produtivos industriais que são descartados no meio ambiente – de cervejaria são transformadas em bioplástico. Os resultados desse processo é o auxílio na purificação da água e na redução de plásticos convencionais

Essa iniciativa é apoiada pelo programa Projetos Especiais do Parque Tecnológico da UFRJ, que é parceiro de diversas iniciativas alinhadas aos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). O programa visa dar atenção a projetos institucionais que promovam pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I). 

Segundo Danielle Páscoa, coordenadora do programa, o apoio a iniciativas como essa reforça o papel da Universidade como referência em inovação e pesquisa: “A UFRJ se mantém como um agente ativo na transformação sustentável, com impacto em áreas como economia, meio ambiente e bem-estar socioambiental para a sociedade”. 

Sustentabilidade e bioeconomia circular


No processo de desenvolvimento da pesquisa, as microalgas, aquelas que só podem ser observadas com o auxílio de microscópio, tratam os resíduos das indústrias. Já as macroalgas, possíveis de serem vistas a olho nu, tratam os sistemas aquáticos com níveis altos de nutrientes que atrapalham na sobrevivência dos peixes. Por meio da fotossíntese, as algas fixam o gás carbônico, o que gera uma biomassa sem os compostos que diminuem o oxigênio da água. 


Assim, essa biomassa resulta em bioplástico solúvel que não é acumulado no ambiente: “Em três dias a macroalga absorve o aspecto amarelado da Baía de Guanabara e a água fica com um aspecto de água potável”, ressalta Anita. A pesquisadora destaca que esse bioplástico tem o tempo de vida de 72 horas, enquanto o plástico convencional, como as embalagens de canudos, precisa de 400 anos para se decompor. Assim, o projeto reduz os plásticos e o CO2, resolvendo a eutrofização (os nutrientes em excesso nas águas).

As grandes empresas ainda têm o mercado consolidado no plástico convencional, o que dificulta o investimento em pesquisas voltadas para a economia circular, como a reciclagem e reutilização de produtos. 

Perspectivas futuras 

A pesquisa Impacto das Medidas de Controle da Pandemia de Covid-19 na Geração de Resíduos Plásticos, desenvolvida por Ana Claudia Costa Abrantes, do IQ, identificou que no ano de 2020 houve um crescimento de 2,4% na produção de transformados plásticos – produtos obtidos a partir da transformação de resíduos de plástico em novos materiais – em relação a 2019. Foram descartados 13,35 milhões de toneladas de plástico; desses, apenas 8,98% foram reciclados. Por isso, a necessidade de grande escala de aplicação e expansão do projeto sustentável é importante, devido ao alto nível de plástico produzido.

Para a líder do projeto, Anita do Vale, é possível trocar os tanques do laboratório pela Baía de Guanabara. Um talão de microalga tem 2 mil miligramas e precisa de apenas 3 miligramas para fazer um plástico. Isso demonstra a viabilidade de a pesquisa ser  colocada em prática.

As próximas metas do estudo, em 2025,  são entender a demanda da sociedade pela troca do plástico convencional pelo uso único do bioplástico e aplicar a pesquisa fora da limitação dos tanques. “Não adianta a gente produzir se ninguém comprar esse plástico. Tem que vir de fora para dentro para a gente conseguir dar match nos dois lados e  avançar na sociedade”, aponta a pesquisadora. 

Fonte UFRJ 


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