TAMBOR DE MINA: A MAÇONARIA NEGRA BRASILEIRA

CASA DAS MINAS DE SÃO LUÍS DO MARANHÃO

A Casa Grande das Minas ou Casa das Minas Jêje, situada no Centro Histórico de São Luís do Maranhão - mais precisamente na rua São Pantaleão, n. 857 - está, desde 2005, entre os terreiros tombados como patrimônios culturais brasileiros pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Assim como a Casa de Nagô, também antiga na cidade, a Casa das Minas ostenta em seu nome a marca da proveniência do grupo que a criou: eram negros minas ou minas-jêje. Mina ou Minas é termo que se refere aos escravizados vindos da região da antiga Costa do Ouro (atual Gana e mais amplamente toda a região do golfo de Benim na África Ocidental). Arthur Ramos (1947: 10) atribuiu essa denominação ao Forte de Elmina ou de São Jorge da Mina, datado do século XV, que se tornara o principal empório de escravos da região sob os portugueses

A Casa de Nagô é uma casa de Tambor de Mina localizada na Rua Cândido Ribeiro (também chamada de Rua das Crioulas), no centro histórico de São Luís, no estado do Maranhão, no Brasil. 

Dedica-se ao culto dos orixás nagôs, como Logunedé, Afrekete, Yewá, Obaluaiyê, Nanã Burukú, Ogum, Xangô, Iemanjá, Orixalá e Iansã e das entidades (espíritos de europeus, chamados de Gentis e de indígenas nativos do Brasil, chamados de caboclos) como Dom Luís, o Rei de França, Dom João, Dom Floriano, Dom Sebastião, Seu Zezinho de Amaramadã, Rei da Turquia, Seu Ricardino, Seu Caboclo Velho, Princesa do Ouro, Seu Guerreiro, Dona Mariana, Seu Légua Boji e Seu João da Mata, foi fundada à época do Brasil Império, por malungos africanos, com o auxílio da fundadora da Casa das Minas, e influenciou os demais terreiros de São Luís.



A nomenclatura Tambor de Mina é a mais assertiva para as religiões afro-brasileiras que se desenvolveram nos estados do Pará, Amazonas e Maranhão. A composição dessa nomenclatura combina tambor que é um instrumento de grande importância nos rituais do culto junto com mina que era a forma como os escravos que vinham da costa leste do Castelo de São Jorge da Mina (atualmente República de Gana) eram conhecidos na região.

No tambor de mina são cultuados voduns e orixás (entidades africanas), gentis (com nomes de nobres portugueses) e caboclos (entidades surgidas nos terreiros brasileiros). 

O rito consiste em uma sequência de cânticos e danças, ofertadas às entidades espirituais homenageadas em cada festa.

Iniciação completa.

Nagô e Jeje – Os Dois Tipos de Tambor de Mina

São dois os tipos de Tambor de Mina do Maranhão: Mina Nagô e Mina Jeje. A derivação Mina Jeje é a mais antiga que se estabeleceu tendo como base o terreiro mais antigo do Maranhão em torno da Casa Grande das Minas Jeje que teve sua fundação no ano de 1840. Já o outro terreiro é quase da mesma época e é o da Casa de Nagô que fica a quase uma quadra do primeiro.

Conhecendo Melhor as Casas de Culto do Maranhão

Casa das Minas

Também conhecida como Querebentã de Toy Zomadonu teve sua fundação no século XIX, de acordo com os registros históricos por Nã Agotimé que pertencia a família real de Abomey, ela era casada com o rei Agonglô. Trazida ao Brasil como escrava passou a ser chamada de Maria Jesuína. O foco dessa casa é o culto jeje dos voduns.

Contudo, esses rituais de iniciação do Tambor de Mina são discretos de maneira que não se faz alarde dos mesmos. Eles acontecem em terreiros para somente algumas pessoas. Nessa religião são poucos os que recebem os graus mais elevados ou a chamada iniciação completa.

Nagô e Jeje – Os Dois Tipos de Tambor de Mina

São dois os tipos de Tambor de Mina do Maranhão: Mina Nagô e Mina Jeje. A derivação Mina Jeje é a mais antiga que se estabeleceu tendo como base o terreiro mais antigo do Maranhão em torno da Casa Grande das Minas Jeje que teve sua fundação no ano de 1840. Já o outro terreiro é quase da mesma época e é o da Casa de Nagô que fica a quase uma quadra do primeiro.

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Casa das Minas

Também conhecida como Querebentã de Toy Zomadonu teve sua fundação no século XIX, de acordo com os registros históricos por Nã Agotimé que pertencia a família real de Abomey, ela era casada com o rei Agonglô. Trazida ao Brasil como escrava passou a ser chamada de Maria Jesuína. O foco dessa casa é o culto jeje dos voduns.

O Nagon Abioton é dedicado ao orixá Xangô, e compreendia a parte dos fundos de duas casas modestas mantidas por uma irmandade religiosa. O terreiro passou por períodos de grave crise financeira, foi fechado e reaberto, foi vendido e readquirido pela mesma irmandade, porém dessa última vez, a reaquisição correspondeu somente a uma das casas, que é onde funciona até hoje.

