Laudelina de Campos Melo o “terror das patroas”

Ela fundou a primeira associação de trabalhadores domésticos do país, lutando pela regulamentação da profissão e pela garantia de direitos trabalhistas.

No início do século XX, o serviço doméstico era mencionado nas leis sanitárias e policiais somente com o intuito de proteger a sociedade contra a categoria, “percebida” explicitamente como ameaça em potencial às famílias empregadoras

Pesa, ainda, sobre a categoria o passado escravista e que não abria mão de usufruir os serviços do povo pobre, negro e trabalhador, sem pagar o preço justo por eles

Laudelina queria mudar essa história, ansiava por justiça social, respeito, valorização do seu trabalho, pelo fim das desigualdades e da escassez de direitos e o primeiro passo, primordial para ela, era o despertar de uma consciência coletiva de raça e classe.


É com esta potência no pensar que nasce a primeira Associação de Empregadas Domésticas do Brasil, no ano de 1936, em Santos. 

Na pauta de reivindicações, auxílio às trabalhadoras e a seus familiares, inclusão da categoria na CLT, a Consolidação das Leis de Trabalho, que reunia todas as normas que regulam as relações de trabalho entre o empregador e os empregados, direitos e deveres de ambas as partes.

Além de sua atuação sindical, durante a Ditadura Vargas, Laudelina integrou, como voluntária, o Primeiro Batalhão Militar de Santos, mandado para a Itália na Segunda Grande Guerra (1939-1945). 

No campo de batalha, ela socorreu as tropas, cuidava da  alimentação dos combatentes.

Em meados dos 1950, ela se torna empreendedora: monta uma pensão em Campinas e vende salgados em campos de futebol.


Na década de 1960 ela chegou a ser presa devido a sua representação na luta por direito das domésticas. A prisão dura pouco. A consequência maior é a sua destituição da  diretoria da Associação que criou. Mulheres brancas, patroas, assumem o comando da entidade que, logo, é fechada.

Passada pouco mais de uma década, a entidade é reaberta por sua fundadora que segue, nos anos 1970, na luta por reconhecimento, formalização e respeito pela atividade das empregadas domésticas..

Ela morre em  22 de maio de 1991. 

Na sua história,  69 anos de ativismo negro, sindical, feminista e 28 anos de trabalho doméstico remunerado. 

Laudelina representa um divisor de águas na vida de toda uma geração, embora não tenha vivido para ver aprovada a Lei Complementar nº 150, de junho de 2015, que regulamenta os Direitos dos Empregados Domésticos e os iguala aos demais trabalhadores e trabalhadoras.


Fonte: História da Esquerda

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