Cancioninski: o lado musical do poeta e escritor Paulo Leminski (1944-1989)
Conheça o lado compositor de Paulo Leminski, que virou best-seller após o lançamento de sua poesia completa.
Por Toninho Vaz
Em foto de 1976, o autor curitibano Paulo Leminski, que acumulava papéis com anotações durante as noitadas nos bares. Mais tarde, diante de sua Remington, criava poemas e letras de música
Quem, desprovido de qualquer talento musical ou de uma voz afinada, não se lamentou algum dia pela falta dessas qualidades? E, como consequência de tais limitações, não se viu obrigado a abandonar pretensões de se tornar um astro pop? Muitos dentre nós, certamente, mas não Paulo Leminski (1944-1989).
O poeta curitibano, neto de poloneses que migraram para o Brasil no fim do século 19, saía da adolescência nos anos 1960, quando o sonho da maioria dos jovens ligados em música, aqueles que deixavam o cabelo crescer e mascavam chicletes, era estar no programa Jovem Guarda, da TV Record ou no palco de Woodstock, embalando garotas com mensagens de paz e amor.
Com Leminski não seria diferente. Este biógrafo estava próximo da cena curitibana na época e, como tal, sugere a hipótese nada absurda de que, cansado de ser plateia, ele deu asas à sua imensa vaidade e resolveu ser músico. Ainda que fosse desafinado e não tocasse com propriedade o violão, único instrumento em que se arriscou, o poeta é autor de cerca de 80 canções, muitas criadas em parceria e algumas escritas para estrelas da música brasileira – como Sempre Ângela, com Moraes Moreira e Fred Góes, para Ângela Maria.
Em 2013, Leminski tem alcançado o reconhecimento de que não desfrutou enquanto vivia. Toda Poesia, lançado em 2013, atingiu a tiragem de 80 mil exemplares logo na primeira edição, e, espanto insistente registrado pela imprensa e nas redes sociais, figurou nas listas de best-sellers. Em agosto do mesmo ano, cerca de 10 mil documentos do poeta – entre reportagens, cartas, vídeos e fotografias – foram disponibilizados para escolas e bibliotecas do país todo, resultado de um trabalho de digitalização de seu acervo que tem à frente uma de suas filhas, Áurea. Ao mesmo tempo, Estrela, a caçula, preparou um álbum duplo com canções do pai, que foi lançado no começo de 2014, e um songbook, que antecipou o boom da febre dos audiobooks e podcasts em 2024.
escafrando
Proteja, amor
até o último susPiro [pausa rápida para respirar] este fôlego
naufragado em tantos beijos e Proteja sobretudo
o aqualung que eu te dei ele é nossa garantia
de oxigênio até o fim…
um escafandro dá Pra dois
e se tua mãe quiser morar, eu deixo faço a minha exigência:
vá dormir quando eu te beijo… Proteja, amor…
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