Possuindo hierarquia matriarcal, umas de suas mais importantes vodúnsis foi a Mãe Dudu, por quem era conhecida Victorina Tobias Santos (1886-1988), filha de Iemanjá e que muito contribuiu para o seu tombamento. Hoje, apesar do descaso cultural e do número bem reduzido de brincantes, das quais, mulheres de avançada idade, estas esmeram-se por manter o calendário tradicional da casa e a realizar a duros esforços as principais festas do ano, onde são recebidas entidades africanas e caboclas de origem européia ou nativa, dentre essas festas, podemos citar: 20 de janeiro – São Sebastião (Obaluaiyê); 04 de dezembro – Santa Bárbara (Iansã); 08 de dezembro – Nossa Senhora da Conceição (Iemanjá), a Quarta Feira de Cinzas e a festa do Divino Espírito Santo, essas com data móvel.

Matriarcado do Tambor de Mina

Algo interessante de observar na religião Tambor de Mina é que cerca de 90% dos participantes são mulheres. Devido a isso alguns especialistas se referem a religião como sendo um matriarcado uma vez que as mulheres são responsáveis pelo comando. Uma das principais funções dos homens nessa religião é tocar tambores que são os chamados abatás o que faz com que sejam chamados de abatazeiros.

Também cabe aos participantes homens realizar atividades como matar animais e fazer alguns tipos de transporte. Existem casas de tambor de mina que são dirigidas por homens e que dessa forma contam com mais participantes homens até mesmo nas rodas de dança.

No Maranhão o termo encantado é usado nos terreiros de mina, tanto nos fundados por africanos quanto nos mais novos e sincréticos, e nos salões de curadores ou pajés. Refere-se a uma categoria de seres espirituais recebidos em transe mediúnico, que não podem ser observados diretamente ou que se acredita poderem ser vistos, ouvidos ou sentidos em sonho, ou em vigília por pessoas dotadas de vidência, mediunidade ou de percepção extra-sensorial, como alguns preferem denominar. São voduns, gentis (nobres) caboclos e índios que moram em encantarias africanas ou brasileiras e que incorporam em filhos-de-santo. Apesar de totalmente invisíveis para a maioria das pessoas, os encantados tomam- se “visíveis” quando os médiuns em quem incorporam manifestam alterações de consciência e assumem outra identidade, a de um determinado encantado, o que geralmente ocorre durante a realização de rituais. Esses encantados apresentam-se geralmente à comunidade religiosa como alguém que teve vida terrena há muitos anos e desapareceu misteriosamente, tornando-se invisível, ou como seres que nunca tiveram matéria, mas podem também se comunicar com as pessoas incorporando em médiuns. Os encantados não são considerados espíritos de mortos, como os “eguns” do candomblé e os espíritos que se comunicam com as pessoas em centros espíritas e em seções de mesa branca, nem mesmo quando se acredita que tiveram vida terrena. Pertencem a outra categoria de seres espirituais43.


Os encantados da mina são freqüentemente comparados aos “anjos de guarda” entidades muito conhecidas no catolicismo popular. São protetores dos homens dotados de poderes especiais que estão “abaixo de Deus e dos santos” (mártires e outros), mas, ao contrário dos anjos de guarda, podem castigar severamente seus protegidos, como narrado em casos registrados por nós no livro “Maranhão Encantado: encantaria maranhense e outras histórias” (FERRETTI, M. 2000, p.97). Afirma-se em São Luís que os encantados nunca levam propriamente as pessoas ao mal, embora possam levá-las a certos comportamentos desaprovados socialmente, pois, segundo a mitologia, muitos são alcoólatras, violentos, irreverentes como os da família de Légua Boji – entidade controvertida que para uns é um caboclo, filho adotivo ou afilhado de Dom Pedro Angassu (classificado como vodum ou gentil – nobre associado a orixá), para outros é um vodum cambinda e há quem afirme que ele é o poderoso Légba da cultura daomeana (jeje), que corresponde ao Exu da cultura ioruba (nagô). Em alguns terreiros da capital maranhense, as entidades espirituais não africanas ou caboclas mais antigas são denominadas·”vodunsos”, como ocorre no Terreiro Fé em Deus, de Mãe Elzita, onde Caboclo Velho, entidade por ela recebida, também conhecida por Sapequara, o que atesta a influencia da Casa das Minas – terreiro jeje fundado na primeira metade do século XIX – em outros terreiros. Mas, de modo geral as entidades da mitologia indígena brasileiras como o Curupira, ou da mitologia cabocla, como a Mãe d´Água, não são denominadas “voduns”. Afirma-se que, no passado, essas entidades brasileiras não eram conhecidas em terreiros de mina de São Luís. Eram recebidas por pajés e curadores e só entraram quando estes, fugindo de perseguições policiais, pois o curandeirismo era e ainda é crime contra a saúde pública no Código Penal Brasileiro, passaram a abrir terreiros de mina.



Confira fotos de Márcio Vasconcelos 

https://www.marciovasconcelos.com.br/tereco/

@elcocineroloko

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